TAP: Pires de Lima quer ser ouvido rapidamente para inverter narrativa criada
O antigo ministro da Economia faz um "apelo" aos deputados para marcarem a sua audição e a de Sérgio Monteiro "antes de tirarem conclusões precipitadas" e que, garante, "estão erradas".
O antigo ministro da Economia António Pires de Lima apelou esta sexta-feira, em declarações à Lusa, para que os deputados marquem rapidamente a sua audição sobre a privatização da TAP, de forma a inverter a narrativa que está a ser criada. Questionado pela Lusa sobre o que tem sido noticiado sobre a TAP, no âmbito do seu processo de privatização, em 2015, o antigo ministro do governo PSD/CDS manifestou-se “completamente perplexo”.
“Confesso que gostaria, é esse o apelo que eu faço, de poder ir à comissão [parlamentar] rapidamente para inverter a narrativa que está a ser criada através da comunicação social por estes deputados que têm falado e que têm escrito artigos inflamados relativamente a factos que não conhecem”, sublinhou o antigo governante.
António Pires de Lima recordou que, quando foi convidado pela comissão parlamentar de Economia e pelo líder parlamentar do Partido Socialista para ir àquela comissão, acedeu ao convite “com gosto para poder esclarecer os deputados” das suas “responsabilidades políticas e das decisões que foram tomadas” de imediato. Ou seja, “foi um ato imediato da minha parte disponibilizar-me para ir à comissão”, referiu.
Aliás, “falei com o presidente da comissão e pedi-lhe que esta audição fosse feita com a maior brevidade possível”, relatou. E, portanto, “para mim é um espanto ver os deputados que pediram para ser esclarecidos (…) por motivos que só eles podem entender estarem a fazer o juízo daquilo que se passou, de uma forma definitiva, sem ouvirem as pessoas que eles próprios convidaram para ir à comissão, e propagando uma narrativa que está completamente inquinada, errónea, para dizer o mínimo e sendo simpático para aquilo que eu ouvi nestes últimos dias”, prosseguiu o antigo ministro da Economia.
Por isso, “gostaria de fazer um apelo” aos deputados para “marcarem a audição minha e do doutor Sérgio Monteiro na comissão de Economia (…) e esperarem por aquilo que nós temos para dizer e os factos que temos para demonstrar, antes de tirarem conclusões precipitadas e, que eu posso garantir, que estão erradas”, reforçou Pires de Lima.
O antigo governante escusou-se a qualificar o que tem sido dito, mas considerou “extraordinário” e manifestou-se “perplexo que os mesmos deputados” que o convidaram e ao ex-secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Sérgio Monteiro, “porque precisavam de ser esclarecidos”, antes das audições, “estejam a tirar as conclusões de uma forma errónea sobre aquilo que se passou na privatização e, nomeadamente, a compra na frota de aviões”.
E questionou: “Por que é que não esperam para ouvir as pessoas que convidaram antes de emitirem opiniões definitivas e criticarem e condenarem as pessoas que eles próprios convidaram sem as ouvir”.
Na quinta-feira, o PS acusou o antigo governo PSD/CDS de ser cúmplice com o facto de a compra da TAP ter sido feita com recursos da própria companhia aérea, defendendo que esta “não foi privatizada, foi oferecida” a David Neelman (antigo acionista da companhia).
Após a reunião semanal da bancada, o líder parlamentar socialista, Eurico Brilhante Dias, anunciou que o partido vai entregar um requerimento a pedir ao Ministério das Infraestruturas o contrato e a forma como foi celebrado “entre o governo PSD/CDS e a entidade que era então liderada pelo empresário do setor aeronáutico David Neelman”.
“Sabe-se hoje que o governo PSD/CDS sabia da operação e, sabendo da operação, foi cúmplice, conivente, com o facto de a capitalização da TAP ter sido feita com recursos próprios”, acusou o líder da bancada do PS. Em causa está a notícia avançada pelo ECO de que a aquisição da TAP em 2015 terá sido concretizada pelo ex-acionista David Neeleman com dinheiro da própria companhia aérea.
No XIX Governo, António Pires de Lima foi ministro da Economia entre 2013 e 2015, enquanto Sérgio Monteiro foi secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações entre junho de 2011 e outubro de 2015, lidando com dossiês como as privatizações da TAP, da ANA e dos CTT.
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