Exclusivo Fim dos vistos gold põe em risco 425 milhões de investimento da Mercan em Portugal
Canadianos com 27 projetos hoteleiros no país dizem que fim dos vistos gold pode resultar ainda na perda de 565 novos empregos diretos e avisam que investidores podem pedir indemnizações em tribunal.
O fim dos vistos gold em Portugal põe em risco 425 milhões de euros do investimento da Mercan Properties no país, que tem previsto abrir três hotéis nos próximos meses em Évora e no Porto. Ao ECO, esta que é uma das maiores promotoras de imobiliário no segmento da hotelaria em território nacional – faz parte do grupo canadiano Mercan – diz que com o fim do regime da Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), conhecido como vistos gold, a partir de 16 de fevereiro, ao “impacto estimado” que ascende a “425 milhões de euros envolvidos em oito projetos”, soma-se ainda “a perda de criação de 565 postos de trabalho diretos e 690 indiretos”, salienta Miguel Gomes, Construction & Development General Manager.
A Mercan Properties, que entrou em Portugal em 2015, diz ainda ao ECO que tem 27 projetos hoteleiros no país, em diferentes fases de desenvolvimento e em várias localizações, como Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Amarante, Lisboa, Beja, Santiago do Cacém, Évora e, no Algarve, em Lagos, Portimão e Faro. Destes projetos, cinco empreendimentos estão já em pleno funcionamento.
No total, o investimento da MercanProperties no setor da hotelaria ascende a 1,1 mil milhões de euros, estando previsto subir para 1,4 mil milhões até ao final de 2023. Através da promotora já investiram no país 2.500 investidores estrangeiros via regime de vistos gold, dos quais 1.200 fizeram-no no ano passado.
Apesar de ser “sensível” à crise da habitação e de reconhecer “intenções positivas” por parte do Governo no pacote legislativo, que está em consulta pública, Miguel Gomes considera que a maioria das medidas propostas “serão inadequadas, ineficazes ou até impraticáveis”. E algumas, alerta, serão até “contraproducentes”, como diz ser o caso do fim dos vistos gold.
Recusando o impacto dos vistos gold na subida dos preços da habitação, o diretor geral da Mercan Properties alerta ainda que “as consequências do fim do regime serão enormes”. Podem resultar numa “transferência de investimentos para outros países com características semelhantes a Portugal”, dando o exemplo de Espanha, e podem provocar “um travão ao desenvolvimento económico e à reabilitação urbana do país”. Miguel Gomes estima que a extinção dos ARI possa resultar em perdas imediatas, no global e apenas no segmento de hotelaria, “na ordem dos 600 milhões de euros, devido à suspensão de investimentos em curso”.
Desde o anúncio do Governo gerou-se uma “desconfiança” dos investidores no país. A Mercan Properties diz ao ECO que tem recebido notas de preocupação de “milhares” de investidores e que podem resultar num “acréscimo de litigância nos tribunais”, a reclamar indemnizações ao Estado. As medidas propostas estão em consulta pública até 24 de março e serão aprovadas em Conselho de Ministros a dia 30 do mesmo mês.
Entre os vários projetos da Mercan Properties em Portugal está a reabilitação de dois hotéis em Lagos com um investimento de 107,8 milhões de euros e que vão ser explorados pela empresa AHM, Ace Hospitality Management, com a marca Hilton. As novas unidades hoteleiras, o antigo Lagos Marina Hotel que passa a Curio Collection by Hilton e o Garden Inn Lagos, vão abrir portas no verão de 2024.
Outro dos investimentos previstos é a construção de um hotel em Santo André, no concelho de Santiago do Cacém, para onde vão ser canalizados 18,2 milhões de euros e que também vai ser inaugurado no verão de 2024.
Com sede no Canadá, o Grupo Mercan conta com mais de 30 anos de experiência nas áreas da consultadoria de investimentos. Além de marcar presença em Portugal, tem também atividade nos Estados Unidos, nos Emirados Árabes Unidos, na China e em vários pontos do Sudoeste Asiático.
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