Produtores de frutos secos em Portugal utilizam menos 40% de água do que os EUA
Os produtores de frutos secos em Portugal gastam "menos 30 a 40%" do que os seus homólogos nos EUA, mercado de referência neste setor.
Os produtores de frutos secos em Portugal fazem uma gestão “eficiente” da água, gastando “menos 30 a 40%” do que os seus homólogos nos Estados Unidos (EUA), revelou um estudo da associação Portugal Nuts.
“Há realmente uma boa eficiência no uso da água e esta cultura, além de muito bem adaptada às condições de clima e de solo que temos na região do Alqueva, tem um uso eficiente da água”, disse à agência Lusa o presidente da Portugal Nuts — Associação de Promoção de Frutos Secos, Tiago Costa.
Segundo o dirigente, esta é uma das conclusões do estudo “Necessidades hídricas das culturas de frutos secos nas principais zonas de produção”, apresentado esta terça-feira, em Beja, no 2.º Congresso da Portugal Nuts.
De acordo com Tiago Costa, o estudo, desenvolvido em parceria com a Real Academia de Ingeneria de Madrid (Espanha), demonstra que os frutos secos são, em Portugal, “uma cultura muito eficiente e que, com a tecnologia utilizada, acrescenta muito valor à utilização de um recurso escasso” como a água.
“É uma das culturas que utiliza a água de uma forma muito eficiente e que nos permitirá ser não apenas autossuficientes, mas também acrescentar valor à balança comercial”, frisou.
O presidente da Portugal Nuts, associação que representa 50 produtores e processadores de todo o país, acrescentou que a produção de frutos secos em Portugal consome menos “30 a 40% da água” consumida nos EUA, mercado de referência neste setor.
Um resultado que se deve, por um lado, à utilização de sistemas de rega gota-a-gota nas explorações e, por outro lado, à utilização de diferentes variedades, “com outro comportamento”.
Além do mais, acrescentou, no Alqueva, onde existem cerca de 25 mil hectares a produzir frutos secos, “também existem poucas perdas [de água], porque grande parte do sistema é de pressão, não tendo problemas de evapotranspiração nem de perdas”.
“Tudo isso pressupõe que tenhamos menos perdas e que toda a água que utilizamos é utilizada de uma forma muito mais eficiente”, afirmou.
Para Tiago Costa, esta realidade faz com que a produção de frutos secos em Portugal seja “mais sustentável a todos os níveis”, tendo em simultâneo uma menor pegada carbónica quando comparada com outros mercados produtores.
“Na Europa somos deficitários em todos os frutos secos, em especial na amêndoa, na sua maior parte importada dos EUA ou da Austrália. No fundo, estamos a trazer produto com uma pegada carbónica bastante longa para nosso consumo”, reforçou.
O presidente da Portugal Nuts acrescentou que o país tem, por tudo isto, condições para crescer neste setor.
“Assistimos aqui a uma oportunidade de clima e de solo, acrescida de disponibilidade de água, que nos dá a possibilidade de sermos competitivos e criarmos esta indústria, para fornecermos a Europa com produto [frutos secos] de origem europeia”, concluiu.
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