Inflação ajudou vendas da Jerónimo Martins. “Mas não é deste crescimento que o grupo gosta”, diz Soares dos Santos
CEO da Jerónimo Martins confirma que inflação puxa pelo negócio agora, mas diz-se insatisfeito, porque vendas com preços altos "destroem sociedades e empresas" no médio prazo.
O líder da Jerónimo Martins assume que a inflação contribuiu para o aumento das vendas do grupo no ano passado. No entanto, Pedro Soares dos Santos garante não estar satisfeito com isso, devido aos problemas causados pela subida generalizada dos preços na economia e na sociedade no médio prazo.
Além disso, numa conferência de imprensa no rescaldo da apresentação dos resultados anuais, o grupo estimou que poderá ter de pagar 700 mil euros no âmbito da contribuição sobre os lucros extraordinários implementada pelo Governo, mas dá como quase certo que a vai contestar.
O grupo internacional que manda no Pingo Doce viu as vendas globais crescerem 21,5% no ano passado em comparação com o ano anterior, totalizando 25,4 mil milhões de euros. “Não posso negar que a inflação ajudou, mas não é deste crescimento que o grupo Jerónimo Martins gosta”, afirmou o presidente executivo numa conferência de imprensa esta quarta-feira.
“Estas vendas assentes em inflação só destroem as sociedades e as empresas a médio prazo. Não permitem às empresas terem crescimentos saudáveis. A inflação é o maior imposto que afeta especialmente as pessoas pobres, retira competitividade às famílias e aos consumidores”, explicou o gestor, posição que viria a repetir várias vezes aos jornalistas.
O presidente da Jerónimo Martins foi ainda mais longe, dizendo que os investidores questionam “cada vez mais” porque é que a retalhista continua a investir em Portugal. “Não há crescimento económico neste século. Estamos cada vez mais num país que está consumido pelo envelhecimento da sua população e é cada vez mais pobre”, justificou, referindo ser necessário uma razão mais económica para manter o negócio no país. Ainda assim, a intenção é manter e continuar a investir na operação.
Soares dos Santos aproveitou a conferência de imprensa para mandar recados aos políticos, relativizando o negócio em Portugal em comparação com dois outros mercados que representam a fatia de leão (80%) do negócio da Jerónimo Martins: a Polónia e a Colômbia. No ano passado, o grupo pagou 845 milhões em impostos, dos quais 679 milhões na Polónia, 148 milhões em Portugal e 18 milhões no mercado colombiano, apontou o gestor durante uma apresentação.
Ainda assim, a empresa poderá ter de pagar 700 mil euros em Portugal com a chamada contribuição sobre os lucros extraordinários, a maioria com o negócio na Madeira (que será taxado a 60% sobre os lucros, notou o grupo). Deste valor, 200 mil dizem respeito ao Pingo Doce. A administradora com o pelouro financeiro, Ana Luísa Virgínia, admitiu que a empresa “quase de certeza” que vai contestar a taxa, por considerar estar a ser penalizada depois dos prejuízos causados pela Covid-19.
(Notícia atualizada pela última vez às 13h04)
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