Franceses da Corum de olho em “dois ou três” imóveis em Portugal

  • Ana Petronilho
  • 21 Abril 2023

Apesar do limite máximo de 2% na atualização das rendas em imóveis comerciais, a gestora francesa de fundos imobiliários diz que Portugal continua no radar de investimento.

Apesar do limite de 2% no valor da atualização das rendas, Portugal continua no radar da Corum Investments, gestora de fundos de origem francesa, que quer reforçar o investimento em imobiliário comercial no país e já tem em vista, pelo menos, “dois ou três” imóveis “fora de Lisboa”.

Sem adiantar detalhes, José Gavino, diretor-geral da Corum em Portugal, revelou apenas que os imóveis que despertaram o interesse da Corum Investments estão “fora de Lisboa”, estando um deles localizado “no Porto”, e que estão ligados aos segmentos de logística ou escritórios, sendo esta uma aposta do grupo.

O responsável não coloca de parte a aquisição de edifícios onde operam empresas da área da hotelaria. “Também temos vindo a falar com algumas pessoas da hotelaria” e é possível avançar com algum negócio “desde que consigamos aquilo que queremos em termos de rentabilidade” que é calculada “com as rendas e mais-valias distribuídas” entre os investidores nos fundos.

O grupo francês é responsável pela gestão de três fundos de investimento (Origin, XL e Eurion) que agregam um portefólio imobiliário avaliado em 5,5 mil milhões de euros. Na carteira destes fundos, Portugal representa cerca de 1% dos ativos, que é visível através de 14 imóveis que contaram com um investimento de cerca de 100 milhões euros.

“A primeira vez que investimentos em Portugal foi em 2014 em cinco edifícios do Pingo Doce, com uma rentabilidade de quase 8% na altura”, contou ao ECO José Gavino, acrescentando que à data “ninguém queria investir” no país.

No ano passado, o grupo Corum comprou por 10 milhões de euros as instalações da fábrica de eletrolisadores da Fusion Fuel, em Benavente, numa operação de sale and leaseback (o proprietário vende e passa a arrendatário). Fechou ainda, por 16 milhões de euros, a compra do edifício de escritórios Heroísmo, no Porto.

Entre os 14 imóveis detidos em Portugal estão, por exemplo, três edifícios (em Braga, Lisboa e Porto) onde funciona o grupo Rumos ou o imóvel ocupado pela sede da Unicre, em Lisboa.

Fundos têm ano de lucros

Num contexto de surto inflacionista em que muitos investidores se estão a retrair em transações, a Corum diz ter perspetivas positivas. Isto porque, à exceção de Portugal, onde há um travão à atualização das rendas, nos 17 países onde o grupo tem imóveis, o acelerar da inflação “foi uma das melhores coisas que aconteceu”, porque a atualização do pagamento dos inquilinos traz “mais rentabilidade aos nossos investidores”.

Além disso, “a consequência da subida da inflação é o aumento das taxas de juro” que está a afastar players do mercado, havendo “menos concorrência” na hora de comprar um ativo, o que permite “preços melhores”, explica ainda o diretor-geral da Corum em Portugal.

No radar dos três fundos (Origin, XL e Eurion) do grupo francês estão alguns ativos do Crédit Suisse, disse aos jornalistas Philipe Cervesi, diretor de imobiliário e diretor-geral do grupo Corum, durante um encontro na sede da gestora, em Paris.

No total, o fundo Corum Origin, que funciona há onze anos e conta com 47.661 subscritores, fechou 2022 com um resultado líquido de 132 milhões de euros. Ou seja, atingiu os 64,7 euros por unidade de participação. Este fundo oferece uma yield anual de 6% e a média dos contratos de arrendamento tem um prazo de 7,2 anos.

No ano passado, este fundo adquiriu 22 imóveis em países como França, Itália, Alemanha ou Holanda, que envolveram um investimento de 500 milhões de euros. O maior negócio de 2022 foi um edifício de escritórios na Bélgica – ocupado pela comunidade flamenga – que envolveu 173 milhões de euros. Em março deste ano, o portefólio do Origin era composto por 155 imóveis – dos quais metade são edifícios de escritórios – ocupados por 339 inquilinos.

O Corum XL, criado em 2017, contava com 42.441 investidores em março deste ano e fechou as contas do ano passado com lucros de 72 milhões de euros, que traduzem um resultado de 11,07 euros por unidade de participação. O XL oferece uma yield anual de 5% e a média dos contratos de arrendamento têm um prazo acima de nove anos. No ano passado o fundo comprou 12 ativos com um investimento de 421 milhões de euros. No final do primeiro trimestre deste ano, o portfólio do XL totalizava 70 edifícios – dos quais 75% são escritórios e 15% são de retalho – ocupados por 176 inquilinos.

O maior negócio do XL em 2022 foi fechado em Londres, na zona de Wimbledon, onde adquiriu um imóvel de escritórios por 36 milhões de euros que está ocupado pela Fortius – uma empresa de saúde ortopédica e de desporto – por um prazo de 4,3 anos.

A jornalista viajou a Paris a convite da Corum Investments.

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