Mais de milhar e meio de novos alunos de mestrado rumam esta semana à Nova SBE. A maioria vem de fora e isso pode dar um contributo relevante para as empresas portuguesas, frisa o dean da faculdade.
Já faz parte do grupo de escolas de negócios de elite, mas a Nova SBE quer continuar aberta a todos. Aliás, em entrevista ao ECO, o diretor dessa faculdade, Pedro Oliveira, sublinha que é fundamental assumir a responsabilidade de ser acessível para todos, contribuindo para a mobilidade social e transformando alunos das mais diferentes origens “em futuros líderes”.
Esta semana, 1.715 novos alunos de mestrado rumam a Carcavelos para conhecer o campus onde vão estudar, sendo que a maioria vem de fora. Ao ECO, o dean explica que essa internacionalização da Nova SBE também é boa para a economia portuguesa, já que, por um lado, põe à disposição dos empregadores nacionais mais talento e, por outro, faz nascer por cá mais ideias inovadoras.
Em entrevista, Pedro Oliveira adianta ainda que planos tem para o futuro da Nova SBE, indicando que será criado, por exemplo, um instituto na área da sustentabilidade, que será “o motor de impacto” da faculdade na sociedade.
A Nova SBE dá as boas-vindas esta semana a um número recorde de estudantes de mestrado: 1.715. O que explica esse aumento do número de admissões?
O número de candidatos e de alunos de mestrado é recorde, porque aumentou a taxa de aceitação dos alunos a quem fazemos ofertas. Ou seja, há sempre alunos que, depois de aceites, optam por outras escolas internacionais. O que aconteceu este ano foi que a taxa de aceitação aumentou. A Nova SBE tem feito um caminho notável em termos de aposta em programas inovadores, novas metodologias de ensino promovidas pelos nossos professores de excelência e aproximação com empresas, o que faz com que os nossos programas sejam cada vez mais atrativos para alunos com os olhos postos no futuro. Prova disso é não só o número recorde de novos candidatos e alunos, mas também a nossa prestação nos rankings internacionais, como é o caso do ranking do Financial Times, onde o nosso mestrado internacional em Finanças está na 11ª posição mundial e o nosso mestrado internacional em gestão está na 15ª posição mundial. Se associarmos a estes fatores o nosso campus, que fomenta a colaboração e a experimentação, acreditamos que temos aqui os ingredientes determinantes para o nosso sucesso.
A maioria dos alunos de mestrado admitidos são internacionais (71%). Qual a importância dessa projeção internacional para a Nova SBE?
É muito importante termos na Nova SBE uma comunidade verdadeiramente internacional e heterogénea, para que a experiência dos nossos alunos seja o mais completa possível, para que estabeleçam laços com pessoas de todo o mundo e diversifiquem a sua forma de ver o mundo. Esta network internacional é muito importante para a vida profissional dos nossos graduados e a escola aposta muito nestas ligações internacionais. Temos neste momento dez alumni chapters em vários pontos do mundo, como Singapura, Londres, Frankfurt, Nova Iorque, que promovem a colaboração entre antigos alunos para que a ligação nunca se perca.
Espanha, por exemplo, tem mais de 80 escolas de negócios. Como pode a Nova SBE afirmar-se nesse mercado, de modo a conseguir continuar a captar cérebros estrangeiros?
O que cada vez vemos mais nos nossos alunos é uma necessidade de ter uma experiência internacional, porque vivemos numa era global. Sejam estes alunos oriundos de Espanha ou de outros países, a necessidade é a mesma. Por isso, qualquer business school mundial deve garantir que esta experiência internacional existe através duma comunidade diversificada de alunos, mas não só: ter um corpo docente internacional e empresas parceiras nacionais e multinacionais contribui enormemente para a experiência dos alunos.
Esta ligação que os alunos internacionais fazem com Portugal é para a vida. Enquanto são alunos da Nova SBE, desenvolvem projetos reais com empresas, o que gera um contributo direto para a economia nacional.
E qual a relevância para a economia nacional e o país, como um todo, de haver uma escola como a Nova SBE que consegue captar cérebros estrangeiros?
