Presidente da Turquia anuncia ratificação da adesão da Finlândia à NATO
O Presidente turco anunciou que a Turquia vai ratificar o pedido de adesão da Finlândia à NATO, o que permitirá acelerar a adesão do país à Aliança Atlântica e em separado da Suécia.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou esta sexta-feira que a Turquia vai ratificar o pedido de adesão da Finlândia à NATO, o que permitirá acelerar a adesão do país à Aliança Atlântica e em separado da Suécia. O anúncio ocorreu na sequência de uma visita do Presidente finlandês, Sauli Niinisto, a Ancara, onde se reuniu com Erdogan.
A Finlândia e a Suécia solicitaram há dez meses a adesão à NATO na sequência da invasão russa da Ucrânia, abandonando décadas de não-alinhamento. A Turquia e a Hungria são os dois únicos membros da Aliança Atlântica que ainda não ratificaram a adesão de Estocolmo e de Helsínquia, que implica uma aprovação por unanimidade.
Ancara indicou, em várias ocasiões, que não se opõe à entrada da Finlândia na Aliança, mas impõe entraves à Suécia, acusando o país, entre outros aspetos, de não extraditar indivíduos acusados de pertencerem a organizações curdas declaradas pelas autoridades turcas como grupos terroristas.
Stoltenberg saúda aval da Turquia à adesão da Finlândia à NATO e espera pela Suécia
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, saudou esta sexta-feira a decisão da Turquia de avançar com a ratificação da adesão da Finlândia à Aliança Atlântica, esperando que a Suécia também tenha ‘luz verde’ em breve.
“Saúdo a decisão hoje tomada pela Turquia de avançar com a ratificação da adesão da Finlândia à NATO. Isto reforçará a segurança da Finlândia, reforçará a segurança da Suécia e reforçará a segurança da NATO”, afirmou numa declaração em Bruxelas o secretário-geral da organização, que espera que a Assembleia Nacional turca vote a ratificação “o mais rapidamente possível”.
Stoltenberg relativizou o facto de, ao contrário do inicialmente previsto, Finlândia e Suécia não aderirem ao mesmo tempo – dado Estocolmo não ter conseguido ainda superar as objeções colocadas por Ancara -, afirmando que “o mais importante é que tanto a Finlândia como a Suécia se tornem rapidamente membros de pleno direito da NATO, e não que adiram ou não exatamente ao mesmo tempo”.
O secretário-geral realçou também a relação de proximidade que a Suécia já tem com a Aliança e o que tal significa em termos da sua segurança, reiterando que a os aliados responderiam em caso de um ataque contra o país, mesmo que este ainda não seja membro de pleno direito da organização.
“A decisão do ano passado de convidar tanto a Finlândia como a Suécia reforçou fundamentalmente a sua relação com a NATO. Como consequência, a sua segurança é muito reforçada. Estão sentados à volta da mesa da NATO, integrando-se nas nossas estruturas políticas e militares, e a realizar mais exercícios com os Aliados”, disse.
Stoltenberg também lembrou que “ambos os países receberam garantias de segurança bilaterais de muitos países da NATO, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, e França”, pelo que “é inconcebível que a NATO não responda caso a Finlândia ou a Suécia sejam atacadas”.
Esta semana, o primeiro-ministro sueco já reconhecera que a probabilidade de a Finlândia entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte antes da Suécia era grande, principalmente face às objeções da Turquia à adesão de Estocolmo. “A probabilidade de a adesão acontecer em ritmos diferentes é alta”, afirmou o conservador Ulf Kristersson em conferência de imprensa hoje realizada.
Os dois países nórdicos são candidatos à NATO desde há um ano, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, e ainda esperam tornar-se membros da organização até à próxima cimeira da NATO, marcada para julho em Vilnius, Lituânia.
No entanto, embora o caminho de Helsínquia se mostre aberto e desimpedido, a adesão de Estocolmo tem contado com a resistência da Turquia (cada Estado tem poder de veto), que critica a Suécia por, entre outros aspetos, não extraditar indivíduos acusados de pertencerem a organizações curdas declaradas pelas autoridades turcas como grupos terroristas.
A posição agravou-se depois de se ter registado um incidente diplomático em janeiro, quando um extremista queimou o Alcorão, o livro sagrado do Islão, em Estocolmo, provocando a suspensão das negociações durante várias semanas.
A Hungria e a Turquia são os únicos membros da Aliança Atlântica que ainda não ratificaram a entrada dos dois países nórdicos, mas, no caso de Budapeste, a razão é apresentada como uma questão de solidariedade para com a Turquia. Ainda assim, o parlamento húngaro começou a examinar a questão no início deste mês, com o apoio do Governo do primeiro-ministro, Viktor Orbán, sendo que a NATO espera que daí advenha uma “decisão rápida”.
As perspetivas em relação a uma mudança de posição da Turquia são muito mais incertas, já que o Presidente cessante, Recep Tayyip Erdogan, no poder há 20 anos, vai concorrer a um novo mandato nas eleições de 14 de maio. A esperança da Suécia é que o caminho para a NATO se abra após as eleições na Turquia, onde a oposição apresenta um candidato único contra Erdogan.
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