Governo vai rever compensação por abate de sobreiros em projeto da EDP
Plano de compensação pelo abate de 1.821 sobreiros vai ser revisto pelo Governo. EDPR diz ao Capital Verde que vai cumprir plano de florestação incluindo, se aplicável, alterações propostas.
O Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) vai avançar com a criação de um grupo de trabalho para avaliar as compensações por abate de sobreiros em projetos futuros. A decisão acontece depois de o Governo ter autorizado a EDP Renováveis a abater 1.821 sobreiros para a construção do parque eólico de Morgavel, em Sines. A energética já garantiu que irá compensar esse abate com a plantação de 42.000 árvores e arbustos, que, por decisão do ministro, será no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, mas o Governo dá nota de que a localização de parte dessa compensação vai ser a revista.
Em resposta ao ECO/Capital Verde, a EDP Renováveis garante que vai “cumprir o plano de florestação aprovado pelo ICNF”, “incluindo, se aplicável, as alterações agora propostas”. Ademais frisa que o grupo de trabalho agora formado pelo Governo não afeta “o compromisso” da energética com o ambiente e a sustentabilidade, nem o trabalho de colaboração que diz manter com as comunidades “e várias entidades competentes”.
Em comunicado, o gabinete de Duarte Cordeiro explica que face às “contestações e dúvidas” geradas relativamente a “determinados empreendimentos”, e os respetivos projetos de compensação de abate de sobreiros, “o Ministro do Ambiente e da Ação Climática determinou a criação de um grupo de trabalho para analisar as compensações por abate de sobreiros e avaliar e propor melhorias nesses processos” que só poderão ser aplicadas em projetos futuros. Ou seja, o projeto da EDP vai manter-se inalterado. O grupo de trabalho ficará operacional até 31 de dezembro de 2023.
Ademais, informa a nota divulgada esta quinta-feira, ficou determinado que será revista “a localização de parte da compensação do parque eólico de Morgavel” promovido pela EDP Renováveis, em Sines. A nota recorda que, no caso de corte ou arranque de sobreiros e azinheiras em povoamento, a legislação prevê que as medidas compensatórias devem apresentar uma área de, pelo menos, 1,25 vezes àquela que for afetada.
O plano de compensação da EDP Renováveis pelo corte de árvores na zona do parque eólico de Morgavel prevê a plantação de cerca de 42.000 árvores e arbustos, das quais 30.000 serão sobreiros e 12.000 medronheiros, numa área total aprovada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), equivalente a 50 hectares. “A EDP irá assegurar a manutenção dessa área florestal, ao longo da duração do projeto e, já numa fase imediata, a beneficiação de estradas e acessos em mais de sete quilómetros, com impacto direto no apoio ao combate a incêndios”, vinca em resposta ao ECO/Capital Verde.
Este grupo de trabalho, que será coordenado por um representante do ICNF, será formado por um membro do Gabinete do Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas e representantes da Associação Portuguesa da Cortiça, da União da Floresta Mediterrânica da associação ambientalista Zero e do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento. Segundo a nota, não irão auferir qualquer remuneração ou abono pelo exercício das suas funções.
Até ao final do ano, este grupo ficará responsável por avaliar as normas e procedimentos associados à elaboração e implementação dos projetos de compensação por abate de sobreiros ou azinheiras; identificar e formalizar propostas de alteração procedimental ou legislativa e ainda avaliar a implementação das medidas compensatórias em vigor, tendo a liberdade de apresentar eventuais propostas de melhoria, nomeadamente ao nível da monitorização e da divulgação.
O Ministério do Ambiente dá nota de que a floresta representa mais de 3,2 milhões de hectares do território português, e cerca de um terço é ocupada por sobreiros e azinheiras, estimando-se a existência de 36 milhões de sobreiros. Nesse sentido, informa, cabe ao Estado “garantir a regulamentação e a fixação de medidas de apoio para assegurar a sua proteção”.
(Notícia atualizada às 20h34 com reação da EDP Renováveis)
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