Leia a entrevista a Ana Taveira da Fonseca, Diretora da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa.
Ana Taveira da Fonseca é Professora Auxiliar da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa. Tem publicado e desenvolvido investigação na área do Incumprimento das Obrigações e do Direito das Garantias. Coordenou os programas de 2.º ciclo da Escola de Lisboa entre 2015 e 2021. É atualmente diretora da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa.
À Advocatus, explicou o que a faculdade que dirige oferece aos estudantes de direito e não deixa de referir que o curso de Direito prepara juristas “para diferentes profissões e não somente para a advocacia e as magistraturas. Trata-se de um curso de banda larga pelo que um Licenciado ou Mestre em Direito termina o grau com um mundo de oportunidades à sua frente”.
Como classificaria a empregabilidade na área do Direito em Portugal?
Os dados oficiais refletem que a generalidade dos cursos de Direito em Portugal apresenta uma taxa de empregabilidade elevada. O curso de Direito prepara juristas para diferentes profissões e não somente para a advocacia e as magistraturas. Trata-se de um curso de banda larga pelo que um Licenciado ou Mestre em Direito termina o grau com um mundo de oportunidades à sua frente. No JobShop deste ano, uma das mesas redondas está especialmente pensada para dar a conhecer aos nossos estudantes as diferentes profissões jurídicas. É, portanto, natural que a taxa de empregabilidade em Direito seja elevada. No caso da Católica, a Escola de Lisboa apresenta uma taxa de 99% de empregabilidade (dados do Infocursos 2023), sendo a Licenciatura em Direito com a taxa mais elevada de entre as Faculdades de Direito em Portugal.
Os alunos de direito este ano aumentaram?
Temos cerca de 200 novos alunos de licenciatura. Somos uma Faculdade pequena em número de alunos e professores, quando comparada com outras estatais. Privilegiamos um ensino próximo e personalizado, porque acreditamos que é aquele que melhor prepara os futuros juristas.
A proliferação de faculdades de direito (privadas) veio trazer menos credibilidade ao curso de Direito?
A nossa Licenciatura e os nossos programas de Mestrado em Direito são reconhecidos pelo mercado de trabalho e pelos nossos pares. O número de candidatos a todos os programas tem aumentado ao longo dos anos. Não creio que a credibilidade dos nossos cursos conferentes de grau académico seja afetada pelo surgimento de novos cursos de Direito.
Somos uma faculdade pequena. Isso permite uma relação de maior proximidade entre estudantes e professores. A maioria das horas de contacto são ocupadas com aulas práticas e teórico-práticas nas quais se incentiva os alunos a tornarem-se parte ativa no processo de aprendizagem.
Este mês decorre o JobShop’23. Que expectativas tem para o evento?
Este ano dinamizamos a 21ª edição do JobShop. É um evento de referência no recrutamento de jovens juristas. Ao longo dos dois dias do evento, contaremos com a presença de mais de 400 alunos (licenciatura, mestrado e LL.M.) nas diferentes atividades. A exemplo que aconteceu em edições anteriores, os alunos poderão participar nas mesas redondas, onde serão debatidos temas com interesse para jovens que ainda não iniciaram a sua carreira profissional. Todos passarão pelo recruiting lounge, onde poderão contactar com os maiores recrutadores de jovens juristas em Portugal. Este ano, inscreveram-se 58 entidades nesta feira de recrutamento e vão fazer passar pelo evento mais de 300 colaboradores dessas entidades. Temos também a “Hora do Sócio”. Será uma oportunidade para os nossos alunos se darem a conhecer pessoalmente aos mais de 80 sócios que já confirmaram a sua presença nesta iniciativa.
O JobShop é o culminar de várias iniciativas dinamizadas pelo nosso Gabinete de Carreiras ao longo de todo o ano. A título meramente exemplificativo, nas semanas que antecedem o evento, os alunos são preparados para estes dias de contacto com o mercado de trabalho.
Este tipo de iniciativas é uma boa forma de ‘orientar’ os futuros licenciados em direito?
Sem dúvida, mas como referi anteriormente, não é a única atividade que desenvolvemos. Os alunos são motivados, desde o primeiro ano para se prepararem para a entrada no mercado de trabalho. No primeiro ano da licenciatura, podem inscrever-se no programa de Mentoria e serão acompanhados por um mentor. O mentor é sempre um antigo aluno da Católica com mais de 5 anos de experiência profissional. Nos anos subsequentes, podem participar no programa de Job Shadowing e terão a oportunidade de acompanhar um jurista ao longo de um dia de trabalho. É uma forma de perceberem como é que, na prática, se exercem as profissões jurídicas. Através do portal Católica Future | Law, os alunos têm acesso a inúmeras oportunidades profissionais, seja estágios de curta duração ou estágios profissionais. O Gabinete de Carreiras dinamiza ainda vários workshops, entre os quais destaco os de elaboração de CV e carta de motivação ou de preparação para entrevista. São iniciativas que estão à disposição dos alunos e que os preparam para o momento de apresentação ao mercado de trabalho.
