Estado subsidiou compra de 86 carros da Tesla, mais 79% do que em 2021
A Peugeot foi a marca mais procurada para o incentivo do Estado à aquisição de veículos 100% elétricos em 2022, com um crescimento de mais de 95% face ao ano anterior.
O incentivo do Estado para a compra de veículos 100% elétricos subsidiou a aquisição de 86 automóveis da Tesla em 2022, um aumento de 79,2% face ao ano anterior, quando foram comprados 48 carros da fabricante norte-americana, cujos preços em Portugal começam nos 39 mil euros.
Ao todo, houve 134 candidaturas para adquirir um veículo ligeiro da empresa liderada por Elon Musk com a ajuda do incentivo de 4.000 euros, mas 14 foram excluídas (porque não cumpriam os requisitos do regulamento) e 34 não foram apoiadas porque a dotação desta tipologia já se encontrava esgotada. As outras marcas de gama alta têm números mais baixos: a Volvo 27, BMW 22, Mercedes 20 e Audi 11.
De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática ao ECO, a Peugeot (192) – a marca de automóveis mais vendida em Portugal em 2022, tal como em 2021 – ultrapassou a Nissan (168) como a marca em que os consumidores mais usaram o cheque do Estado para a compra de veículos 100% elétricos. Tendo em conta que em 2021 tinham sido adquiridos 98 automóveis da fabricante francesa e 158 da fabricante japonesa através deste apoio, os valores de 2022 representam subidas de 95,9% e 6,3%, respetivamente.
E se, em 2021, apenas a Nissan suplantou os 100 veículos elétricos de passageiros comprados com o cheque para pessoas singulares, no ano passado houve quatro marcas que superaram esse registo: além da Peugeot e da Nissan, também a Dacia (177) e a Hyundai (110). Note-se que, em 2021, os “cheques” não tinham adquirido qualquer automóvel da marca romena (que pertence ao Grupo Renault), enquanto a fabricante sul-coreana teve um crescimento de quase 31% em 2022.
No total, o ministério tutelado por Duarte Cordeiro recebeu 2.224 candidaturas ao apoio à compra de automóveis ligeiros de passageiros 100% elétricos para pessoas singulares, mais 95% do que no ano anterior. Nesta tipologia, que esgotou a verba de 5,2 milhões de euros ao conceder incentivos de 4.000 euros a 1.300 beneficiários para a aquisição de um veículo até ao preço de 62.500 euros, foram excluídas 187 candidaturas e outras 737 não foram apoiadas por falta de verba.
Também na mobilidade elétrica dos ligeiros de mercadorias, cujo apoio foi de 6.000 euros por viatura em 2022, num plafond total de 900.000 euros, a Peugeot superou a Nissan, com 39 veículos adquiridos contra apenas cinco da fabricante japonesa. Estes números revelam um crescimento da fabricante francesa de 550% nesta tipologia, enquanto a Nissan teve uma queda de 78,3%.
O maior destaque depois da Peugeot vai para uma concorrente do mesmo país, a Renault, que somou 31 veículos comprados nesta categoria com o incentivo estatal, logo seguida da Opel (27). Embora o máximo de beneficiários previstos nesta categoria fosse de 150, houve 178 candidaturas, do total de 371, que receberam o cheque do Estado em 2022 (mais 131,2% em relação ao ano anterior), visto que houve dinheiro disponível proveniente de outras tipologias em que não se atingiu a totalidade dos incentivos.
Compra de bicicletas representa 86% dos incentivos
As categorias que incluem bicicletas, motociclos, ciclomotores, triciclos, quadriciclos e outros dispositivos de mobilidade pessoal elétricos receberam novamente o maior número de candidaturas. Num total de 11.487 pedidos, 9.206 conseguiram o apoio do Estado à aquisição de veículos elétricos, o que corresponde a cerca de 86,2% da totalidade de candidaturas com incentivo – ligeiramente acima dos valores de 2021, ano em que esta categoria representou quase 84% dos cheques concedidos.
Para as bicicletas de carga, 345 das 395 candidaturas receberam o “cheque”. Às “duas rodas” convencionais, isto é, bicicletas de carga sem assistência elétrica, foram concedidos oito apoios de até 1.000 euros, todos para pessoas singulares. No caso de bicicletas de carga com assistência elétrica, cujo “cheque” era no máximo de 1.500 euros, foram elegíveis 106 pessoas coletivas e 231 singulares.
Com a maior dotação do Fundo Ambiental na categoria das “duas rodas”, designadamente de 2,278 milhões de euros, as bicicletas elétricas para uso citadino tiveram direito a 4.913 apoios estatais, de até 500 euros cada.
Os motociclos, ciclomotores, triciclos, quadriciclos e outros dispositivos elétricos de mobilidade pessoal, que tinham uma verba de 525 mil euros, tiveram 2.701 incentivos do Fundo Ambiental, até ao máximo de 500 euros. Enquanto os motociclos conseguiram 261 candidaturas aceites, os ciclomotores elétricos outras 95 e os triciclos e quadriciclos obtiveram quatro e 48, respetivamente. Os dispositivos de mobilidade (como as trotinetes) foram, de longe, o veículo que mais cheques arrecadou nesta categoria, num total de 2.293 (2.156 para pessoas singulares e 137 para coletivas).
Já as bicicletas citadinas convencionais tiveram 1.247 candidaturas aprovadas num total de 1.546 candidaturas recebidas, o que significa que 1.166 pessoas singulares e 81 coletivas receberam um incentivo no valor de 20% do valor de aquisição, incluindo IVA, até ao máximo de 100 euros.
Total de cheques atribuídos aumentou quase 90%
O Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Baixas Emissões recebeu 14.082 candidaturas no ano passado, mas apenas 10.684 arrecadaram efetivamente o cheque do Estado, o equivalente a 75,9% do total de pedidos. Igualmente, verificou-se, de 2021 para 2022, um grande aumento das candidaturas a este apoio, de 84,85%, e, consequentemente, das candidaturas que receberam incentivo, de 89,5%.
Em 2022, o incentivo à aquisição de veículos elétricos e de “mobilidade suave” passou a incluir a instalação de postos de carregamento privativos em condomínios, o que, segundo mostram os dados fornecidos pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática ao ECO, resultou em 30 candidaturas, das quais foram aceites 17 (16 para pessoas singulares e apenas uma para condomínios).
Este apoio, que existe desde 2017 e cuja gestão compete à direção do Fundo Ambiental, foi reforçado em 2022, tendo aumentado para dez milhões de euros – dotação que se mantém em 2023.
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