Arrefecer a casa no verão. Ventoinha de teto ganha ao ar condicionado (e outras dicas)
Agosto começou com uma subida das temperaturas a nível nacional e, com isso, reavivou-se o tema da pobreza energética. Em casa, os portugueses arrefecem as casas, mas qual é o equipamento mais caro?
Numa altura em que as temperaturas a nível mundial batem recordes, e 2023 já ameaça ser o terceiro ano mais quente desde de que há registo, é inevitável que as temperaturas sentidas no exterior acabem por influenciar, também, o interior das casas. Ainda que, tipicamente, o termo “pobreza energética” esteja mais associado à sensação de frio dentro de casa, certo é que o verão também é uma altura de desconforto térmico para muitas famílias.
Num estudo levado a cabo pela Lisboa E-Nova, Agência de Energia e Ambiente de Lisboa e a AdEPorto, Agência de Energia do Porto, 32% dos residentes em Lisboa e no 23% dos residentes no Porto admitiu desconforto em relação à temperatura em casa no verão. Por sua vez, um conjunto de testemunhos recolhidos pela associação ambientalista Zero e entregues ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, este ano, indicava que 54% dos inquiridos dizia sofrer de “frio” e de “calor” dentro de casa durante o inverno e verão, respetivamente.
Colmatar esse desconforto térmico com o recurso a ventoinhas ou ar condicionado é a alternativa mais comum, depois de os refrescos, janelas abertas ou vestuários adequados já não serem capazes de o fazer. A decisão tem, naturalmente, impactos na fatura da eletricidade.
Com isto em mente, o comparador de tarifas de energia e telecomunicações Selectra fez as contas e partilhou-as com o Capital Verde. Esta entidade estima que arrefecer a casa no verão, durante uma hora e ao longo de um período de 30 dias, poderá traduzir-se num acréscimo na fatura da eletricidade que pode ascender aos 15 euros, no mercado livre, e aos 16 euros no mercado regulado. Os montantes, porém, variam consoante o perfil do consumidor, equipamento utilizado e tarifa contratada.
As estimativas foram feitas com base no preço de consumo, não tendo sido incluídos impostos nem o preço de potência diária, explica a Selectra. Para uma configuração familiar sem filhos, foi considerado o uso de um ar condicionado fixo numa divisão da casa. Neste caso, arrefecer a casa custa cerca de 5 euros, tanto no mercado livre como no regulado.
Para famílias com dois filhos, foram incorporados dois ares condicionados fixos, em duas divisões da casa, e uma ventoinha de teto. Nesta situação, as diferenças também não são muitas, custando cerca de 10 euros, tanto no mercado regulado como no livre.
Por fim, para famílias com quatro filhos, a diferença entre arrefecer a casa com uma tarifa no mercado regulado ou no livre é de um euro. Neste cenário, foram contabilizados dois ares condicionados fixos, duas ventoinhas de teto e um ar condicionado portátil, espalhados por várias divisões.
Ventoinha de teto ganha em relação ao ar condicionado
Em todas as situações avaliadas pela Selectra, é evidente que o ar condicionado é o equipamento menos económico na fatura de qualquer consumidor, quer no mercado livre ou regulado. Segundo as contas, este equipamento ligado, durante um mês, por pelo menos uma hora por dia, resulta num acréscimo de cerca de cinco euros na fatura.
Os valores caem para quase metade quando se avalia o custo do ar condicionado portátil na fatura mensal da eletricidade. No mercado livre, este equipamento representa um acréscimo de 2,88 euros na fatura, enquanto no mercado regulado, o mesmo equipamento chega a pesar cerca de 3 euros no consumo final do mês.
A ventoinha de teto é, segundo as contas da Selectra, aquela que pesa menos na fatura, acrescentando quase 0,40 cêntimos na fatura mensal da eletricidade.
Procura por ares condicionados dispara até agosto
A análise surge numa altura em que a procura por ares condicionados tem subido de forma significativa em Portugal.
De acordo com a Fixando, um serviço de marketplace para contratação de serviços, a procura por instalação de ares condicionados subiu 50% entre 1 de junho e 6 agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.
Na verdade, salienta a app, o aumento da procura foi tão significativo “que o setor não tem conseguido responder a todos os pedidos”: no período referido, 47% dos clientes tiveram dificuldades em obter resposta ao seu pedido.
A procura teve, por sua vez, implicações sobre o valor do serviço que, segundo a Fixando, aumentou em comparação com o ano passado. Neste momento, o preço médio pelo serviço de instalação de ares condicionados é de 437 euros (mais 30 euros face a 2022) e de 83 euros por serviço de manutenção (mais nove euros face ao ano passado).
Para além da instalação de ares condicionados, que correspondeu a 42% da procura por serviços de climatização, a Fixando registou ainda pedidos de reparação (24%) e manutenção (15%) destes equipamentos. Globalmente, a procura por estes serviços cresceu 34% face ao período de 1 de junho a 6 de agosto do ano passado, revelam.
Uso eficiente dos equipamentos pode gerar até 40% de poupanças
“Acreditamos firmemente que, ao compreender plenamente as opções disponíveis e os respetivos custos associados, as famílias poderão adotar medidas eficazes para poupar energia e reduzir as despesas, sem comprometer o seu conforto“, refere a Selectra.
Entre as recomendações, a empresa apela ao uso eficiente dos equipamentos. Por exemplo, opte por colocar o ar condicionado a uma temperatura entre 24 graus Celsius e 25 graus Celsius, “pois cada grau que baixar o consumo de energia aumentará em 8%”.
Além disso, aponta que 80% do consumo do ar condicionado resulta do arrefecimento do ar que recolhe. “Assim, é muito mais barato utilizar uma ventoinha que, embora não arrefeça o ar, fá-lo circular”, concluem. E, por fim, recomenda que, caso se opte por comprar um aparelho de ar condicionado, na altura da compra deve certificar-se de que tem uma etiqueta energética “A”. “Se esta for A+++, a poupança de energia será cerca de 40%“, aponta a Selectra. E já depois de o adquirir, assegure-se que as janelas estão fechadas quando o ligar”.
As poupanças também se verificam quando são desligados aparelhos que não estar a ser utilizados — especialmente quando vai de férias — pois deixá-los em stand-by, segundo as contas da Selectra, representam 10% a 16% do consumo doméstico de eletricidade.
Mas existem outras formas de arrefecer a casa nos dias mais quentes, sem que faça recurso a aparelhos. A título de exemplo, a Deco Proteste recomenda o fecho das janelas, com a ajuda de estores e toldos e, se puder, coloque plantas altas perto da janela para criar sobra. “Com estes gestos, poupa cerca de 30% de energia“, estima a associação de proteção do consumidor.
Já nos dias mais abafados, quando sair de casa, a Deco recomenda o uso de roupas leves e frescas e que se evite esforço físico, e, quando possível, abra janelas de fachadas opostas, para obter um arejamento intensivo.
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