Fernando Henrique Cardoso: “O que acontece com a vossa ‘geringonça’ é uma maravilha”
O ex-Presidente do Brasil elogiou a solução de Governo encontrada por António Costa, bem como o entendimento conseguido entre o primeiro-ministro e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
“O que acontece com a vossa ‘geringonça’, no mundo atual, é uma maravilha”, diz Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, em entrevista ao Expresso. O fundador e presidente do Partido da Social Democracia Brasileira esteve em Lisboa e falou com o Expresso e com o Público (acessos condicionados). As conversas giraram sobretudo em torno da atual situação política do Brasil, mas ao semanário Henrique Cardoso também comentou a política portuguesa.
Para além da solução de Governo encontrada pelos socialistas — em que o Executivo PS é suportado por acordos com o BE, o PCP e Os Verdes — Henrique Cardoso elogia o facto de o país ter “um presidente do centro direita e um primeiro-ministro do centro-esquerda” que se entendem.
"O que acontece com a vossa ‘geringonça’, no mundo atual, é uma maravilha. E têm um presidente do centro-direita e um primeiro-ministro do centro-esquerda, mas entendem-se.”
Nas duas entrevistas, o ex-presidente brasileiro reflete sobre os danos que os processos como Lava-Jato, Mensalão ou Petrolão provocaram na imagem do Brasil. “Isso abalou a imagem da capacidade do Governo brasileiro, e do Brasil como país. É inegável que isso mexeu com a imagem do país”, diz Henrique Cardoso, ao Público. Ainda assim, os danos “não são irreversíveis”, defende, argumentando que em certa medida a Lava-Jato tem um “efeito positivo”: “Tornou público o que não era e tem sido simbólica, ao prender grandes empresários e políticos de muita importância”, explica, ao Expresso.
Sobre o atual sistema partidário, Fernando Henrique Cardoso diz que “acabou” e frisa que será preciso encontrar outra forma de mobilizar os cidadãos. Ao Expresso, explica alguns traços da reforma política que defende: sugere “introduzir uma cláusula de barreira, para que só esteja representado no Congresso quem tem um certo número de votos”; a “proibição de coligações nas eleições proporcionais”; e mexer no “financiamento das eleições”. E remata: “A democracia tem um custo e é preciso discuti-lo abertamente.”
Quanto ao impeachment, que afastou Dilma do poder, Henrique Cardoso defende que não havia alternativa porque a ex-presidente caiu não só pelo “erro constitucional”, mas sobretudo pela “opinião pública”, que “decidiu nas ruas”. O ex-presidente reconhece que o país pagou um preço político pelo impeachment mas defende que “pagaria um preço maior” sem a destituição.
Agora, o papel de Michel Temer será atravessar “uma pinguela”, uma ponte frágil, explica ao Público. O atual presidente tem de “chegar ao outro lado, que é a eleição [em 2018]”, conseguindo pelo caminho fazer a “economia renascer.”
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