O retrato do crédito à habitação em 5 grandes números
Subida dos juros pressiona mais de um milhão de famílias com crédito da casa. Para metade, 15% do rendimento era suficiente para pagar a prestação. Mas haverá 60 mil com taxa de esforço de 50%.
O aumento abrupto das taxas de juro está a pressionar as finanças de mais de um milhão de famílias portuguesas com crédito à habitação. Umas mais do que outras. Para metade dos agregados, bastava 15,5% do rendimento disponível para fazer face à prestação mensal da casa. Porém, com as Euribor a atingir o pico apenas em agosto, a situação financeira vai apertar-se de forma mais dramática para cerca de 58 mil contratos, que verão a taxa de esforço superar os 50%, segundo o Banco de Portugal.
Este é o retrato do crédito à habitação em Portugal em cinco grandes números.
-16% de famílias endividadas
É a queda observada no número de famílias com empréstimos da casa entre 2009 e 2022. Na anterior crise financeira global, mais de 1,53 milhões de agregados familiares estavam endividados com crédito à habitação. No final do ano passado, esse número caiu para 1,28 milhões de famílias. A dívida média por agregado era de 67,7 mil euros no ano passado, com os depósitos (45 mil euros em média) a cobrirem 66% do empréstimo por pagar. Em 2009, embora a dívida média fosse mais baixa (63,2 mil euros), os depósitos cobriam 46% do crédito em dívida.
Evolução do número de empréstimos da casa
Fonte: Banco de Portugal
330 euros
É o valor da prestação média da casa por agregado no final de 2022, cerca de 8% abaixo da prestação que era paga ao banco em 2009 (360 euros). No final do ano passado, a prestação da casa representava 14% do salário médio bruto mensal do agregado (2.300 euros). No ano da grave crise financeira, a situação era mais apertada para as famílias: a prestação correspondia a 21% do salário médio que se praticava na altura (1.700 euros).
70% dos contratos com juros a terem pico em agosto
A esmagadora maioria dos contratos da casa estão associados a taxa variável. Representam cerca de 90%, totalizando os 1,1 milhões de empréstimos. São estes contratos que estão expostos às variações da Euribor, as taxas que servem de base para o cálculo da prestação. De acordo com as previsões dos mercados, as Euribor só irão atingir o pico em agosto nos prazos a três e seis meses, indexantes que são usados em 70% dos contratos. A Euribor a 12 meses já terá atingido o pico em fevereiro.
Euribor disparam
Fonte: Reuters
15,5% de taxa de esforço
Para metade das famílias “bastava” 15% do rendimento líquido de impostos e contribuições para fazer face às prestações do crédito da casa no ano passado. Mas 12,3% das famílias têm taxas de esforço superiores a 36%, a fasquia a partir da qual os bancos estão obrigados a encontrar soluções para aliviar os encargos para o devedor, ao abrigo das novas regras adotadas pelo Governo no final do ano passado. Para as famílias em que o empréstimo tem dois mutuários (71% do total dos empréstimos), a taxa de esforço reduz-se para 14%.
58 mil com taxa de esforço significativa em 2023
As Euribor ainda vão continuar a subir durante mais alguns meses e, além disso, os aumentos destas taxas ainda estão por refletir totalmente nos contratos da casa. Neste cenário, mais famílias irão sentir um aperto na sua capacidade de pagar os empréstimos ao banco este ano (e também no próximo). Até final de 2023, 335 mil contratos terão uma variação da taxa de esforço igual ou superior a cinco pontos percentuais, dos quais 58 mil enfrentarão uma taxa de esforço acima de 50% — taxa de esforço significativa em que pelo menos metade dos rendimentos são usados para pagar a prestação mensal da casa.
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