📹 “Boa competição” pôs escolas de gestão nos rankings
Atrair docentes internacionais, expor as escolas em atividades internacionais e criar parcerias estratégicas são algumas das linhas apontadas pelos líderes da Nova SBE, Católica-Lisbon e ISEG.
Os rankings do Financial Times colocam as escolas de economia e gestão portuguesas entre as melhores do mundo. Depois de atingido o Top 50, que desafios se impõem? Atrair talento docente estrangeiro, expor as escolas em atividades internacionais e criar parcerias estratégicas são algumas das linhas apontadas pelos líderes da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), da Católica Lisbon School of Business and Economics e do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, durante o debate “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?”, organizado pelo Trabalho by ECO.
“A razão para termos tantos alunos internacionais são os rankings. É interessante verificar que isto não acontece noutras áreas de conhecimento. Temos aqui um nicho de educação de economia e gestão que seria interessante discutir. Portugal deveria estar, e penso que está, orgulhoso daquilo que está a acontecer nas escolas de economia e gestão, e que valeria a pena acarinhar. Vale a pena pensar como é que políticas públicas próximas não desmancham isto“, comenta Pedro Oliveira, dean da Nova SBE, escola de economia e gestão nacional que viu o mestrado de Finanças ocupar a 11.ª posição entre os 55 melhores do mundo e na formação executiva o 18.º lugar, nos rankings do Financial Times.
“Este resultado conseguiu-se através do que é a boa competição. Vejo o que os meus colegas estão a fazer e tentamos fazer igual, potencialmente melhor”, diz, por sua vez, João Duque, dean do ISEG. No ranking mais recente do FT, a escola de gestão surge como umas das 23 melhores escolas a nível global, com o mestrado de Finanças a dar, num ano, um salto de 11 posições. É a maior subida entre as escolas classificadas a nível global.
“Chegar aqui é difícil, e manter o lugar ou melhorá-lo ainda é mais difícil“, admite, trazendo para o debate o tema da contratação de docentes, onde o ISEG sente a maior dificuldade em manter-se em competição. E explica porquê.
“Os meus colegas têm regimes diferentes, mas eu tenho um regime de contratação que é muito rígido e que me torna muito difícil a competição no mercado internacional. Fico fora do mercado de trabalho internacional, não tenho possibilidade de dar uma remuneração competitiva no mercado internacional (…) Se não nos derem instrumentos para estar no mercado, não temos capacidade para nos aguentarmos”, justifica o economista.
Atrair corpo docente internacional
A captação de docentes estrangeiros é, de facto, para qualquer uma das três business schools uma das estratégias mais importantes ao nível da internacionalização, fator de atração dos alunos.
Na Nova SBE, a maioria dos professores já só fala inglês. “Este ano vamos contratar 20 professores que chegam em setembro, sendo que 19 são estrangeiros. Há apenas um português e, mesmo esse, tem uma carreira internacional”, adianta o dean da escola.
Os meus colegas têm regimes diferentes, mas eu tenho um regime de contratação que é muito rígido e que me torna muito difícil a competição no mercado internacional. Fico fora do mercado de trabalho internacional, não tenho possibilidade de dar uma remuneração competitiva no mercado internacional (…) Se não nos derem instrumentos para estar no mercado, não temos capacidade para nos aguentarmos.
Pedro Oliveira reconhece que a estratégia “corajosa” adotada há uns anos de não recrutar os seus próprios doutorados tem dado frutos. “Só temos 4% de professores doutorados na Nova. A capacidade de trazer sangue novo e de não estarmos só a aprender com os nossos é absolutamente essencial”, defende.
Também a Católica-Lisbon reconhece a importância de contar com um corpo docente internacional. “Atrair e reter esses professores, que são os melhores do mundo nas suas áreas de investigação, é fundamental”, afirma Filipe Santos, dean da Católica-Lisbon. E acrescenta: “O facto de os portugueses estarem confortáveis com o inglês é também uma vantagem em abrir a escola ao mercado internacional.” A escola de economia e gestão viu o seu mestrado de Finanças saltar para o 21.º lugar a nível global.
Exportar serviços altamente qualificados
Mas esta é apenas uma das formas de internacionalização. Há muitas outras. “Expor a escola ao mercado internacional, ir a feiras internacionais, como já vão as empresas do calçado a Milão… Nós vamos às feiras de educação na Alemanha, Itália, Reino Unido, Paris”, exemplifica o líder da Católica-Lisbon.
“No fundo, é o processo de exportação. Há quem exporte produtos, nós exportamos serviços. Serviços que são altamente qualificados e que têm a vantagem de a pessoa que recebe o serviço ter de deslocar-se a Portugal e viver cá durante dois anos”, continua Filipe Santos, referindo-se ao impacto económico, em especial no setor do turismo.
Há quem exporte produtos, nós exportamos serviços. Serviços que são altamente qualificados e que têm a vantagem de a pessoa que recebe o serviço ter de deslocar-se a Portugal e viver cá durante dois anos.
E não há nada de mal nessa exportação. “Não temos capacidade para absorver todos os alunos que veem estudar para cá. E não tem problema nenhum”, considera João Duque.
Além disso, defende, “se fizermos bem o nosso trabalho, é difícil os nossos alunos não serem tentados para ir para quem tem capacidade de remuneração. Não me peçam para formar mal pessoas que entram no mercado de trabalho para serem mal pagas e terem como objetivo de vida servir cafés na baixa de Lisboa“. “Uma escola não se pode substituir ao Governo”, acrescenta ainda.
Oferecer atividades de formação noutras geografias
Com alunos de um total de 92 nacionalidades diferentes, sendo a maioria oriunda da Europa, a Nova SBE quer, contudo, continuar a garantir que nenhum aluno português fica de fora. As bolsas de estudo foram criadas também para servir esse propósito.
“Este ano, vamos dar dois milhões de euros para alunos portugueses, com qualidade académica para estudar na Nova. São cerca de 400 bolsas de diferentes tipos, e estamos disponíveis para aumentar esse número se houver bons candidatos”, adianta Pedro Oliveira.
Contudo, “não se trata apenas de atrair alunos estrangeiros para estudarem em Carcavelos, é também oferecer muitas das nossas atividades de formação, da formação de executivos aos programas de grau, noutras geografias”.
Não se trata apenas de atrair alunos estrangeiros para estudarem em Carcavelos, é também oferecer muitas das nossas atividades de formação, da formação de executivos aos programas de grau, noutras geografias.
Exemplo disso são as parcerias estratégicas no mundo, nomeadamente com escolas nos Estados Unidos e no Brasil, um dos pilares cuja universidade tem vindo a desenvolver. Também a criação de um novo campus no Cairo (Egipto), que arrancou com o ano zero, materializa a aposta da universidade na internacionalização. “Vamos começar agora uma licenciatura em Gestão”, diz.
Veja a talk “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?” completa aqui.
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