CP fora do comboio da paz social. Revisores marcam greve para 31 de maio

Greve de 24 horas serve para revisores e trabalhadores das bilheteiras protestarem contra exclusão das outras classes profissionais da empresa do acordo salarial com os maquinistas.

As greves estão de volta à CP. Dia 31 de maio há paralisação de 24 horas por parte do sindicato que representa os revisores e trabalhadores das bilheteiras. A “discriminação salarial” entre as diferentes classes profissionais da empresa de comboios é o principal motivo para este protesto, segundo o pré-aviso de greve foi entregue nesta segunda-feira. O sindicato admite a marcação de mais dias de paralisação para o mês de junho. Em comunicado, a CP nega as acusações do sindicato.

O ponto de partida para esta greve é o acordo assinado no dia 4 de maio entre a CP e os maquinistas. O documento revê em alta os aumentos nos salários destes trabalhadores e abre a porta, alega o sindicato, a que os maquinistas conduzam os comboios sem qualquer acompanhamento nas marchas em vazio, isto é, entre a oficina e as estações onde começam e terminam os serviços ferroviários.

“O acordo põe em causa postos de trabalho dos revisores e a segurança na circulação”, avisa, em declarações ao ECO, o dirigente do sindicato SFCRI, Luís Bravo. “Por exemplo, se houver uma colhida de um passageiro entre o depósito de Contumil e a estação de São Bento, quem vai prestar socorro à vítima? Vão deixar o comboio vazio? Este é um auxílio prestado pelo revisor”, assinala o mesmo dirigente.

A CP nega estas acusações e garante que o regime de agente único “é aplicado há mais de 20 anos em marchas em vazio” e “não viola qualquer regra de segurança“. “Seria ilógico e irresponsável alocar um operador de revisão e venda a um comboio que circula sem passageiros a bordo e se desloca para um parque ou uma oficina”, acrescenta a empresa.

A transportadora recusa ainda que estejam que estejam em causa os postos de trabalho dos revisores: “pelo contrário, a CP está atualmente a recrutar para esta função” para as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Luís Bravo contesta também que o acordo assinado com os maquinistas tenha posto “os restantes trabalhadores contra a empresa. Havia todas as condições para garantir a paz social”, lamenta o dirigente sindical. A CP diz o contrário: “num esforço para promover ainda mais a equidade e para valorizar os trabalhadores com salários mais baixos, temos aplicado aumentos adicionais mais significativos a esses grupos”.

O sindicato admite convocar novos dias de greve também para o mês de junho. A decisão será tomada na próxima quinta-feira, 18 de maio.

O acordo entre a CP e os maquinistas já tinha posto em alerta os revisores, que na passada quinta-feira já admitiam a convocação de greves para as próximas semanas, em declarações ao jornal Expresso (acesso pago). Na véspera, a federação dos sindicatos dos transportes (Fectrans) já se tinha referido a “soluções parciais que acentuam desigualdades entre trabalhadores e que abrem a porta ao descontentamento e a novos conflitos”.

(Notícia atualizada às 14h26 de 16/05/2023 com declarações da CP)

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