Ofertas de emprego diminuem. Setor têxtil é dos mais afetados
Entre abril e junho, as ofertas de emprego disponíveis encolheram. Decréscimo foi superior a 90% em alguns profissões ligadas ao têxtil, mas também entre assistentes de veterinários.
Após de terem crescido de modo significativamente no arranque do ano, as ofertas de emprego disponíveis no mercado de trabalho português recuaram entre abril e junho, tanto face aos três meses anteriores como em comparação com o mesmo período de 2022. O setor têxtil é dos mais afetados por esta tendência, sendo que o Governo já sinalizou que está a preparar uma nova medida para evitar os despedimentos.
“O mais recente insight da Fundação José Neves revela que, face ao primeiro trimestre do ano, as ofertas de emprego no segundo trimestre de 2023 diminuíram 16%, invertendo, assim, a tendência de crescimento registada no quarto trimestre de 2022. Comparando com o período homólogo de 2022, verificou-se uma forte de redução de 47%“, é sublinhado numa nota divulgada esta terça-feira.
Convém realçar, contudo, que o decréscimo das ofertas de emprego não foi contínuo nos meses que compuseram o segundo trimestre do ano. Antes, enquanto em abril foi verificada uma redução de 25% face a março — este foi o mês com menos ofertas em todos os meses do primeiro semestre –, em maio as vagas disponíveis subiram 22% e em junho aumentaram 8%, “um crescimento tímido”, nas palavras da Fundação José Neves.
“Apesar da recuperação face ao início do trimestre, o volume de ofertas mensais em junho foi inferior ao registado em janeiro (-18%), mês com mais ofertas no 1º semestre de 2023″, é destacado na nota enviada às redações.
Mas nem todas as profissões e setores de atividade sentiram este emagrecimento das ofertas de trabalho. Aliás, houve um conjunto de profissões que viram o volume de ofertas crescer mais de 50% em termos homólogos: médicos, diretores de sucursais de bancos, serviços financeiros e de seguros, diretores financeiros, analistas e programadores de software e aplicações, autores, escritores, tradutores e linguistas.
Em contraste, houve um conjunto de profissões nas quais o decréscimo das ofertas de emprego superou a fasquia dos 90%: trabalhadores manuais de artigos têxteis, couro e materiais similares, trabalhadores de vidro de ótica, salineiros, fogueteiros, revestidores manuais e escolhedores, trabalhadores qualificados da floresta e similares, técnicos e assistentes de veterinários, operadores de máquinas para o fabrico de produtos têxteis, de pele com pelo e couro.
O setor do couro, vestuário e têxtil tem sido dos mais afetados pelo desemprego, o que é explicado pela quebra das encomendas motivada pela conjuntura internacional.
Perante esse cenário, o Ministério do Trabalho tem estado a negociar com o setor um novo programa de formação, que irá suportar uma parte do salário dos trabalhadores que estão parados nessas empresas e evitar os despedimentos.
Ao ECO, César Araújo, da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e de Confeção (ANIVEC), explicou que é importante aproveitar este período de redução do consumo para formar os quadros, para que estes estejam preparados para o futuro.
Por outro lado, o responsável adiantou que acredita que a partir de fevereiro de 2024 haverá uma melhoria das encomendas, se a inflação não se agravar e à boleia das encomendas associadas às coleções outono-inverno.
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