Tripulantes portugueses da easyJet vão fazer greve no fim de semana antes da Páscoa
O protesto é agendado pelo SNPVAC e em causa estão os aumentos salariais para os tripulantes de cabine portugueses da companhia low cost britânica, que prevê perturbações em Lisboa, Faro e Porto.
Os tripulantes de cabine da easyJet entregaram esta sexta-feira um pré-aviso de greve para os dias 1, 2 e 3 de abril, o fim de semana que antecede a Páscoa.
O protesto é agendado pelo Sindicato Nacional do Pessoal da Aviação Civil (SNPVAC) numa altura em que decorrem as negociações para o novo Acordo de Empresa e em causa estão os aumentos salariais para os cerca de 530 tripulantes portugueses da companhia low cost britânica. Os trabalhadores nacionais reclamam uma subida acima dos 10% tal como foi decidido para os tripulantes de cabine da easyJet noutros países.
Os tripulantes reclamam ainda maior antecedência na marcação de escalas, passando de 36 para 48 horas, como nas operações europeias.
“Tendo em consideração o atual momento das negociações, o impasse vivido e a postura intransigente e incompreensível por parte da easyJet, foi hoje enviado ofício à empresa, ao Ministério das Infraestruturas, Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ministério da Economia e do Mar e DGERT, comunicando um pré-aviso de greve” para os três dias.
No documento do pré-aviso de greve, os tripulantes de cabine lembram que aceitaram de forma unânime “congelar as condições de trabalho” nos últimos “três anos” e que “sempre tiveram uma postura séria de compreensão para as necessidades operacionais da empresa” tendo passado por “dificuldades financeiras” e “perdido poder de compra”.
Os tripulantes aproveitam ainda para salientar que o setor “recuperou mais rapidamente do que o expectável” e no ano passado a easyJet transportou “um número recorde de passageiros” sendo que “as bases e as rotas portuguesas estão entre as mais rentáveis na rede” da companhia low cost britânica.
O pré-aviso é entregue depois de o protesto ter sido aprovado em assembleia geral de emergência no passado dia 9 de março – com voto a favor de 277 dos 278 tripulantes associados do SNPVAC que marcaram presença – e após reuniões com os partidos políticos.
Com os 18 slots (horários de aterragem e descolagem) cedidos em 2022 pela TAP, no aeroporto de Lisboa, a companhia aumentou a capacidade da operação em Portugal e tem agora 19 aviões baseados nos aeroportos portugueses. É agora a segunda maior companhia no aeroporto de Lisboa. Emprega mais de 750 funcionários, dos quais cerca de 530 são tripulantes e 330 são associados do SNPVAC, liderado por Ricardo Penarroias.
Companhia assume perturbações em Lisboa, Porto e Faro
Depois de notificada pelo sindicato com o pré-aviso de greve, a easyJet lembra que vão ser decretados serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral, mas assume que haverá perturbações na operação durante o período da greve nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro.
Numa nota da empresa, a que o ECO teve acesso, lamenta a decisão dos tripulantes de cabine e diz estar empenhada “de forma construtiva” para que se chegue a “um acordo sustentável”. “Estamos desapontados com esta ação, sobretudo tendo em conta o significativo investimento que fizemos no país nos últimos anos, que criou centenas de novos postos de trabalho em Portugal”, diz a transportadora low cost.
A easyJet reitera que “leva muito a sério as suas responsabilidades como empregador” e que os contratos de trabalho assinados com os tripulantes de cabine são “ao abrigo de contratos locais, em conformidade com a legislação local relevante, não sendo possível comparar termos e condições entre diferentes jurisdições”.
A companhia voa para Portugal desde 2012 e caso esta greve avance será a primeira em Portugal. Em 2017, o SNPVAC entregou um pré-aviso de greve para três dias, de 27 a 29 de Maio, que iria abranger os tripulantes de cabine e o pessoal de terra. Mas o sindicato chegou a acordo com a companhia e o protesto foi desmarcado.
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