Trabalhadores da TAP exigem fim dos cortes salariais

  • Ana Petronilho
  • 21 Março 2023

Em uníssono os trabalhadores de todas as áreas da companhia avisam que com os resultados anuais "não há nenhum motivo" para que a TAP continue a aplicar um corte salarial de 20%.

O novo CEO da TAP ainda não assumiu funções mas os trabalhadores de todas as áreas da companhia deixam já, em uníssono, um aviso: com lucros de 65,6 milhões de euros e com receitas recorde em 3,5 mil milhões de euros, “não há motivo nenhum” para que continuem a ser aplicados cortes de 20% aos trabalhadores da companhia.

Esta é a posição transversal dos principais sindicatos que representam os funcionários da transportadora. E caso não exista abertura da futura administração da TAP – que a partir de abril vai ser liderada por Luís Rodrigues – para que os cortes salariais deixem de ser aplicados no imediato, ao ECO os tripulantes de cabine avisam que pode estar em cima da mesa uma greve. Os pilotos admitem unir-se a iniciativas da plataforma sindical, caso exista concertação das 12 entidades que representam os trabalhadores da TAP.

Ao ECO, o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes frisa que os resultados anuais de 2022 – que marcam o regresso da companhia aos lucros ao fim de cinco anos – foram conseguidos “através de cortes na massa salarial”, com o despedimento de trabalhadores e da redução dos salários.

“Em três anos a TAP cortou 870 milhões em massa salarial”, que desceu o peso de 11,5% em 2021 para 14% em 2022, salientou ao ECO o dirigente do SPAC.

E um dia depois de o sindicato ter chegado a um pré-acordo com a companhia para um novo Acordo de Empresa, Tiago Faria Lopes frisa que com estes resultados “não há nenhum motivo para que a companhia continue a cortar 20% nos salários”, previstos até ao final de 2024, quando termina o prazo dos acordos temporários de emergência.

Também o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarroias, que representa os tripulantes de cabine diz ao ECO que em seu entender “a conta é muito simples”. Com a antecipação em dois anos dos resultados da companhia, “deixa de haver argumentos para manter os cortes salariais” até 1 de janeiro de 2025. Caso a TAP decida manter as reduções nos vencimentos “admitimos consultar os nossos associados para tomar medidas concretas”, salienta Ricardo Penarroias.

Já o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), um dos maiores do universo TAP, salienta que os resultados conseguidos pela TAP são “fruto dos cortes salariais e do aumento das cargas de trabalho” que estão a ser “violentamente impostas”. Este é “um resultado conseguido todo ele à custa do sacrifício dos trabalhadores sem olhar a meios”, frisa em comunicado o Sitava.

Desde fevereiro que a TAP aliviou de 25% para 20% o corte salarial em vigor para os trabalhadores com remunerações mensais acima de 1.520 euros (o valor corresponde a dois salários mínimos).

Apesar de olhar para os resultados como um sinal “positivo” para a empresa, Tiago Faria Lopes considera que o nível de receitas conseguidas “ainda é muito pouco” no setor da aviação. Para o dirigente sindical as receitas da TAP podem subir se houver paz social na companhia e se reduzir o “nível de insatisfação dos clientes”, que, neste momento, “é muito alto”.

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