Professores aplaudem aumento de colocações, mas alertam que é preciso reter futuros profissionais
Sindicatos dos professores veem como "positivo e importante" o aumento de alunos colocados para cursos de Educação, mas alertam que é necessário criar condições para reter os futuros profissionais.
Os sindicatos que representam o setor da Educação veem com bons olhos o aumento do número de estudantes colocados nos cursos de formação de professores, mas alertam que ainda fica “muito aquém” para compensar as aposentações. Por isso, insistem que é necessário tornar a carreira mais atrativa para reter os futuros profissionais.
“É positivo e importante que aumente o número de jovens que vão para os cursos de formação”, realça o secretário-geral da Fenprof, em declarações ao ECO, lembrando, no entanto, que este número está ainda “muito aquém” para compensar a saída de milhares de docentes que se reformam por ano. “Em 2021, aposentaram-se 1.944 professores, no ano passado aposentaram-se 2.401 e este ano já vamos em 2.493”, alerta Mário Nogueira, sublinhando que “só em dois anos as aposentações de professores aumentaram 80% e batem recordes”.
Até ao final do ano, o setor antecipa que mais de três mil professores entrem na reforma e é expectável que a situação se agrave, dado que Portugal é o país da União Europeia (UE) com a classe docente mais envelhecida, sendo esperado que mais de 30 mil professores se aposentem até ao final da década.
De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), o número de estudantes que entraram no curso de Educação Básica na primeira fase de colocação aumentou 21% em relação ao ano passado, num total de 923 alunos. “Nos últimos dois anos, o número de colocados em licenciaturas em Educação Básica aumentou 45%”, revelou ainda o ministério. De notar este ano, este curso contou com mais 100 vagas.
Além disso, em linhas genéricas, houve também um aumento nos cursos de formação de professores e de Ciências da Educação, tendo entrado este ano na primeira fase 1.356 estudantes e ficando apenas por preencher 91 vagas por preencher. Se compararmos com o ano passado, após terceira fase tinham sido colocados 1.224 alunos, segundo consta no site da Direção-Geral do Ensino Superior.
Tal como a Fenprof, também a presidente do Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) aponta que “tudo o que seja aumento dos cursos de Educação para futuros professores é uma bom presságio e é muito bem-vindo” dada a urgência de professores profissionalizados, mas alerta que esta tem de ser acompanhada pela criação de condições para reter os profissionais.
“A aposta é bem-vinda, mas se não for acompanhada de condições quer remuneratórias, quer subsídios de deslocação e alojamento penso que não servirá para alterar este número tão significativo de falta de professores“, afirma Júlia Azevedo, ao ECO.
Para o próximo ano letivo, que arranca em setembro, mais de 12 mil professores foram colocados. De notar que este ano, o Ministério da Educação avançou ainda com um novo regime de concursos, tendo em vista aumentar a entrada de docentes para os quadros. Ainda assim, a presidente da SIPE lembra que para o ano os docentes que concorreram ao regime de vinculação dinâmica “são obrigados a concorrer a nível nacional e os vencimentos não fazem face às despesas” o que, a juntar-se à burocracia, pode levar a que abandonem a profissão.
Por outro lado, o secretário-geral da Fenprof lembra que estes números não podem ser vistos apenas “em bruto”, dado que há “desequilíbrios” e “a falta de professores não se faz sentir de igual forma em todas as disciplinas”. Segundo o responsável, a falta de professores é mais sentida em disciplinas como a “Geografia, Físico-Química, Inglês e até Português”
Nesse sentido, os sindicatos insistem que é necessário apostar em medidas estruturais e apesar de sublinharem que não é “uma boa solução” não descartam a possibilidade de o Ministério da Educação vir a permitir que professores reformados possam vir a dar aulas. “Diria que, por vezes, há situações que, pelo menos transitoriamente, temos que admitir”, sublinha Mário Nogueira, acrescentando, no entanto, que “a maior parte dos professores anseia por poder aposentar-se e, portanto, isso significa que não vai ser fácil conseguir que depois de se aposentarem eles voltem”. A opinião é partilhada pelo SIPE que avisa que os “professores estão esgotados”.
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