Já há procurador europeu: João Ranito bate Carlos Alexandre

O magistrado do MP José Ranito foi confirmado como novo procurador europeu de Portugal. José Ranito sobe assim na hierarquia, tendo batido as candidaturas de Carlos Alexandre.

O magistrado do Ministério Público (MP) José Ranito foi confirmado pelo Conselho Europeu como novo procurador europeu de Portugal na Procuradoria Europeia, sucedendo no cargo a José Guerra.

O magistrado, que exerce atualmente funções como procurador delegado na Procuradoria Europeia, foi o único candidato apresentado pelo Conselho Superior do Ministério Público.

O procurador que liderou a investigação ao Grupo Espírito Santo (GES/BES) e foi nomeado pela ministra da Justiça para ocupar o lugar de procurador europeu liderou durante seis anos uma equipa de sete procuradores e dezenas de investigadores que reuniram milhares de informações que suportam a acusação a 25 arguidos, dos quais 18 são pessoas singulares e sete são pessoas coletivas.

“O Conselho nomeou hoje dois procuradores europeus para a Procuradoria Europeia: Ignacio de Lucas Martín e José António Lopes Ranito. Tomarão posse em 29 de julho de 2023”, lê-se numa nota divulgada pelo Conselho Europeu.

Até agora procurador europeu delegado, José Ranito sobe assim na hierarquia, tendo batido as candidaturas dos juízes Carlos Alexandre e Filipe Marques, que também tinham concorrido ao posto na Procuradoria Europeia.

A Procuradoria Europeia é órgão independente com competência para investigar, instaurar ações penais e deduzir acusação e sustentá-la na instrução e no julgamento contra os autores das infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União, como, por exemplo, fraude, corrupção ou fraude transfronteiriça ao IVA no valor de vários milhões de euros.

O juiz Carlos Alexandre, após a sua audição relativamente à Operação Fizz, no Campus de Justiça, em Lisboa, 13 de março de 2018. JOÃO RELVAS/LUSAJoão Relvas/LUSA 13 Março, 2018

Ao fim de quase 40 anos de experiência e duas décadas no Tribunal Central de Instrução Criminal, onde teve em mãos processos como a Operação Marquês ou o Universo Espírito Santo, Carlos Alexandre apresentou-se à última hora como candidato à Procuradoria Europeia, com o cargo prestes a ficar vago devido à saída do procurador José Guerra. No entanto, ficará no Tribunal da Relação de Lisboa.

O processo de candidatura a procurador europeu reunia a 19 de abril apenas dois candidatos, um por cada conselho: o procurador José Ranito, pelo CSMP, e o juiz Ivo Rosa, pelo CSM (na sequência da anterior desistência do desembargador José António Rodrigues Cunha).

Por isso, o Ministério da Justiça (MJ) pediu ao Conselho Superior da Magistratura (CSM) e ao Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) para escolherem mais candidatos ao cargo de procurador europeu, depois da desistência do juiz Ivo Rosa, anunciada dias antes.

Em comunicado, o MJ de Catarina Sarmento e Castro relembrava que é aos CSM e CSMP que compete “proceder à seleção e indicar ao Governo os candidatos ao exercício das funções de Procurador Europeu nacional. É aos Conselhos que cabe indicar os candidatos que serão apresentados pelo Governo à Assembleia da República para audição, também cabendo aos mesmos Conselhos apreciar o cumprimento dos critérios estipulados no regulamento europeu e na lei”.

“Cumprido esse procedimento, e após serem ouvidos na Assembleia da República, cabe ao Governo remeter ao Conselho da União Europeia os nomes dos candidatos, previamente selecionados pelo Conselho Superior da Magistratura e pelo Conselho Superior do Ministério Público, para que sejam ouvidos por um painel da União Europeia, assim prosseguindo o previsto no regulamento europeu para a nomeação do Procurador Europeu nacional”.

Em Junho, depois de todos os candidatos (cinco) terem sido ouvidos na Assembleia da República, o MJ acabou por designar que Portugal “designou o desembargador Carlos Manuel Lopes Alexandre, o juiz de Direito Filipe César Vilarinho Marques e o procurador da República José António Lopes Ranito como candidatos nacionais ao cargo de Procurador Europeu”.

O magistrado português José Guerra – que exerce o cargo até 23 de Julho – foi indicado pelo Governo para o cargo de procurador europeu depois de ter sido selecionado em primeiro lugar pelo CSMP, mas após um comité europeu de peritos ter considerado como melhor candidata para o cargo Ana Carla Almeida.

O Governo esteve desde então – ainda no mandato da ex-ministra a Justiça, Francisca Van Dunem – no centro de uma polémica, sobretudo por ter transmitido dados errados numa nota ao Conselho da União Europeia apensa ao currículo de José Guerra, ainda que a estrutura tenha corroborado a posição do executivo português de que os “lapsos” relativos à proposta de nomeação do magistrado para procurador europeu não interferiram com a decisão da sua nomeação.

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