Salários no Reino Unido crescem 7,2% e pressionam novo aumento das taxas de juro
Apesar do aumento dos salários no trimestre entre fevereiro e abril, os rendimentos continuam a cair em termos reais. Banco de Inglaterra deve aumentar as taxas de juro na reunião da próxima semana.
Os salários no Reino Unido continuaram a crescer no trimestre terminado em abril, o que deixa o Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) mais perto de novos aumentos das taxas de juro diretoras. No entanto, em termos reais, os rendimentos caíram, uma vez que a taxa da inflação homóloga britânica se situou em 8,7% em abril.
Entre fevereiro e abril deste ano, os salários base (excluindo os bónus) aumentaram 7,2% face ao mesmo período de 2022, contra uma subida de 6,6% no trimestre de novembro a janeiro, revelam os dados divulgados esta terça-feira pelo Office for National Statistics (ONS).
Se excluirmos o período da pandemia de Covid-19, trata-se da taxa de crescimento mais rápida registada para os salários base, que foi impulsionada pelo aumento de 9,7% do salário mínimo britânico em abril, para 1.667,20 libras por mês.
O salário total, incluindo bónus, cresceu 6,5% por ano no trimestre de fevereiro a abril. No setor privado, o crescimento médio regular dos salários foi de 7,6% — mais uma vez a maior taxa de crescimento registada fora do período da pandemia.
Com um aumento de 5,6%, o crescimento dos salários do setor público foi mais fraco, mas ainda assim foi a taxa de aumento mais rápida desde o trimestre de agosto a outubro de 2003 (quando aumentou 5,7%).
Face a este cenário, os analistas esperam que o BoE volte a aumentar as taxas de juro na reunião da próxima semana, agendada para 22 de junho, naquela que deverá ser a 13.ª subida consecutiva. Na reunião anterior, o banco central do Reino Unido colocou a taxa de referência nos 4,5%.
Se ainda houvesse alguma dúvida sobre a direção da política monetária, estes dados deveriam solidificar outro aumento da taxa de juro do Banco de Inglaterra na próxima semana, e provavelmente mais nos próximos meses.
Citado pelo The Guardian, Yael Selfin, economista-chefe da KPMG UK, afirma que a “força contínua do crescimento dos salários” do Reino Unido justificará taxas de juro mais elevadas. “Se ainda houvesse alguma dúvida sobre a direção da política monetária, estes dados deveriam solidificar outro aumento da taxa de juro do Banco de Inglaterra na próxima semana, e provavelmente mais nos próximos meses”, acrescentou.
Isto porque, justificou Selfin, “a recuperação do crescimento regular dos salários é o mais recente sinal de que a inflação está a fazer aumentar as exigências salariais, o que, por sua vez, está a tornar a inflação mais rígida”. Além disso, “com um crescimento negativo da produtividade, estes valores estão muito acima dos níveis compatíveis com o objetivo de 2%”.
Obrigações do Tesouro a dois anos acima dos níveis do governo de Liz Truss
As expectativas de que as taxas de juro do Reino Unido continuem a subir estão a fazer aumentar as obrigações a curto prazo do Governo britânico, as chamadas gilts, acima dos níveis registados no breve mandato da ex-primeira-ministra Liz Truss.
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As obrigações do Tesouro a dois anos do Reino Unido atingiram 4,73% esta manhã, acima dos 4,62% da noite de segunda-feira. Este valor é ligeiramente superior ao pico registado durante a turbulência que se seguiu ao mini-orçamento de outono passado, quando o plano do ex-chanceler Kwasi Kwarteng de redução de impostos não financiados assustou os mercados.
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