Endesa substituiu Nuno Ribeiro da Silva pela idade, não por declarações “mal interpretadas”

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2023

Grupo espanhol explica que substituiu Nuno Ribeiro da Silva por idade, e não por declarações "mal interpretadas" que tiveram "um bocadinho" de impacto no número de clientes da elétrica no país.

A Endesa garantiu esta sexta-feira que substituiu Nuno Ribeiro da Silva à frente da empresa em Portugal devido à idade e não a declarações “mal interpretadas” que tiveram “um bocadinho” de impacto no número de clientes da elétrica no país.

“É verdade que teve uma manifestação que eu diria que foi mal interpretada”, mas “estava já planeada a sua substituição pela idade antes” dessas declarações, afirmou o presidente executivo da Endesa, José Bogas, em resposta a questões da agência Lusa numa conferência de imprensa em Madrid para apresentar os resultados da empresa energética espanhola em 2022.

José Bogas admitiu que “talvez tenha havido um bocadinho” de impacto no número de clientes da Endesa em Portugal “no primeiro mês” após as declarações de Nuno Ribeiro da Silva sobre o efeito nas faturas de alguns consumidores portugueses do designado mecanismo ibérico para controlar os preços da luz.

O presidente executivo da Endesa assegurou que, no entanto, a polémica destas declarações, “que não foram felizes”, acabaram por ter mais impacto em Espanha do que em Portugal, sem dar mais detalhes.

A Endesa substituiu Nuno Ribeiro da Silva, de 68 anos, como diretor-geral da empresa em Portugal por Guillermo Soler Calero, em janeiro passado.

Em agosto do ano passado, numa entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, Nuno Ribeiro da Silva estimou que consumidores portugueses teriam aumentos de 40% nas faturas da luz nos meses seguintes, “uma desagradável surpresa”, por causa da aplicação do “mecanismo ibérico” acordado por Portugal e Espanha com a Comissão Europeia, que colocou um máximo ao preço do gás comprado pelas empresas para produzir eletricidade.

Estas declarações levaram a intervenções públicas do Governo, incluindo do primeiro-ministro, que as rejeitaram e consideraram “alarmistas”.

O primeiro-ministro determinou mesmo que os serviços do Estado não poderiam pagar faturas da Endesa sem validação prévia pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, na altura, João Galamba.

A Endesa acabou por garantir, numa comunicação escrita aos clientes em Portugal, que não iria aumentar os preços no mercado residencial em 2022.

O presidente executivo da Endesa sublinhou esta sexta-feira que Nuno Ribeiro da Silva “fez um trabalho extraordinário em Portugal”.

“Estamos-lhe muito agradecidos. Mas a todos chega o momento de dar lugar a outras pessoas, não há mais nada por trás disso”, afirmou José Bogas, embora admitindo que as declarações de Nuno Ribeiro da Silva “não foram felizes”.

José Bogas defendeu que Nuno Ribeiro da Silva “tentou expressar as diferenças” sobre a aplicação do mecanismo ibérico em Portugal e Espanha, que prevê que as empresas sejam compensadas pela diferença entre o preço assim definido para comprarem gás para produzir eletricidade e o valor real no mercado grossista.

O valor dessa compensação é dividido por consumidores finais que tenham determinadas tarifas, sendo que aplicação do mecanismo não foi similar em Portugal e Espanha, com universos de afetados muito diferentes.

Penso que não foram felizes as suas declarações, mas penso que mais do que uma crítica a alguma coisa, procuravam mostrar este tipo de coisas que é preciso harmonizar e talvez não o tenha feito no momento correto“, afirmou esta sexta-feira José Bogas, referindo-se a Nuno Ribeiro da Silva.

José Bogas sublinhou por diversas vezes, na conferência de imprensa, que considera positivo o mecanismo ibérico, com vantagens provadas de poupança para os consumidores e no controlo de preços da eletricidade desde que foi adotado, em meados de junho do ano passado, num contexto de instabilidade e volatibilidade dos preços da energia.

O presidente executivo da Endesa defendeu que o mecanismo deve ser prolongado para além de maio de 2023, como pedem os governos de Portugal e Espanha, se e enquanto se mantiver o cenário de instabilidade e volatibilidade dos preços.

José Bogas defendeu que, porém, o mecanismo deveria ser harmonizado e estendido a toda a Europa, para evitar que, por exemplo, consumidores espanhóis estejam a suportar produção de energia a preços mais vantajosos que está a ser exportada para França, para benefício dos consumidores franceses, que não têm este encargo.

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