Os quatro pilares do novo espaço de trabalho

  • Mafalda Samwell Diniz
  • 28 Fevereiro 2023

A forma como as corporações lidam com as mudanças de cariz organizativo colocam-nas num dilema: como se caracteriza realmente o novo paradigma no qual se movem?

Entre os temas que concentram maior atenção encontra-se o desafio de utilizar e maximizar os escritórios. Até há não muito tempo, a ideia de trabalho remoto era para muitos uma excentricidade, adotada por algumas tecnológicas. Atualmente, assiste-se a uma roda-viva de acontecimentos e estados de alma. Desde notícias que dão conta do fim da história do trabalho em espaço de escritório, até às dúvidas levantadas quanto à viabilidade de trabalhar a partir de casa com real produtividade.

Provavelmente, estas perceções mostram-se manifestamente exageradas.

Agora que a poeira assentou, percebe-se que o mundo realmente mudou. Algo que já era notório há três anos, fruto de um desenvolvimento digital que criou condições para uma miríade de inovações tecnológicas. Mas as novas tendências não podem descurar o contacto interpessoal, sob risco de se tornarem num antagonista social. O Ser Humano necessita de interagir in loco, trocar ideias e impressões, criar laços – a pessoas e a organizações.

Para que tal faça realmente sentido, urge, no caso das empresas, encontrar soluções para as expectativas de cada um. Nesse sentido, começam a ser adotadas novas formas de encarar os escritórios, e, com isso, de encontrar modelos que mobilizem e motivem as pessoas a assumir um novo posicionamento, tendencialmente híbrido.

E como? Muitos mencionam que os novos espaços de trabalho são avaliados em torno de três pilares, os denominados 3C’s. Irei mais longe, até aos 4C’s.

Ao pensar no novo espaço destinado a receber as suas equipas, os responsáveis empresariais têm que considerar, desde logo, a capacidade de criar estímulos à Colaboração entre colegas. Depois de tanto tempo onde o afastamento foi incentivado, urge agora redimensionar esta perceção do outro. É também um papel das estruturas saber fazê-lo, sem criar limitações. Com isto, emerge a adoção de espaços Comunitários, que agreguem as equipas, sem se cingirem estritamente ao daily basis laboral. Ou seja, são locais onde se pretende desenvolver o espírito de equipa, a aproximação entre pares, ou entre chefias e as suas equipas. Será uma espécie de “velha conversa junto à máquina de café”, mas mais sofisticada e estruturada.

O terceiro C é o da Concentração. Neste caso, o mote é muito simples: como encontrar no espaço de trabalho a tranquilidade e privacidade de que desfruta quando em casa? Assim, o que se verifica é uma crescente preocupação das organizações em encontrar as melhores soluções à medida, desde a disponibilização de gabinetes com acústica específica, ao design, mobiliário ou soluções tecnológicas que facilitem o foco total nas respetivas funções.

Ora, se estes são os três pilares mais relevantes para um espaço de trabalho, poderemos incluir um quarto C, o de Cultura, com derivação para a perspetiva corporativa.

E esta é uma premissa cuja relevância é primordial, por agregar os anteriores conceitos e redimensionar um vasto número de perceções. Com a ascensão do trabalho por via remota, aumenta, também, o risco de afastamento dos colaboradores das companhias, dos seus colegas, do bulício do dia-a-dia que, naturalmente, se verifica no trabalho presencial. Para que o regresso à presença física não crie entropias limitativas do bem-estar individual e inerente sucesso coletivo, as empresas procuram encontrar formas de mitigar potenciais constrangimentos, e como isso promover o “amor à camisola” e redefinir o conceito de equipa.

É, pois, crucial criar dinâmicas no interior das organizações, que aproximem pessoas, aspeto por demais decisivo, isto, quando a mentalidade das novas gerações de profissionais tem na vontade de assumir constantes desafios uma das suas principais características. Os espaços de trabalhos já não são apenas locais asséticos, onde colegas trabalham diariamente. Hoje, é fundamental conseguir criar um espírito colaborativo, atrair clientes e parceiros no sentido de desenvolver networking, promover uma perceção de individualidade, onde cada um não é apenas mais um indivíduo na engrenagem, antes uma pessoa relevante para a estrutura, ambos em constante mutação.

  • Mafalda Samwell Diniz
  • Head of Marketing & Communication da MALEO

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