Comissão do novo aeroporto dispensada de fazer avaliação de impacto ambiental
Resolução reforça autonomia da comissão técnica independente do novo aeroporto, que também fica dispensada de fazer uma avaliação de impacto ambiental ou de estudar em detalhe os projetos.
A Comissão Técnica Independente (CTI) para o novo aeroporto de Lisboa está dispensada de apresentar uma avaliação de impacto ambiental e de estudar em detalhe os projetos para a infraestrutura. Alterações constam de uma resolução do Conselho de Ministros publicada esta quarta-feira em Diário da República. Governo considera que era necessária uma “adequação das tarefas ao objeto da respetiva missão”.
O diploma altera a resolução de outubro de 2022 sobre a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, que cria a CTI. Na redação original estava prevista a realização de uma “avaliação de impacte ambiental” das várias opções estratégicas, que vão desde a conjugação do Humberto Delgado com um novo aeroporto no Montijo a uma infraestrutura única em Alcochete ou Santarém. Na nova versão, aquela obrigação deixa de constar.
A comissão fica também dispensada de avaliar os projetos específicos para cada solução. Em vez de um “estudo prévio” para cada uma das opções estratégicas, a CTI terá apenas de entregar o “programa base”, que é menos aprofundado e detalhado. O estudo prévio prevê, por exemplo, a entrega da memória descritiva e justificativa, elementos gráficos elucidativos sob a forma de plantas, alçados, cortes, perfis, esquemas de princípio e outros elementos, ou a definição geral dos processos de construção e da natureza dos materiais e equipamentos mais significativos.
O entendimento de Rosário Partidário, coordenadora-geral da CTI, é de que, quer a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), quer o estudo em detalhe dos projetos, não fazem sentido no quadro da AAE. “A avaliação ambiental estratégica não é uma avaliação de impacto ambiental. Não é e nunca vai ser”, afirmou numa conferência realizada este mês. Uma vez escolhida a solução final pelo Governo, essa sim terá de ser sujeita a uma AIA. Na mesma conferência, Rosário Partidário, disse também que a comissão “não vai descer ao nível do projeto”.
A resolução original obriga à realização de “um plano final de desenvolvimento” para cada aeroporto. É agora clarificado que este se refere a um “plano com layouts preliminares de capacidade máxima para cada aeroporto de forma a que seja comparável entre as várias opções estratégicas e ajustado às características de cada sítio, de acordo com a definição de programa base, incluindo o estudo meteorológico, os planos de abastecimento de combustível e energia, o estudo de capacidade, a avaliação da operacionalidade e a avaliação de segurança”.
O estudo da capacidade dos sistemas e subsistemas aeroportuários passa a ter como referencial “os sistemas aeroportuários neles se incluindo uma análise da viabilidade técnica dos sistemas de espaço aéreo, pista, taxiway, terminal e acessibilidades”.
A entidade coordenada por Rosário Partidário vê também a sua autonomia reforçada, ficando explícito que “pode desenvolver e adaptar as bases técnicas e metodológicas constantes” da resolução, “incluindo a articulação das equipas de projeto e dos pacotes de trabalho”.
“Verificou-se ser conveniente proceder a ajustes pontuais que consistem na adequação das tarefas ao objeto da respetiva missão, aproveitando-se a introdução de alterações para clarificar que a autonomia inerente ao mandato da Comissão Técnica inclui a habilitação para proceder ao desenvolvimento e adaptação das referidas bases”, justifica a resolução do Governo.
A resolução clarifica também que o relatório final a entregar ao ministro das Infraestruturas terá de conter “a avaliação técnica de todas as localizações estudadas nos termos da presente resolução, autonomizando os custos e prazos de execução de cada uma delas com as correspondentes infraestruturas complementares”.
O Governo aprovou este mês também um decreto-lei que permite recorrer a ajustes diretos para contratos até 215 mil euros, de forma a acelerar a contratação dos estudos necessários para a avaliação estratégica. É suposto a CTI entregar o relatório final até ao final do ano, mas devido aos atrasos Rosário Partidário admitiu que isso possa acontecer só em janeiro, para dar tempo à consulta pública.
As opções em cima da mesa para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa são Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas e Rio Frio + Poceirão. A CTI divulgou recentemente os fatores críticos de decisão para avaliar a melhor solução para o novo aeroporto, que vão estar em consulta pública até 4 de agosto.
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