Na Nova SBE, estamos orgulhosos do caminho que a escola tem feito, que permite colocar Portugal “no mapa” no que toca a ser um destino de eleição para o ensino superior. Esta ligação que os alunos internacionais fazem com Portugal é para a vida. Enquanto são alunos da Nova SBE, desenvolvem projetos reais com empresas, algumas delas portuguesas, o que gera um contributo direto. Temos também alunos que, ainda antes de concluírem os seus estudos ou imediatamente após a sua conclusão, criam startups e promovem a inovação em Portugal, ficando até alguns incubados no nosso Nova SBE Haddad Entrepreneurship Institute. Todos sabemos que os anos da faculdade são os melhores da nossa vida. É aqui que se conhecem as amizades de uma vida e se vive tudo intensamente. Os alunos internacionais criam de alguma forma raízes em Portugal depois de passarem na Nova SBE.
Desde o início da recuperação pós pandemia que se voltou a falar na escassez de talento, nomeadamente de profissionais com as qualificações certas para as posições disponibilizadas. Ter uma escola como a Nova SBE que atrai para Portugal talento estrangeiro pode dar um contributo para que os empregadores nacionais consigam ter à disposição mais profissionais? Ou, pelo contrário, os vossos alunos acabam por escolher trabalhar fora de Portugal?
Temos alunos internacionais que escolhem seguir carreiras internacionais em Portugal e também alunos portugueses que escolhem seguir carreiras nacionais. Na Nova SBE, fomentamos muito a ligação entre alunos e empresas (portuguesas e internacionais) de várias maneiras. A nossa equipa de carreiras organiza duas feiras anuais que contam, geralmente, com perto de 100 empresas. Simultaneamente, promovem talks e workshops entre empresas e alunos. Também incluímos no curriculum académico metodologias inovadoras de ensino que estreitam as relações de alunos com empresas, como é o caso do project-based learning que permite que os alunos trabalhem em desafios reais diretamente com empresas. Todas estas iniciativas contribuem diretamente para que as empresas portuguesas tenham acesso direto a talento de excelência internacional e nacional.
Mas como é que os empregadores nacionais podem reter mais dos talentos qualificados que estão a sair de faculdades como a vossa? É apenas uma questão de salário?
Num estudo do CEMS [Global Alliance in Management Education] – uma aliança global composta por mais de 30 universidades e escolas de gestão, a qual integra a Nova SBE – mais de 4000 recém-graduados, oriundos de 75 países, afirmaram que, no momento de procurar e considerar novas funções ou empregos, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é tão valorizado como o salário. A progressão rápida na carreira, a oportunidade de gerar impacto global e de viajar pelo mundo foram também fatores decisivos identificados. Numa altura em que atrair e reter talento é o principal desafio para as empresas, é fundamental que todos estes fatores sejam tidos em conta.
Alemanha e Itália são as principais origens dos vossos alunos internacionais. Em sentido inverso, quais são os principais destinos dos alunos, depois de terminarem os seus estudos?
Em 2022, os dez destinos mais populares entre os nossos alunos recém-graduados corresponderam a 94% dos países de colocação e foram Portugal, Alemanha, Itália, Reino Unido, Luxemburgo, Suíça, Espanha, Áustria, França e Países Baixos.
E os Estados Unidos (EUA), são um destino comum entre os alunos que estudam convosco? Sendo fora do espaço comunitário, que dificuldades se colocam a essa migração?
Infelizmente não, por causa das dificuldades de migração. Existem recém-graduados que recebem ofertas de trabalho de empresas americanas, em que as mesmas querem patrocinar a ida destes alunos, mas que depois a colocação é invalidada por complicações burocráticas de migração e obtenção de vistos.
A Nova SBE pondera, por exemplo, criar um mestrado ou outro programa com uma universidade norte-americana, que facilite potencialmente essa transição entre Portugal e os EUA? Em que moldes e para quando?
