As 5 razões económicas de Marcelo para segurar Costa
Crise económica, crise financeira, inflação elevada, prestação da casa a disparar e PRR a acelerar: são 5 as razões para o Presidente não deixar cair o Parlamento e atirar o país para novas eleições.
O Presidente da República voltou a afastar a dissolução da Assembleia da República e a queda do Governo, mais uma vez chamuscado por um novo caso relacionado com a TAP. O caso é político, mas Marcelo Rebelo de Sousa deu cinco razões económicas para não acionar a “bomba atómica”. O que disse?
“Temos uma guerra, crise financeira e económica agravada pela guerra, temos inflação ainda muito alta, temos os juros dos empréstimos para habitação muito altos, com a prestação quase a dobrar para muitas famílias e uma situação complicada. O PRR a começar a acelerar execução e Portugal tem direito a mais dinheiro e mais obrigação de o gastar”, afirmou o Presidente. Mas o que está mesmo em causa?
Crise económica
A guerra da Rússia na Ucrânia – e o aumento da confrontação entre os dois grandes blocos mundiais, os EUA e a China – continua a criar enorme incerteza a nível global.
Apesar das nuvens, não se pode falar propriamente de uma crise económica. Embora afastem um cenário de recessão, as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um travão no andamento da atividade económica global. O PIB mundial deverá avançar 2,9% este ano, abaixo dos 4,3% do ano passado e dos 6% em 2021. Por cá, o Banco de Portugal antecipa um crescimento de 1,8% este ano, acima da anterior projeção.
A boa notícia é que as perspetivas já foram piores do que são agora. A má é que ainda há uma grande dose de indefinição sobre o que pode acontecer no futuro.
Crise financeira
Março trouxe à memória de todos a grave crise financeira mundial de 2008, com a queda do americano Silicon Valley Bank e do suíço Credit Suisse a deixar os mercados em sobressalto e os bancos centrais em reflexão sobre a escalada das taxas de juro para controlar a inflação. Os investidores parecem ter ultrapassado a instabilidade, mas o recente episódio de turbulência envolvendo outro banco, o alemão Deutsche Bank, mostra como tudo pode mudar num instante.
A subida dos juros dos bancos centrais está a afetar famílias, empresas e Governos. Sobretudo aqueles mais endividados. Para os Estados, este ciclo de normalização da política monetária reforça a necessidade de ter as contas públicas equilibradas, apesar dos esforços para apoiar as famílias face ao aumento do custo de vida. Para Portugal – que já paga 3,5% pela nova dívida – isto significa que tem de continuar a reduzir o défice e a dívida pública.
Inflação ainda muito alta
Também aqui as notícias já foram piores, mas isso não significa que sejam boas: a subida dos preços está a aliviar paulatinamente, mas a taxa mantém-se em níveis elevados e a levar a que os bancos centrais continuem a apertar o cinto a todos.
Em Portugal, a taxa de inflação baixou para 7,4% no mês passado, no quinto mês de alívio no aumento dos preços. Chegou a superar os 10% em setembro. Também a inflação subjacente abrandou.
Na Zona Euro, a inflação registou uma queda para 6,9%, acima do objetivo do BCE de 2%.
Inflação cede pelo quinto mês
Euribor afetam mais de 1 milhão de famílias
Mais de um milhão de famílias portuguesas têm crédito da casa com taxa variável. São estas que estão mais expostas às subidas das taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa.
No último ano, estas taxas deixaram os valores negativos e subiram de forma acelerada, superando já os 3% nos três principais prazos. O agravamento das Euribor está a refletir-se num aumento expressivo da prestação paga ao banco. Para o mês de abril, os contratos de empréstimo de 150 mil euros com spread de 1% tiveram um aumento de 300 euros.
Mário Centeno deixou o aviso na semana passada: as Euribor só vão atingir o pico no verão.
Euribor disparam
Fonte: Reuters
“PRR a começar a acelerar”
Como o ECO noticiou esta segunda-feira, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português vai ter um reforço de verbas superior a quatro mil milhões de euros. Portugal vai receber mais 1,6 mil milhões de euros de subvenções adicionais.
O país conta já com dois cheques do PRR, o último dos quais feito em fevereiro. Mas agora só poderá pedir o terceiro em julho ou agosto, depois de o Governo submeter a proposta de revisão de programação do PRR, o que está previsto para final do mês.
De acordo com a plataforma Recuperar Portugal, Portugal é o quarto país com maior taxa de execução (17%) e o sexto com mais dinheiro recebido (cerca de 5,14 mil milhões).
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