EMEL admite dificuldades em responder ao aumento da procura pelas bicicletas GIRA
O aumento da procura por bicicletas GIRA representam um "sucesso" da operação mas também dificultam a capacidade de resposta. Dificuldades na app e falta de bicicletas entre as principais queixas.
A Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), responsável pela gestão de frota das bicicletas elétricas GIRA, reconhece que o aumento da procura pelo serviço tem dificultado o poder de resposta da empresa que, recentemente, tem sido alvo de queixas da parte dos utilizadores. À Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) têm chegado diversas reclamações ligadas à utilização das GIRA, entre elas, dificuldades no acesso à app e também a falta de bicicletas para o número de utilizadores ativos.
Ao ECO/Capital Verde, a MUBi detalha que a “não existência de estações e docas em toda a cidade, em particular em zonas da cidade mais desfavorecidas e pior servidas por transporte público”, tem provocado dificuldades, que se agravam com os “problemas” na aplicação do serviço. Entre elas, a “autenticação repetida” – algo que a EMEL considera ser uma medida de segurança, ainda que reconheça o “incómodo” que possa provocar nos utilizadores. “É um tema que estamos a acompanhar e contamos que brevemente seja corrigido”, informa ao ECO/Capital Verde.
Ademais, a MUBi indica que a aplicação sugere a existência de “bicicletas fantasma”, isto é, “bicicletas que estão na doca assinaladas a ‘verde’ (disponíveis) mas que não aparecem na app” e ainda a ocorrência de “viagens virtuais”. Neste cenário, detalha a associação, a app informa que a bicicleta se encontra desbloqueada, “todavia a doca não emite o som de desbloqueio e o utilizador não consegue tirar a bicicleta”.
Estas dificuldades foram comunicadas diretamente à EMEL numa reunião que decorreu entre ambas as partes e da qual a MUBi saiu com a promessa de que a entidade “estaria a resolver a situação”.
Ao ECO/Capital Verde, a EMEL confirma o encontro e justifica que tem “tentado diariamente”, através das equipas e do conhecimento no terreno, que “o balanceamento seja efetuado de acordo com padrões que acompanham a procura real de bicicletas por zona”. No entanto, reconhece que “esse trabalho não é perfeito”, na medida em que “as bicicletas estão limitadas à quantidade disponível e por outro lado, existe um rápido crescimento do número de utilizadores e de viagens diárias realizadas pela GIRA, resultante do sucesso da operação”, explica a entidade.
Atualmente, a EMEL garante disponibilizar diariamente cerca de 1.100 bicicletas de uma frota de cerca de 1.500, estando em curso a aquisição de mais 500 bicicletas até ao final do ano. Estas bicicletas encontram-se distribuídas pelas 146 estações GIRA distribuídas por Lisboa “e estamos neste momento a planear com a Câmara Municipal de Lisboa as suas futuras localizações”.
Apesar das queixas, a EMEL garante que esta frota tem conseguido dar resposta “adequada” aos cerca de 28 mil utilizadores com passe ativo, porém, adianta que o reforço de 500 bicicletas “permitirá dar resposta aos níveis de crescimento de utilizadores” que tem vindo a registar. No primeiro semestre, a EMEL registou um aumento de 7% no número utilizadores e de 3% no número de viagens realizadas, face ao período homólogo de 2022.
Por sua vez, a MUBi rejeita que a EMEL tenha conseguido dar conta do recado. “Continua a haver zonas da cidade que não são servidas pelo sistema” e, mais recentemente, com a garantia de acesso gratuito para os residentes de Lisboa com passe Navegante, “não se garantiu o proporcional aumento do número de bicicletas”, especialmente numa altura de maior procura devido ao verão. “Neste momento, julgamos imprescindível que se aumente o número de bicicletas disponíveis – não sendo aceitável a constante elevada proporção de bicicletas para reparação”.
Mas a EMEL também aponta o dedo aos utilizadores. Ao ECO/Capital Verde a empresa responsável pela gestão das GIRA relata um “aumento anormal” de avarias nas bicicletas que se prendem com “situações de má utilização” caracterizadas por utilizações “abusivas e irregulares”. A título de exemplo, a EMEL refere o transporte de dois ou mais indivíduos, “prática que tem causado danos substanciais” nas bicicletas.
Entre os danos mais comuns, a EMEL destaca, a quebra dos quadros das bicicletas, “que provocam a diminuição do número de bicicletas em operação e colocam em causa a segurança de quem as utiliza”. Perante este cenário, a EMEL revela que está a preparar ações que sensibilizem os utilizadores “para uma utilização correta das bicicletas GIRA”.
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