PSD quer que Governo explique nacionalização do fundo Revita
No dia em que se assinalam 6 anos sobre a tragédia de Pedrogão Grande, o PSD critica o Governo por ter nacionalizado o Fundo Revita, criado para apoiar a reconstrução e reabilitação das áreas afetadas
O secretário-geral do PSD criticou este sábado o Governo por ter nacionalizado o Fundo Revita, criado para apoiar a reconstrução e reabilitação das áreas afetadas pelos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera.
Numa visita esta manhã à Associação de Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande (AVIPG), no dia em que passam seis anos sobre os fatídicos fogos, que ceifaram 66 vidas, o Hugo Soares salientou que existe muito por recuperar nos territórios afetados, que devia utilizar aqueles donativos.
“O Revita é um fundo com dinheiro, com tantas carências para suprir [nestes territórios] e soubemos agora que foi alvo de uma espécie de governamentalização, retirado de quem aqui pode decidir e sabe quais são as principais necessidades“, disse.
Segundo o dirigente social-democrata, esta é uma “preocupação dos autarcas, da AVIPG e do PSD, que o Governo deve explicar”. “Se não houvesse carências e o fundo não tivesse dinheiro, isto poderia ter alguma lógica, agora quando há dinheiro dos cidadãos e das empresas e muitas carências por suprir, é inacreditável que esse dinheiro não possa ser usado para aquilo que foi doado”, sublinhou.
Hugo Soares lamentou que, seis anos depois, continuem por resolver o ordenamento da floresta e a cobertura de rede móvel, que deixa a população com um sentimento de medo e insegurança, e a reconstrução das habitações destruídas.
“Não posso sair daqui satisfeito, quando ouvimos, ano após ano, as reivindicações do muito que há por fazer e recuperar nestes territórios”, disse.
O secretário-geral do PSD justificou a visita a Pedrógão Grande com a homenagem às vítimas e a necessidade de alertar o poder político para o que está por fazer, procurando que “a tragédia não se volte a repetir”.
Segundo informação disponibilizada no seu sítio na Internet, o Revita, criado pelo Governo, é “de âmbito social, com o objetivo de gerir os donativos entregues no âmbito da solidariedade demonstrada, em estreita articulação” com aqueles três municípios. Aderiram ao Fundo Revita 66 entidades, com donativos em dinheiro, bens e prestação de serviços.
“Os donativos em dinheiro ascendem a 5.446.296,31 euros”, refere o 19.º relatório do fundo, de junho de 2022 (o último disponível ‘online’), explicando que, “atendendo à dimensão das responsabilidades assumidas”, o Ministério da Solidariedade e Segurança Social “reforçou o financiamento do Fundo Revita em 2.500.000 euros, que acrescem ao valor mencionado”.
Neste relatório, lê-se ainda que o fundo tinha “o montante de 1.396.431,09 euros, registado em caixa e depósitos bancários”, relativos a “donativos em dinheiro recebidos até 30 de junho de 2022”, o mesmo valor do mês de março anterior.
Em maio, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), que integra, entre outros municípios, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, opôs-se à “nacionalização” do Revita.
“O facto de a Direção-Geral do Orçamento pretender alocar para a esfera do Estado um fundo humanitário e de natureza privada não é mais do que uma nacionalização dos donativos dados por pessoas e entidades após aqueles incêndios”, disse à agência Lusa Paulo Batista Santos, membro do Conselho de Gestão do Fundo Revita em representação daquelas Câmaras e 1.º secretário executivo da CIMRL.
Líder do PSD diz que tragédia de Pedrógão Grande não pode ser esquecida
O presidente do PSD considerou este sábado que o “país não pode esquecer” os incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande, e provocaram a morte de 66 pessoas.
Numa publicação na rede social Twitter, Luís Montenegro endereça a sua “mais profunda solidariedade às vítimas e famílias de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera”. “Assinalam-se hoje seis anos e o país não pode esquecer”, salienta o social-democrata.
Tweet from @LMontenegroPSD
“Não há ano que passe que nos faça esquecer a tragédia dos incêndios”, diz Costa
Também o primeiro-ministro evocou este sábado a memória das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, em 2017, indicando que uma homenagem acontecerá em data a escolher pela autarquia.
“Não há ano que passe que nos faça esquecer a tragédia dos incêndios de 2017. Curvemo-nos perante a memória das vítimas e expressemos sempre respeito pela dor das famílias”, afirma o primeiro-ministro num conjunto de mensagens divulgadas no Twitter em que recorda a tragédia que provocou a morte de 66 pessoas.
Tweet from @antoniocostapm
O primeiro-ministro aponta igualmente que “a memória deve acima de tudo reanimar a determinação de prosseguir o trabalho de reforma estrutural da floresta e de recordar o dever de todos” prevenir o risco de incêndio.
António Costa refere-se ainda ao memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, da autoria do arquiteto Souto Moura, que foi aberto ao público na quinta-feira, sem cerimónia oficial de inauguração.
“Concluída esta semana a obra projetada por Eduardo Souto Moura, em data a escolher pela Câmara Municipal e de acordo com as famílias, aí devemos homenagear permanentemente os que perdemos”, salientou o chefe de Governo.
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