Dijsselbloem: Nenhum ministro apelou a demissão no Eurogrupo
O presidente do Eurogrupo afirma que o assunto da demissão não foi falado na reunião. À entrada, Mourinho Félix disse a Dijsselbloem que as suas declarações tinham sido "chocantes".
Nenhum ministro pediu a demissão de Jeroen Dijsselbloem na reunião de hoje do Eurogrupo, onde estava presente o secretário de Estado adjunto e das Finanças Mourinho Félix, segundo disse o presidente do grupo na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro.
Questionado por uma jornalista da SIC, Dijsselbloem voltou a lamentar que as suas palavras a um jornal alemão, que levaram o primeiro-ministro António Costa a exigir a sua demissão, tivessem sido mal interpretadas. “Eu próprio abordei o assunto no princípio da reunião, e disse aos ministros o que já tinha dito aos deputados europeus: que lamento que a minha escolha de palavras tenha ofendido e perturbado as pessoas”, reconheceu.
"Ninguém pediu a minha demissão, não foi mencionado na reunião, por isso vou continuar a fazer o meu trabalho.”
O presidente do Eurogrupo terá apelado também à união entre os países da zona euro. “Depois disso, nenhum ministro se pronunciou, pelo que podemos interpretar que aprovaram a minha declaração sobre o tema. Ninguém pediu a minha demissão, não foi mencionado na reunião, por isso vou continuar a fazer o meu trabalho“.
Mourinho Félix, que substituiu o ministro das Finanças Mário Centeno na reunião que tem lugar esta sexta-feira em Malta, confrontou Jeroen Dijsselbloem à entrada para o encontro. Mourinho Félix aproveitou o aperto de mão com Dijsselbloem para lhe exigir um pedido de desculpas pelas suas declarações: “Foi profundamente chocante aquilo que disse dos países que estiveram sob resgate, e gostaríamos que pedisse desculpas perante os ministros e a imprensa”. Dijsselbloem não se deixou ficar: “Eu vou dizer alguma coisa sobre isso, mas a reação de Portugal também foi chocante”, captado pelas câmaras da RTP. “Não lhe vou exigir um pedido de desculpas, mas vou dizer alguma coisa”.
No final da conferência de imprensa sobre a reunião do Eurogrupo, Mourinho Félix reconheceu que ninguém se pronunciara sobre o pedido de desculpas de Jeroen Dijsselbloem que abriu a reunião. A posição de Portugal, no entanto, mantém-se, disse aos jornalistas da RTP, ou seja, que o presidente do Eurogrupo está a dividir a zona euro e que “é preciso alguém” com outra abordagem. Mourinho Félix evitou, no entanto, mencionar o termo “demissão”.
A saída de Dijsselbloem pode estar para breve, mas não através de uma demissão. O ministro das Finanças holandês pode estar de saída desse cargo visto que o seu partido sofreu uma grande derrota nas legislativas holandesas, mantendo-se, entretanto, como ministro interino enquanto se forma uma coligação, não sendo certo que o seu partido faça parte dela. Se deixar de ser ministro das Finanças, Dijsselbloem poderia, em teoria, continuar no cargo até ao fim do seu mandato, em janeiro de 2018 — como o ECO explicou na véspera da eleição, não existem regras concretas para a escolha do presidente deste grupo informal, que não tem estatutos.
Questionado por um jornalista sobre se não seria “mais responsável” procurar um substituto antes do verão, quando haverá muitas discussões sobre a questão grega, Dijsselbloem respondeu: “É uma questão em aberto”, mas acrescentou que não haverá nenhum período em que o assento fique vazio.
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