Com 500 milhões na mira, Fundo Land espera começar a comprar terrenos em 2024
O Fundo Land, que pretende captar 500 milhões de euros em cinco anos, quer reunir até ao final de dezembro o investimento necessário para começar a adquirir terras.
O Fundo Land, que pretende captar 500 milhões de euros em cinco anos e espera oferecer aos investidores um retorno de cerca de 10%, pretende levantar até ao final do ano o capital necessário para começar a comprar terrenos.
“O objetivo é captar 500 milhões de euros, maioritariamente de investidores internacionais, em cinco anos, para realizar intervenções num total de áreas até 200 mil hectares” por todo o país, com mais incidência nas zonas desertificadas, explicou à agência Lusa João Raimundo, porta-voz do fundo.
“Estamos a captar investimento e, até final do ano, pretendemos conseguir angariar o montante adequado para começar a comprar terrenos“, resume João Raimundo, quando questionado acerca do ponto em que está o projeto.
Este instrumento é referido como o primeiro fundo de investimento imobiliário português visando a sustentabilidade, com autorização da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), obtida em fevereiro, e aponta para um retorno de 10% ao longo da sua vida, de 15 anos, renovável por períodos de cinco anos.
João Raimundo salienta, no entanto, que o retorno do investimento depende de vários fatores, como a evolução do preço do carbono, no mercado.
Entre os promotores do fundo está o empresário Filipe de Botton, a quem se juntaram Fernando Esmeraldo (ex-presidente da gestora de fundos ECS), Ângela Lucas (investigadora da Católica na área da sustentabilidade e ex-assessora do Ministério do Ambiente), João Lopes Raimundo (gestor que esteve em vários negócios de capital de risco) e Carlos Trindade (especialista em gestão agroflorestal).
O grupo de profissionais de vários setores que se juntaram para criar o fundo definiram como tarefa a aquisição e gestão responsável de terras, principalmente abandonadas, por terem sido destruídas por incêndios ou por serem solos pobres, mas também o sequestro de carbono e a dinamização das regiões.
Esta gestão inclui “reflorestar com espécies autóctones, mais adaptadas à seca e mais resilientes aos incêndios, recuperar ecossistemas, e captar carbono”, contribuindo para a redução da pegada carbónica das entidades ou empresas investidoras no fundo, realçou Ângela Lucas, também porta-voz do Land.
Classificado como um fundo ‘verde escuro’ por ter o objetivo principal de ser sustentável, nas vertentes ambiental e social, o Land tem como meta atingir 750.000 toneladas de carbono sequestradas por ano.
Um ponto realçado pela advogada, especialista em legislação relacionada com alterações climáticas, é a dinamização e fixação das populações através de atividades económicas agroflorestais conjugadas com criação ou recuperação de produções características de cada região.
E se o rendimento obtido nas florestas é de longo prazo, o mesmo não acontece na captação de carbono, que é de mais curto prazo, “permitindo ter sustentabilidade” num tempo mais próximo, especifica João Raimundo, explicando que o objetivo é estar em várias zonas e ter floresta em diversas fases de desenvolvimento.
Ângela Lucas fala ainda da importância da utilização da tecnologia para defender e recuperar os ecossistemas, com novas soluções para, por exemplo, prevenir e detetar incêndios, medir o carbono captado ou acompanhar a evolução da biodiversidade.
Para perceber como pode o Fundo Land aproveitar as vantagens da tecnologia para cumprir os seus objetivos, avançou com uma parceria com a NOS.
Portugal fixou a meta de atingir a neutralidade carbónica em 2045, o que implica que as emissões de dióxido de carbono têm de ser compensadas, nomeadamente, pelo sequestro e armazenamento de carbono.
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