Associação de bancos vê situação “sem paralelo” em Portugal, após colapso nos EUA
"O sistema bancário europeu está sujeito à supervisão do Banco Central Europeu (BCE), tem regras mais rígidas [do que as dos EUA], está muito mais robusto", diz APB.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) disse esta segunda-feira que a situação que levou ao colapso de dois bancos norte-americanos nos últimos dias “não tem paralelo no funcionamento do sistema bancário português”, pelo que não é “extrapolável”.
Em declarações à Lusa, questionada sobre o eventual impacto para o sistema financeiro português, fonte oficial da APB afirmou que “a situação que levou ao colapso dos bancos americanos não tem paralelo no funcionamento do sistema bancário português, não sendo por isso extrapolável para o mesmo”.
O Silicon Valley Bank (SVB) anunciou falência na sexta-feira e o Signature Bank também encerrou posteriormente. Com sede em Santa Clara, na Califórnia, o Silicon Valley Bank era especializado no setor tecnológico e fazia negócios principalmente com empresas emergentes.
Também o ministro das Finanças, Fernando Medina, garantiu esta tarde em Bruxelas que o sistema bancário europeu não é comparável aos dos EUA, sendo “mais robusto” e com “regras mais apertadas”, comentando a falência do Silicon Valley Bank (SVB).
“O sistema bancário europeu está sujeito à supervisão do Banco Central Europeu (BCE), tem regras mais rígidas [do que as dos EUA], está muito mais robusto, a supervisão e a regulação tiveram uma mudança grande nestes anos pós crise financeira [de 2013]”, disse Medina em declarações à entrada da reunião dos ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo).
Uma posição partilhada pelo presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, que afirmou que “não há exposição direta” do sistema bancário europeu à falência do Silicon Valley Bank (SVB), mas acrescentou que o colapso do banco californiano é “um lembrete” para a necessidade de garantir a resiliência dos bancos.
Pouco antes da abertura do mercado americano, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os “americanos podem confiar na solidez do sistema bancário”.
No domingo, as autoridades norte-americanas anunciaram que iriam garantir a retirada de todos os depósitos do banco californiano falido e disseram que vão também permitir o acesso a todos os depósitos de outro estabelecimento, o Signature Bank, que foi encerrado pelo regulador.
Além disso, a Reserva Federal (Fed) – banco central norte-americano – comprometeu-se a emprestar os fundos necessários a outros bancos para que possam responder aos levantamentos dos seus clientes. A perspetiva de a Fed desacelerar o ritmo de subida das taxas de juro depois das dificuldades sentidas em alguns bancos anima os investidores.
Londres anunciou, por seu lado, que a sucursal britânica do SVB tinha sido vendida ao gigante bancário britânico HSBC, por uma libra simbólica. “Os clientes do SVB do Reino Unido podem aceder aos seus depósitos e serviços bancários normalmente a partir de hoje”, afirmou o Tesouro britânico.
A situação do SVB ilustra as perturbações de todo o sistema bancário norte-americano face ao endurecimento da política monetária seguido pela Fed, já que a subida das taxas de juro nos Estados Unidos tem levado os clientes a colocarem o seu dinheiro em produtos financeiros que garantem melhor rendimento do que as contas correntes, secando uma fonte crucial para o setor das novas tecnologias.
Essa vaga de levantamentos bancários colocou grandes dificuldades a três bancos na semana passada: o SVB, o Signature Bank, mas também o Silvergate Bank, um banco mais pequeno e conhecido por ter ligações privilegiadas com o meio das criptomoedas.
As autoridades norte-americanas tentam agora encontrar um comprador para o SVB o mais rapidamente possível.
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