Recuperação da Groundforce aprovada hoje por “larga maioria”
Assembleia de credores da Groundforce dá hoje luz verde ao plano para a recuperação da empresa. Administradores de insolvência esperam aprovação por "larga maioria".
A assembleia de credores da Groundforce aprova esta quarta-feira o plano de insolvência da empresa de serviços de assistência em escala, abrindo caminho à entrada da nova acionista, a britânica Menzies. É o culminar de um processo que começou há mais de dois anos.
“Esperamos o apoio de uma larga maioria dos credores em prol do plano de recuperação da empresa”, afirma Bruno Costa Pereira, um dos dois administradores de insolvência da Groundforce, em declarações ao ECO.
Os credores reclamam cerca de 46 milhões de euros em dívidas efetivas da empresa de handling, com destaque para os 15,5 milhões da TAP, os 12,75 milhões da ANA – Aeroportos de Portugal e os 2,1 milhões da Fidelidade. Outra parte substancial do bolo diz respeito aos trabalhadores, que têm 2,87 milhões em créditos efetivos reclamados.
Deverão estar presentes na assembleia empresas e trabalhadores representantes de mais de 90% das dívidas reclamadas. A aprovação do plano de insolvência é dada como garantida, uma vez que a TAP e a ANA detêm 62% dos créditos, tendo dado já a sua anuência ao plano.
O plano recebeu também a “luz verde” de oito sindicatos da empresa de serviços de assistência em escala, tendo ficado apenas um de fora, como destacou Bruno Costa Pereira. “Com as devidas diferenças, perceberam o quão importante o plano é, e há um apoio consensual”, afirma. Antes ainda da assembleia de credores foram assinados novos acordos de empresa com as estruturas que representam os trabalhadores.
Esperamos o apoio de uma larga maioria dos credores em prol do plano de recuperação da empresa.
Depois de aprovado, o plano terá ainda de ser homologado pelo tribunal. O que depende do cumprimento de algumas condições prévias. Uma delas é o visto do Tribunal de Contas à renovação do contrato de handling entre a TAP e a Groundforce.
O plano desenhado pelos administradores de insolvência (o outro é Pedro Pidwell) prevê a redução de capital de 500 mil euros para zero, para cobertura de prejuízos, o que extingue a participação de 50,1% da Pasogal (pertencente ao empresário Alfredo Casimiro), de 43,9% da TAP SA e de 6% da Portugália, como avançou o ECO.
Segue-se um aumento de capital de 4,98 milhões, dos quais 2,5 milhões são subscritos pelo novo acionista, a britânica Menzies, detida pela Agility, do Koweit. Os restantes 2,48 milhões cabem à TAP, através da conversão de parte dos 15,5 milhões que a Groundforce lhe deve. Só depois da sentença de homologação do plano é que a Menzies poderá entrar na administração da empresa.
A empresa britânica compromete-se a colocar até 10 milhões de euros adicionais. Mas só o fará se também a TAP entrar, na respetiva proporção do capital (49,9%), com um limite de 9,96 milhões. No caso da companhia aérea, através da conversão de créditos em capital, dos quais já não será ressarcida.
Apesar da recuperação do transporte aéreo e das receitas da empresa de handling, a sustentabilidade a prazo depende de poupanças nos custos com pessoal, que o documento cifra em 8,74 milhões a partir de 2024. O que passará por um programa de rescisões por mútuo acordo com cerca de 300 trabalhadores, de um total de mais de três mil.
Fez este mês dois anos que foi declarada a insolvência da SPDH (a designação societária da Groundforce), a pedido da transportadora aérea portuguesa, que é também a sua maior cliente, em conflito com o empresário Alfredo Casimiro. Um processo que ficará ainda mais perto de ser encerrado, depois da aprovação do plano.
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