80% dos profissionais de TI já tiveram burnout. Maioria das empresas nem sabe
Mesmo entre as organizações que tiveram conhecimento, a maioria dos inquiridos (71,7%) refere que a sua empresa não ofereceu qualquer tipo de apoio.
A grande maioria dos profissionais que trabalha na área das tecnologias da informação (TI) já passou por uma situação de esgotamento: 80% admite já ter tido um burnout. O elevado volume de trabalho, a falta de sono e de tempo livre são apontadas como as causas mais relevantes para se chegar ao estado de esgotamento, a par da falta de clareza nas funções e objetivos profissionais a atingir. Mais de metade das empresas nem chegou a saber que algum dos seus colaboradores passou pela situação de burnout, conclui o mais recente inquérito da portuguesa Teamlyzer.
“O burnout é um problema real e muito presente na indústria tecnológica, onde talvez por vergonha ou estigma, quem passa pela doença ainda a omite. É importante os RH, líderes de equipa, outros responsáveis e colegas estarem atentos e adotarem estratégias para evitar que os colaboradores cheguem a esse estado de exaustão mental, físico e emocional”, começa por dizer Rui Miranda, CEO da Teamlyzer.
“De forma a conseguir intervir, a identificação destes casos é o primeiro passo, e alguns sinais são o cansaço frequente, desmotivação, ansiedade, redução de produtividade e sentirem-se sobrecarregados“, acrescenta, em comunicado.
Mais de metade das empresas (57%) nem chegou sequer a aperceber-se de que algum dos seus colaboradores estava a passar por uma situação de esgotamento. E, mesmo entre aquelas que se aperceberam, a maioria dos colaboradores não sentiu qualquer ajuda. Cerca de 70% dos inquiridos refere que, tendo tido conhecimento, a sua organização não ofereceu qualquer tipo de apoio.
O burnout é um problema real e muito presente na indústria tecnológica, onde talvez por vergonha ou estigma, quem passa pela doença ainda a omite. É importante os RH, líderes de equipa, outros responsáveis e colegas estarem atentos e adotarem estratégias para evitar que os colaboradores cheguem a esse estado de exaustão mental, físico e emocional.
Entre as organizações que tomaram algum tipo de iniciativa para apoiar os colaboradores a superar o burnout (28,3%), as mais comuns foram dias de férias, ajuda médica e a tentativa de aliviar a carga de trabalho do profissional.
Consultoria e outsourcing destaca-se pela negativa
Os dados, que resulta de um inquérito realizado em agosto de 2022 pela Teamlyzer à sua comunidade, com uma amostra de cerca de 150 inquiridos, permitiu também perceber que o burnout profissional é um problema transversal às organizações, independentemente do setor e da sua dimensão.
A consultoria e outsourcing (38,1%) destaca-se, no entanto, como o setor onde mais respondentes que tiveram burnout trabalham. Seguem-se a software house e internet (24,6%) e a tecnologia de informação (11,2%).
Banca e serviços financeiros (8,2%), indústria e serviços (6,7%), telecomunicações e eletrotécnica (5,2%), ciência e investigação (3%), publicidade, multimédia e videojogos (2,2%), bem como hardware & produtos eletrónicos (0,7%) são ainda setores que também reportam problemas de esgotamento.
Impacto do burnout
Os problemas relacionados com stress e saúde mental dos trabalhadores, resultando em absentismo, presentismo e quebras de produtividade, estão a custar às empresas portuguesas até 5,3 mil milhões de euros por ano, uma subida face aos 3,2 mil milhões estimados no ano passado, dava conta o II Relatório “Custo do Stresse e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho”, da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), divulgado em fevereiro.
Os custos “representam já um valor equivalente ao que o Governo gastou em 2021 em medidas para mitigar os impactos da pandemia”, lia-se no documento. A aposta em saúde mental nas empresas pode reduzir as perdas em, pelo menos, 30%, concluiu a OPP.
Temas a que os gestores devem estar atentos, sobretudo quando alguns estudos colocam o manager como uma das figuras que mais afeta o bem-estar emocional dos profissionais, com exatamente o mesmo peso que tem o parceiro ou parceira do colaborador e com um impacto maior do que o seu terapeuta. De acordo com o estudo “Mental Health at Work: Managers and Money”, realizado pelo The Workforce Institute, da UKG, 69% das pessoas afirmam que os seus managers afetam a sua saúde mental, mais do que os seus médicos (51%) ou os seus terapeutas (41%).
Liderar para o bem-estar é fundamental, não só pelas razões humanas mais óbvias, mas também porque os próprios negócios beneficiam desse tipo de liderança cuidadora, atenta, empática e voltada para o bem-estar. Quando os profissionais estão sãos, a nível mental e emocional, 63% admite que está também mais empenhado e 80% diz ter mais energia para desempenhar as suas funções no trabalho, conclui o mesmo estudo.
Sinais de alerta e como mitigar
Ser a primeira pessoa a chegar e a última a sair do escritório, trabalhar constantemente durante os fins de semana, não usufruir do direito a férias e verificar compulsivamente os emails de trabalho fora do horário laboral são alguns dos sinais de alerta mencionados pelos especialistas.
Além disso, existem alguns fatores que podem ser considerados de risco, entre os quais o excesso de carga horária laboral e os problemas pessoais dos colaboradores.
Estar atento aos sinais de alerta é uma das formas de mitigar o risco de burnout, mas colaboradores e gestores podem ainda levar a cabo estratégias para evitar esse desfecho. Marcar na agenda momentos para pausa, evitar reuniões de seguida, sem pausas — situação muito comum quando em teletrabalho –, fazer caminhadas ou um exercício que ajude ao relaxamento são algumas das técnicas usadas. Há também aplicações que podem ajudar nesse processo, tal como obviamente, recorrer a um terapeuta.
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