DBRS revê em alta rating de Portugal. É a segunda subida no espaço de um ano

  • ECO
  • 21 Julho 2023

A agência de notação financeira canadiana melhorou a notação da dívida soberana portuguesa para 'A', com perspetiva "estável".

A DBRS Morningstar reviu em alta a notação (rating) da dívida portuguesa, que passou de ‘A’ (baixo) para ‘A’, com a perspetiva (outlook) a manter-se “estável”, anunciou esta sexta-feira a agência canadiana.

Esta subida é justificada com “a melhoria significativa dos resultados orçamentais e da dívida de Portugal” que, diante de uma “conjuntura externa exigente”, revela uma “maior resiliência” e uma “redução do risco de crédito”, lê-se na nota publicada pela DBRS.

Depois do défice de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, a agência canadiana antecipa um saldo orçamental equilibrado ou “mesmo um excedente este ano” e valoriza a previsão do Banco de Portugal para a dívida pública em 2025, que espera um rácio de 92,5% do PIB.

Porém, a DBRS assinala duas “vulnerabilidades”, designadamente “o nível ainda comparativamente elevado, embora em rápida melhoria, da dívida pública e o potencial de crescimento económico relativamente baixo“. Além disso, a inflação e as taxas de juro elevadas podem “prejudicar as perspetivas de crescimento económico, especialmente tendo em conta a grande maioria dos empréstimos hipotecários a taxa variável”, aponta.

Num retrato otimista da economia, a agência de notação financeira desvaloriza os défices correntes dos últimos três anos e destaca a diversificação das exportações portuguesas, em particular as vendas relacionadas com o setor tecnológico e o turismo. Ainda que o ambiente das taxas de juro possa causar “algum stress” à economia, a DBRS nota que a banca no país está numa “melhor posição do que no início da pandemia” e a qualidade dos ativos progrediu.

Outro trunfo é a injeção de fundos europeus na economia através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “As autoridades portuguesas preveem que o impacto no crescimento do PIB seja de 3,5% até 2025” e Bruxelas aponta para um aumento entre 1,5% e 2,4% em 2026, assinala a DBRS, antes de acrescentar que o impacto poderia ser maior caso fosse acompanhado de “reformas estruturais”.

Para o futuro, a agência canadiana volta a focar-se quase exclusivamente na evolução das contas públicas: “Novas revisões em alta da notação do país podem acontecer caso o Governo consiga reduzir a dívida pública mais do que o previsto. Pelo contrário, a DBRS pode inverter a decisão desta sexta-feira no caso de existir um enfraquecimento das políticas macro sustentáveis, com impacto negativo nas finanças públicas”.

Em agosto de 2022, a DBRS tinha melhorado o rating da dívida portuguesa de ‘BBB’ para ‘A’ (baixo) pela primeira vez em 11 anos e mudou a tendência de “positiva” para “estável”, decisão que manteve no final de janeiro deste ano. O rating é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.

A próxima agência a decidir sobre o rating de Portugal será a Standard & Poor’s (S&P) no dia 8 de setembro, quase um ano depois de ter também revisto em alta a notação da dívida nacional para BBB+. No entanto, os calendários das agências são meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.

(Notícia atualizada às 21h59)

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