Mais de metade dos portugueses sentiu frio em casa por causa do aumento do custo da energia
Mais de 50% dos portugueses diz ter sentido frio em casa no inverno passado devido ao aumento do custo de energia. 60% diz ter-se "habituado" a sentir baixas temperaturas em casa.
A vaga de frio que se fez sentir este inverno não passou despercebida na casa de mais de metade dos portugueses. De acordo com um inquérito conduzido pelo Portal da Construção Sustentável (PCS), mais de 50% dos portugueses assume ter passado mais frio em casa este inverno, devido ao aumento do custo de energia. E a razão é simples: habituaram-se a passar frio, para não consumirem mais energia.
Os resultados divulgados esta segunda-feira revelam que a maioria dos inquiridos (89%) considera a sua casa desconfortável termicamente e apenas 11% diz habitar uma casa confortável, sendo que, para isso, necessita de gastar energia em climatização.
São 88,4% os que dizem ter tido um aumento significativo do consumo de energia para climatizar a casa e verificou-se ainda que, em todos os distritos do país, o desconforto térmico é geral. Enquanto mais de 50% dos portugueses, assume ter passado mais frio em casa este inverno, devido ao aumento do custo de energia, cerca de 60% diz-se ter habituado a passar frio em casa para não consumir mais energia, uma vez que assumem não conseguir pagar a fatura.
Perante a estimativa de que entre 1,2 e 2,3 milhões de portugueses vivem em situação de pobreza energética moderada e entre 660 e 740 mil pessoas encontram-se numa situação de pobreza energética extrema, o inquérito da PCS indica também que 64% dos portugueses sentem frio em casa, recorrem a equipamentos e a mais roupa para superar as necessidades de conforto térmico. 32% recorre só a equipamentos e 16% recorre a mais roupa e a razão pela qual recorrem a mais roupa é, na sua maioria, para pouparem dinheiro. “O que denota a pobreza energética em que o país vive”, indica o inquérito.
O inquérito surge numa altura em que o Governo admite estar a rever o programa Vale de Eficiência, um programa do Fundo Ambiental de distribuição de subsídios ao investimento dos particulares em soluções de eficiência energética, por considerar que teve uma execução baixa. Segundo a secretária de Estado da Energia e Clima Ana Gouveia, o executivo deverá alargar os apoios a três vales, ao invés de um único, “para se materializarem em intervenções que são transformadoras e impactantes”.
Segundo o inquérito do PCS, sobre as anteriores candidaturas, foram apenas 8% aqueles que se candidataram e obtiveram financiamento. Ou seja, menos do que uma família num universo de 100 famílias, fez uma candidatura e conseguiu financiamento.
Dos financiamentos atribuídos, a maioria apostou na compra de novas caixilharias, seguido de (por ordem decrescente), investimento em painéis solares fotovoltaicos, ar condicionado, bomba de calor, recuperador de calor a pallets e painéis solares térmicos. Daqueles que obtiveram financiamento, a maioria diz que o conforto térmico melhorou. Mas, em termos de materiais de construção, apenas as janelas foram tidas em consideração para melhorar o conforto térmico. “Não houve qualquer inquirido que tenha usado o financiamento para isolar a sua casa”, sublinha o inquérito, acrescentando que muitos beneficiários recorreram à aquisição de bombas de calor e ar condicionado (ambos grandes consumidores de energia) através deste programa.
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