Um dos pilares estratégicos para o mandato que assume este ano até 2026 é a forte aposta em parcerias com escolas de topo internacionais. Esperamos, entre outros projetos em desenvolvimento, lançar em breve um mestrado em Gestão de Tecnologia com a NYU [New York University] e um programa em Data Analytics com top schools dos EUA.
A taxa de empregabilidade de um antigo aluno de mestrado da Nova SBE é de mais de 97% até seis meses.
Num país com baixos salários e preços de habitação elevados, há muitos jovens portugueses que decidem, terminados os estudos, emigrar. Que vantagem tem um diploma da Nova SBE nesse processo?
A Nova SBE é uma escola com uma reputação de excelência reconhecida internacionalmente. Fazemos parte das escolas de elite do Financial Times. É por isso fácil para um graduado da Nova SBE emigrar e conseguir uma boa colocação de trabalho, se assim o quiser fazer, e prova disso é que a taxa de empregabilidade de um antigo aluno de mestrado da Nova SBE é de mais de 97% até seis meses.
Este ano atribuíram 300 bolsas a alunos de mestrado, num aumento de 60% face ao orçamento do ano anterior. Porque decidiram fazer esse reforço?
Quando realçamos a importância de termos uma comunidade de alunos diversificada, não nos referimos apenas a diversidade cultural e de nacionalidades, referimo-nos, sim, a diversidade socioeconómica. É fundamental garantir que nenhum aluno com uma capacidade intelectual de excelência fica de fora e deixa de estudar na Nova SBE por dificuldades financeiras. Em 2023, a Nova SBE disponibiliza um budget [orçamento] total (licenciaturas e mestrados) de dois milhões de euros para o financiamento de bolsas de estudo. Pretendemos chegar ao maior número de alunos possível, mitigando o aumento do custo de vida, e aumentar o acesso de alunos com restrições financeiras que qualificam para os nossos programas.
Que fatia ocupam os alunos portugueses no total das bolsas atribuídas? Como se explica essa distribuição?
Os portugueses correspondem a 49% das bolsas atribuídas. As bolsas atribuídas correspondem a bolsas de mobilidade social e mérito. Em ambos os casos, para serem elegíveis os alunos têm de ter comprovada necessidade financeira e comprovado mérito académico.
Disse em entrevista em abril que gostaria de ter na Nova SBE um instituto virado para as políticas públicas. Em que ponto está essa vontade?
A criação de institutos é um dos instrumentos que escolhi para desenvolver a investigação, o seu impacto e fomentar a ligação à sociedade. Um dos institutos será nas áreas de políticas públicas. Estamos a trabalhar nesse e outros projetos. Espero poder dar notícias no princípio de 2024.
O que caracteriza, na sua visão, uma boa escola de negócios?
Uma boa escola de negócios é uma escola que afirma a sua liderança intelectual nas suas principais áreas de intervenção e continua a apostar numa oferta de serviços diferenciada, incluindo projetos de investigação, projetos de transformação com as empresas, ou programas para executivos. É uma escola que aposta no seu corpo docente e de investigação para se manter competitiva com o mercado, para atrair talento nacional e internacional, investindo, por exemplo, na contratação de professores para temas estratégicos como Sustentabilidade, Inovação e Data. A médio prazo, pretendemos desenvolver institutos de alto impacto, cruzando as áreas de gestão, economia e finanças com políticas públicas, inovação, sustentabilidade, dados e tecnologia. De futuro, pretendemos lançar um instituto na área da Sustentabilidade que será fundamental para o desenvolvimento da Nova SBE como motor de impacto na sociedade. Acreditamos que é fundamental que as escolas de negócio estabeleçam parcerias estratégicas com algumas das melhores universidades do mundo. Temos estado a trabalhar precisamente nisso com escolas em várias partes do mundo, nomeadamente no triângulo EUA, Brasil e Europa. Por fim, mas não menos importante, é fundamental que as escolas de negócios assumam a responsabilidade de serem acessíveis para todos, contribuindo para a mobilidade social, transformando alunos de diferentes origens em futuros líderes, colocando-os em posições de liderança em organizações públicas e privadas.
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