BCE reforça aposta em dívida verde e empresas em que investe emitem menos CO2

No portefólio de fundos próprios, isto é, aquele que ajuda a financiar os custos operacionais do BCE, o investimento em dívida verde subiu de menos de 1% em 2019 para 13% em 2022.

As emissões de gases com efeito estufa associadas a dois portefólios do Banco Central Europeu estão a aumentar em termos absolutos, dado o aumento no número de ativos comprados pelo banco, mas a intensidade carbónica dos emitentes tem decrescido, isto é, a carga de emissões apresentada pelas empresas nas quais o BCE investe através destes fundos tem decrescido, por cada milhão de euros de receita obtido pelas mesmas. Em paralelo, a fatia de dívida verde no âmbito do portefólio de fundos próprios disparou de menos de 1% para 13% em quatro anos.

A contribuir para a redução da intensidade carbónica das empresas em que o BCE investe está uma recente decisão da instituição liderada por Christine Lagarde, de investir sobretudo em emitentes com um desempenho ambiental melhor, indica o banco.

O Banco Central Europeu publicou esta quinta-feira os primeiros relatórios sobre risco climático, que dão informação sobre a pegada carbónica do banco e a respetiva exposição aos riscos climáticos. “Dão-nos uma clara visão do nosso progresso na descarbonização dos nossos portefólios”, indica a presidente do BCE, Christine Lagarde, citada numa nota divulgada pela instituição.

Tanto o Programa de Compras do Setor Corporativo (CSPP, na sigla em inglês) como o Programa de Compras Pandémico de Emergência (PEPP, também em inglês) “estão num caminho de descarbonização”, indica a mesma nota. Estes portefólios, que valem 385,2 mil milhões de euros, seguem as exigências da política monetária, e foi em 2021 que o BCE decidiu adotar um plano de ação para incorporar considerações ambientais, no sentido de gerir os riscos relacionados com as alterações climáticas.

O total de emissões subiu 62% entre 2019 e 2022, mas este crescimento ficou abaixo da subida nos títulos investidos, de 123%. Já em 2022, a instituição decidiu incorporar novas exigências relacionadas com o risco climático, e detetou uma quebra de mais de 65% na intensidade carbónica dos emitentes entre os primeiros três trimestres do ano passado e o quarto trimestre.

No portefólio de fundos próprios, isto é, aquele que ajuda a financiar os custos operacionais do BCE, o investimento em dívida verde subiu de 1% em 2019 para 13% em 2022, sendo que a maioria desta dívida é governamental, dependendo portanto dos esforços dos países da Zona Euro em reduzir as respetivas emissões. O objetivo é atingir um peso de pelo menos 15% no final deste ano, embora existam constrangimentos como a emissão destes títulos e respetiva liquidez. Um portefólio avaliado em 21,1 mil milhões de euros.

Em paralelo, as emissões do BCE caíram para menos de metade no que diz respeito aos investimentos do fundo de pensões dos seus funcionários, desde 2019.

Daqui para o frente, o banco central afirma que pretende reforçar os esforços para monitorizar a respetiva pegada carbónica, abrangendo mais portefólios, como por exemplo o programa de compra do Setor Público (PSPP). Vai ainda definir metas para estar alinhado com os objetivos definidos no Acordo de Paris.

Os bancos centrais de cada país deverão publicar as próprias conclusões ao longo desta e da próxima semana.

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