Centeno diz que é preciso impedir que incerteza chegue à banca
Com uma taxa de inflação "muito má" é preciso conter que os últimos eventos na banca estrangeira se alastrem à banca portuguesa.
O governador do Banco de Portugal salienta que “é muito desejável” que a incerteza da evolução da taxa de inflação “possa ser reduzida” e avisa que é preciso impedir que os problemas de bancos fora da Zona Euro cheguem ao setor bancário.
Mas, durante um almoço com a Associação de Hotelaria de Portugal, Mário Centeno procurou deixar uma palavra de confiança ao frisar que o banco central está atento aos desenvolvimentos e aos riscos que se colocam aos bancos e a Portugal. “A nossa atenção continua devotada a identificar eventuais questões, quando e se elas se coloquem”, disse o governador.
Durante a intervenção, Centeno falou ainda da evolução da inflação e das taxas de juro, frisando que acima de 2% “é uma coisa má e nunca temporária”. Sobre os bancos portugueses, afirmou que, nos últimos anos, o governador de Portugal diz que reduziram o risco, com menos crédito malparado, e que estão mais “muito mais capitalizados”, salientando que dois bancos concluíram “com sucesso” os planos de reestruturação (Novobanco e Caixa Geral de Depósitos).
No entanto, avisa que qualquer problema nos mercados financeiros é um risco acrescido. “É muito importante minimizar a turbulência que se gera em torno do setor bancário da área do euro e que nos possa afetar. Todos sabemos que com as interações que os mercados têm, os riscos que enfrentam, temos de continuar a monitorizar, de estar atentos a essa dimensão”, afirmou o ex-ministro das Finanças do PS.
Desde o início da crise bancária, esta foi a primeira vez que o governador do Banco de Portugal falou em público. Depois de intensas negociações durante o fim de semana, o suíço UBS concordou, no domingo, comprar o seu rival Credit Suisse com garantias substanciais do governo em Berna e de liquidez do banco central do país (BNS).
Esta aquisição fez mergulhar as ações dos bancos esta segunda de manhã nas bolsas de valores europeias, uma vez que os investidores temem a desestabilização do sistema bancário. A operação custará aos detentores de obrigações subprime 16.000 milhões de francos suíços (16.1800 milhões de euros) porque as autoridades suíças decidiram transferir parte do encargo financeiro causado pela operação.
Já a semana passada, nos Estados Unidos, faliu o Silicon Valley Bank (SVB), tendo as autoridades garantido todos os depósitos para evitar que outros bancos de dimensão considerável pudessem ser postos em causa. A falência do SVB foi a segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos, depois do colapso da Washington Mutual em 2008. O Credit Suisse é o segundo maior banco da Suíça e no ano passado registou levantamentos de liquidez no valor de 123,2 mil milhões de francos suíços (126 mil milhões de euros).
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