Já há mais dinheiro em certificados do Tesouro que em Aforro
O total aplicado em certificados do Tesouro superou as quantias depositadas pelos portugueses em certificados de aforro, pela primeira vez, em março. A culpa está na diferença dos retornos.
Certificados de Aforro ou do Tesouro? Os aforradores portugueses não têm dúvidas: é tempo de “colocar todas as fichas” em certificados do Tesouro. A evolução das quantias aplicadas nos dois produtos de poupança do Estado atestam isso mesmo. Em março, e pela primeira vez, o valor investido em certificados de Tesouro superou as quantias aplicadas em certificados de Aforro. Um produto que já tem quase 60 anos.
Dados divulgados pelo Banco de Portugal no seu boletim estatístico de abril, indicam que no final de março, o valor total investido em certificados do Tesouro ascendeu a 12.530 milhões de euros. Este montante compara com os 12.467 milhões de euros que estavam depositados em certificados de aforro no mesmo período. Ou seja, já há mais 63 milhões de euros investidos em certificados do Tesouro do que em Aforro. Esta inversão é o reflexo de uma tendência que já não é nova e que surge devido ao forte desequilíbrio das remunerações oferecidas pelos dois produtos.
Tesouro em alta e Aforro em queda
Em março, o valor depositado em certificados de Aforro caiu pelo quinto mês consecutivo, com o nível de retirada de dinheiro a ser o mas elevado desde agosto de 2012: 168 milhões de euros. Este montante eleva para 455 milhões de euros o total retirado no primeiro trimestre deste ano dos certificados de Aforro, a maior fuga trimestral desde 2012. O fim do prémio nos certificados de Aforro no final de março deste ano não não será alheio ao desinvestimento nesse produto de poupança. Os Certificados de Aforro perderam o prémio extraordinário de 275 pontos base, o que dita uma queda acentuada na remuneração auferida. Numa altura em que a Euribor a três meses está negativa, a taxa deverá descer para cerca de 0,6%.
Ao mesmo tempo que os Certificados de Aforro registam fortes resgates, os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) continuam a atrair aforradores. Os dados do Banco de Portugal mostram que em março foram captados 464 milhões de euros nestes títulos. Trata-se do crescimento mensal mais elevado desde janeiro de 2015, o mês anterior a este produto sofrer um corte acentuado na remuneração oferecida. Naquela ocasião, os CTPM captaram 1.472 milhões de euros.
Apesar da redução da remuneração sofrida naquela ocasião, a remuneração bruta dos CTPM é bastante mais atrativa face aos 0,671%, em termos brutos, oferecidos na subscrições de certificados de Aforro da série D realizadas neste mês de abril. No primeiro ano, os CTPM remuneram com uma taxa de juro bruta de 1,25% no primeiro ano. Nos quatro anos seguintes a remuneração sobe gradualmente para atingir um valor médio de 2,25%, em termos brutos, nos cinco anos de aplicação.
Mas também em comparação com os depósitos a prazo, os retornos oferecidos pelos CTPM são bastante mais atrativos. A remuneração dos depósitos a prazo está no patamar mais baixo dos últimos 14 anos. Os bancos ofereceram uma taxa de juro média de 0,33% nas novas aplicações a prazo, a mais baixa desde pelo menos janeiro de 2003.
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