Comissão alerta para perda de rendimento das famílias portuguesas com taxa variável no crédito à habitação

Portugal encontra-se entre os países com maior percentagem de contratos da casa com taxa variável. Pressão nos rendimentos das famílias pode penalizar consumo.

A Comissão Europeia alerta para a perda de rendimento das famílias portuguesas devido à elevada percentagem de taxa variável no crédito à habitação, um aviso que consta das previsões económicas de primavera divulgadas esta segunda-feira. Isto poderá, por sua vez, penalizar o consumo privado, acrescenta.

“Vários países com uma grande parcela de empréstimos à habitação com taxas variáveis, como como Finlândia, Portugal, Chipre e os estados bálticos na Zona Euro e Suécia, Polónia, Roménia e a Bulgária no resto da UE, podem sofrer uma perda no rendimento discricionário do agregado familiar com possíveis efeitos indiretos sobre o consumo”, lê-se no documento que atualiza as previsões económicas de Bruxelas.

Há assim perspetivas de perdas no rendimento discricionário, ou seja, o dinheiro que sobra depois de pagar impostos e despesas necessárias para o custo de vida, como renda ou prestações do empréstimo. Estas perdas podem ter repercussões no consumo, já que as famílias ficam com menos dinheiro disponível para gastar noutros bens.

Em Portugal, menos de 10% dos contratos de empréstimos para a compra de casa têm taxa fixa, valores que comparam com a média de 41% de contratos com taxa fixa na Zona Euro. A subida dos juros está a ser preocupante para muitas famílias com taxa variável, que estão a sentir um maior aperto financeiro perante o aumento da prestação mensal da casa, em resultado do agravamento do indexante, a Euribor.

Este contexto é arriscado numa altura em que os salários reais registam uma estagnação, como sinaliza Bruxelas. Ainda assim, no cenário geral, a Comissão prevê uma recuperação gradual do rendimento disponível das famílias, evolução que poderá ser mais complicada para os lares com créditos com taxa variável.

A recuperação do rendimento dá-se com a subida de salários, mas a Comissão alerta também para a pressão que isso pode colocar nos preços. O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, admite que pode existir uma contradição entre a realidade da perda do poder de compra e e os alertas para a espiral salários-preços. “Há contradição, mas é a realidade”, sinaliza o comissário, na conferência de imprensa de apresentação das previsões.

Questionado sobre os efeitos sociais deste contexto, Gentiloni destaca que “vários países têm medidas para apoiar famílias em relação aos custos de vida e estas medidas foram tomadas também em Portugal, por exemplo com o apoio às rendas, IVA Zero e aumento nas remunerações da Função Pública e das pensões”. “Tomamos nota destas medidas”, diz, referindo que em alguns setores há margem para acomodar “o impacto de subida dos salários sem colocar a inflação demasiado alta”.

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