Miguel Cruz rejeita “amiguismo” e “conflito de interesses” em nomeações

Filipe Melo, deputado do Chega, acusou Miguel Cruz de protagonizar nomeações que representam "amiguismo", "clientelismo" e "compadrio". Ex-secretário de Estado negou.

Miguel Cruz, que foi secretário de Estado do Tesouro entre 2020 e 2022 e é atualmente presidente da Infraestruturas de Portugal, foi acusado pelo Chega de conflito de interesses e “amiguismo”. O ex-governante rejeitou as acusações.

O tema foi colocado por Filipe Melo do Chega, a propósito da passagem de Miguel Cruz da presidência da Parpública para a secretaria de Estado do Tesouro, tendo em ambas intervenção direta no dossiê da TAP. O deputado quis saber se não considerava que existia um conflito de interesses. “Não vejo qualquer tipo de conflito de interesses, senão não tinha aceite o cargo no Governo”, respondeu esta terça-feira Miguel Cruz, durante a audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

Filipe Melo voltou ao mesmo tema na segunda ronda, referindo que o ex-secretário de Estado passou para a presidência da Infraestruturas de Portugal pela mão do ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. Juntou o facto de Amália Almeida, antiga administradora da Parpública, ter sido convidada para sua chefe de gabinete na secretaria de Estado do Tesouro e ser agora vice-presidente da Infraestruturas de Portugal. Apontou ainda o facto de a sua mulher, Clara Raposo, antiga presidente do ISEG, ser desde o ano passado vice-presidente do Banco de Portugal, de que é governador o antigo ministro das Finanças Mário Centeno. “Há aqui amiguismo, clientelismo, compadrio. Por aqui estamos esclarecidos”, acusou o deputado do Chega.

Miguel Cruz voltou a recusar as acusações. “Não tenho uma relação muito próxima com o Dr. Pedro Nuno Santos. Espero poder, agora que já não está em funções, chamar-lhe amigo”, disse, sublinhando que a relação formal no Governo não se rege por questões pessoais.

Sobre a sua escolha para os vários cargos, salientou que já tinha sido gestor de entidades públicas antes de ir para a Parpública, “convidado por governos de diferentes cores”. “Não tenho qualquer filiação partidária”, realçou. “Nunca ninguém pôs em causa a minha capacidade de gestão de empresas públicas”, disse ainda.

Sobre Maria Amália Almeida, referiu que foi convidada pelo Governo para a Parpública na mesma altura em que ele próprio foi convidado. “É eleita e toma posse na mesma altura em que eu tomo”, disse. “A Dra. Amália Almeida tem um histórico muito longo de gestão pública, convidada por diferentes membros do Governo, também com reconhecido mérito”, apontou, recordando que a conheceu quando era chefe de gabinete de Carlos Tavares, antigo ministro da Economia de um Governo social-democrata.

“A Dra. Amália Almeida aceitou também ir para a Infraestruturas de Portugal (IP). É uma gestora pública com passado e currículo longo. Foi convidada para vogal do conselho de administração da IP”, explicou ainda. “Também aqui a questão dos conflitos de interesse não se aplica. Não vejo qualquer contexto de amiguismo”, afirmou Miguel Cruz.

O antigo secretário de Estado quis responder também ao facto de Clara Raposo ser sua mulher. “A professora Clara Raposo é casada comigo e penso que é a relação que consegue aqui encontrar. A professora tem um histórico e um currículo que é totalmente distinto do meu”, referiu. “As matérias em que trabalha não têm nada a ver com o meu passado profissional”, acrescentou, referindo que a mulher não teve qualquer relação com o Ministério das Finanças no tempo em que lá esteve.

Miguel Cruz aproveitou ainda o comentário que tinha sido feito por Filipe Melo sobre a rivalidade entre Pedro Nuno Santos e Fernando Medina, lembrando que foi este último que convidou Clara Raposo para vice-governadora. “Ajudará a aliviar preocupação que possa ter nessa matéria”, referiu.

“Nestas matérias, o que importa é conhecer o currículo das pessoas”, concluiu o agora presidente da Infraestruturas de Portugal.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se até 23 de julho.

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