Centeno avisa que crescimento previsto “não é otimista nem benevolente”
Com olhos postos nas previsões de crescimento "exigentes", o governador do BdP pede "estabilidade" e chama os bancos a remunerar depósitos e retalhistas a baixar preços face à quebra da inflação.
O governador do Banco de Portugal considera que os cenários de crescimento de 2,7% da economia portuguesa só se poderão materializar se a “estabilidade e previsibilidade, financeira e de políticas” dos agentes económicos e sociais se mantiverem, uma vez que considera que as projeções são “exigentes para todos os que querem ver Portugal continuar a convergir com a Europa”. E deixa dois recados: um para a banca, que deve aumentar as taxas de juro de remuneração dos depósitos, e outro para os retalhistas, que devem começar a refletir nos preços finais a inflexão do choque nos preços internacionais.
Num artigo de opinião publicado esta sexta-feira no Público (acesso condicionado), Mário Centeno frisa que o cenário de crescimento da economia portuguesa acima de 2% nos próximos três anos”, que apresentou no Boletim Económico de junho, “não é otimista, nem benevolente. Antes pelo contrário, é muito exigente”. E frisou que “prolongar ciclos económicos não é simples e pode levar à acumulação de tensões”. “Todo o cuidado é pouco. Estas tensões fazem-se sentir nos preços, em situações em que os ativos ficam sobrevalorizados, e posteriormente os ajustamentos podem ser abruptos e desestabilizadores”, sublinhou, dizendo claramente que “as políticas não podem ser expansionistas nesta fase do ciclo”.
Centeno defende que a banca “deve continuar a reduzir os riscos, remunerar o seu passivo e apoiar a economia portuguesa”. Para o responsável, desde 2020 que a banca tem sido “parte da solução” e defende que assim deve continuar: “essa é a melhor retribuição que pode dar a todos os portugueses”, lê-se no mesmo artigo.
Ademais, o governador recomenda que devem ser compreendidos os impactos de “natureza temporária” da crise inflacionista que durante o ano de 2022 evoluiu de forma sucessiva, tendo-se alastrado em 2023 ainda que de forma menos expressiva. Em maio, o Instituto Nacional de Estatística revelou que a inflação situou-se nos 4%.
Perante a descida da inflação, que acompanha a tendência a nível internacional, Mário Centeno pede que isso passe, também, a refletir nos preços aos consumidores. “O choque nos preços internacionais que esteve na sua origem já foi revertido. Cabe agora refletir essa reversão nos preços ao consumidor, em Portugal e na Europa”, diz.
Ainda em linha com a importância de ser prezada a “estabilidade”, o governador do banco central argumenta ser “necessário manter a redução do endividamento e aumentar a poupança”, ao mesmo tempo que se aposta na valorização da mão de obra estrangeira: “É necessário (…) abrir as nossas fronteiras ao conhecimento e ao trabalho de todos os que possam contribuir para o sucesso da nossa sociedade“.
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