Luta contra protecionismo desaparece do discurso dos líderes mundiais
A Bloomberg News teve acesso a um esboço do comunicado dos líderes mundiais, que estão reunidos em Washington. Líderes prometem repensar o comércio mundial, mas omitem combate ao protecionismo.
A elite política e financeira está este fim de semana reunida em Washington, nos encontros de primavera do Fundo Monetário Internacional com o Banco Mundial. O comunicado final dos 24 ministros das finanças e governadores dos bancos centrais já está a ser preparado e a Bloomberg News teve acesso a uma versão preliminar. O compromisso de repensar as regras do comércio mundial está lá, mas as promessas de combater quaisquer formas de protecionismo desapareceram — pelo menos por enquanto — do discurso.
De acordo com a Bloomberg, o documento — que tem data de sexta-feira e é uma versão preliminar do comunicado do comité do FMI que deverá ser publicado ao final do dia de hoje — faz eco das declarações de março que resultaram da reunião do G-20, onde os ministros das finanças e banqueiros centrais concordaram em revisitar o enquadramento do comércio mundial.
“Vamos evitar competir através da desvalorização e não vamos definir as metas para as taxas de câmbio com objetivos concorrenciais”, lê-se no documento preliminar. “Vamos também trabalhar em conjunto para para reduzir os desequilíbrios globais excessivos, através de políticas adequadas”, acrescenta o esboço.
"Os países com elevados excedentes externos e finanças públicas saudáveis têm uma particular responsabilidade de contribuir para uma economia global mais robusta.”
Contudo, sobre o combate às políticas protecionistas — uma promessa que tinha sido clara na sequência dos encontros de outubro — o comunicado preliminar do comité do FMI nada diz. Em outubro, tinha ficado escrito que os líderes financeiros mundiais se comprometiam a resistir “a todas as formas de protecionismo.”
A diferença entre os documentos não são meras nuances. A posição da administração Trump quanto aos acordos de comércio internacional é bastante mais restritiva do que a de Obama e já se está a refletir nestes documentos conjuntos. Segundo a Bloomberg, esta versão preliminar também omite o tema do Acordo de Paris, sobre as alterações climáticas.
No World Economic Outlook, o FMI reviu em alta as previsões para o crescimento mundial, mas o cenário continua carregado de incerteza. Durante os encontros, foi óbvia a diferença de posição sobre o comércio mundial entre a Alemanha, por um lado, e os Estados Unidos, por outro.
Como recorda a Bloomberg, enquanto o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, frisou “a necessidade evidente” de “comunicar melhor os benefícios do comércio e da globalização”, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, sublinhou que os EUA vão continuar a “promover a expansão do comércio com os parceiros comprometidos com uma concorrência de base mercantil” ao mesmo tempo que garantiu “uma defesa rigorosa” dos EUA contra “práticas injustas.”
Mnuchin ainda deixou um recado à Alemanha: “Os países com elevados excedentes externos e finanças públicas saudáveis têm uma particular responsabilidade de contribuir para uma economia global mais robusta.”
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