Os mais recentes dados mostram que a Licenciatura da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Católica apresenta a maior taxa de empregabilidade (99%) das Faculdades de Direito, a nível nacional. Como chegaram a estes números?
Estes números são o resultado da qualidade do nosso ensino. Como referi, trabalhamos de forma próxima com os nossos estudantes para lhes assegurar a melhor formação. Apostamos num ensino sólido e exigente, muito orientado para a prática (learn-by-doing) e com um grande foco na internacionalização. Adicionalmente, as atividades do Gabinete de Carreiras e o atendimento personalizado que disponibiliza aos alunos são também a razão de ser destes números de empregabilidade que nos enchem de orgulho, mas também de responsabilidade.
Que conselhos daria a um estudante que estivesse indeciso entre ir para a Católica ou para outra faculdade de Direito?
Aconselho todos os candidatos, antes de decidirem, a fazerem o seu trabalho de casa. Analisarem a oferta de cadeiras e as metodologias de ensino adotadas pelas diferentes Faculdades. A melhor forma de nos conhecerem é participarem nos eventos que organizamos para candidatos. No caso da Licenciatura, destacaria o Dia do Candidato e a Junior Law Academy. No caso dos Mestrados, o Open Day e o Meet the Team. Nestas iniciativas, poderão conhecer estudantes atuais e professores, antigos alunos e a assistir a algumas das nossas aulas. É importante conhecerem o ambiente que aqui se vive. Tenho a certeza de que não se desiludirão se optarem pela Católica.
O que distingue a Católica de outras faculdades, no ensino do direito?
A Católica distingue-se pela qualidade de ensino que proporciona. Como referi anteriormente, somos uma faculdade pequena. Isso permite uma relação de maior proximidade entre estudantes e professores. A maioria das horas de contacto são ocupadas com aulas práticas e teórico-práticas nas quais se incentiva os alunos a tornarem-se parte ativa no processo de aprendizagem. No primeiro ano, temos uma disciplina obrigatória de método do caso, onde os alunos contactam pela primeira vez com uma metodologia que vamos tentando desenvolver ao longo da licenciatura e dos nossos mestrados. Procuramos renovar ciclicamente a oferta de cadeiras optativas para acompanhar as necessidades do mercado. A Católica foi pioneira na internacionalização do ensino do Direito em Portugal. Há muitos anos que temos disciplinas que são lecionadas por docentes internacionais. Mais recentemente, através nosso programa de Chairs e Professorships, temos recrutado professores internacionais que passaram a integrar o nosso corpo docente residente. Isso permitiu-nos tornar a nossa oferta de disciplinas lecionadas em língua inglesa ainda mais sólida.
As parcerias que temos com as melhores Faculdades de Direito em todo o mundo proporcionam ainda aos nossos alunos a possibilidade de estudarem um semestre no estrangeiro.
Que tipo de advogados podem sair da Católica? Ou pelo menos que pretenda que saiam?
Trabalhamos para formar profissionais competentes, rigorosos, sérios, capazes de responder aos desafios que irão enfrentar ao longo da sua vida profissional.
As faculdades de direito são muito ‘burocratas’, conservadoras e muito iguais ao que eram há 20 anos?
Não creio que assim seja. Não revejo a nossa escola nos adjetivos “burocrata” e “conservadora”. Somos uma faculdade com os olhos postos no futuro que prepara juristas para um mundo global e em grande mudança. Se analisarem os nossos programas, constarão que estes evoluíram muito relativamente à oferta que tínhamos há 20 anos. Na licenciatura, por exemplo, os alunos têm a possibilidade de fazer todas as unidades curriculares optativas através da frequência de disciplinas e seminários totalmente lecionados em inglês e em que o Direito é estudado numa perspetiva transnacional.
Três adjetivos para definir a faculdade que dirige?
Inovadora, Exigente e Internacional.
Três características que um aluno da Católica, de direito, tenha de ter, para ‘se dar bem’ no curso?
Capacidade de trabalho, espírito crítico apurado e capacidade de pensar pela própria cabeça.
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“A generalidade dos cursos de Direito tem taxa de empregabilidade elevada”, diz diretora de Direito da Católica
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