“TAP não pode continuar a ser gerida por WhatsApp”, diz presidente do sindicato dos pilotos
O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil apelou, na comissão parlamentar de inquérito, a que não exista interferência política na TAP para garantir a boa gestão da companhia.
Tiago Faria Lopes, presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), apelou a que não continue a existir interferência política na TAP, durante a audição na comissão parlamentar de inquérito desta quarta-feira. Sem isso, o novo CEO dificilmente terá sucesso, considerou.
“Se Luís Rodrigues [o novo CEO] tiver interferência política não consegue fazer milagres. Faço um apelo a que não haja interferência na companhia. Não se pode gerir mais por WhatsApp uma empresa que fatura milhões”, afirmou Tiago Faria Lopes. “Um erro pode significar milhões. Não pode continuar a ser gerida por WhatsApp”, insistiu.
O presidente do SPAC defendeu que o fim dos cortes salariais “devia ser ontem”. “A TAP limitou-se a seguir a indústria no aumento dos preços dos bilhetes. Não fez um ato de gestão diferente”, acrescentou.
Tiago Faria Lopes considerou que o Acordo Temporário de Emergência assinado em 2021 “estragou a TAP na operação. Tem falta de pilotos. Não consegue planear horas extra. Isso tem grande impacto financeiro na companhia, senão não cancelava 200 voos por falta de tripulações. O verão vai ser caótico“.
Bernardo Blanco, deputado da Iniciativa Liberal, questionou o presidente do SPAC sobre se tinha sido informado sobre o processo de privatização. Tal como os outros três dirigentes sindicais que passaram pela comissão esta quinta-feira, Tiago Faria Lopes negou: “Não conhecemos nada sobre a privatização”.
O dirigente sindical deixou, no entanto, um apelo a que o caderno de encargos da reprivatização não fique fechado às transportadoras aéreas, revelando que há interessados portugueses. “Sabemos que há interessados, incluindo um grupo de empresários portugueses”, afirmou. “Que não se restrinja o caderno de encargos a companhias aéreas”, pediu. “Chega de vender a estrangeiros os nossos ativos preciosos”.
Tiago Faria Lopes deixou ainda críticas às condições operacionais da TAP no aeroporto de Lisboa, apontando a menor utilização das mangas. Há mais aviões a serem colocados em posições remotas com transporte em autocarro, o que leva a que passageiros percam ligações, afirmou. “Já me aconteceu estar meia hora à espera do autocarro e num avião, vindo de Caracas, os passageiros ficaram uma hora e meia à espera porque não tinha posição para parquear”, relatou. “Quem fica prejudicado é a TAP”, salientou.
A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se por um período de 90 dias.
(notícia atualizada às 22h10)
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