No arranque de novos preços do gás, mercado regulado mantém larga vantagem
Apesar de algumas mudanças no preço do gás natural a partir de outubro, o panorama geral mantém-se, com os preços do mercado regulado a abafarem as restantes ofertas.
A 1 de outubro inicia-se um novo ciclo nos preços do gás. É o início do novo “ano gás”, em que entram em vigor as tarifas que o regulador definiu até ao dia 30 de setembro de próximo ano. A previsão é de uma subida ligeira no mercado regulado – 0,6% –, mas no livre as decisões variam. A EDP Comercial prevê uma descida, em média, de 26% na fatura dos seus clientes, enquanto a Galp anunciou uma subida de 4% nas faturas.
Mas, face a oscilações tão diversas, qual acaba por ser a melhor aposta? O ECO/Capital Verde consultou o simulador da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos para lhe responder, consoante os três típicos perfis de consumo. A conclusão é invariável, e por uma distância significativa: o mercado regulado continua a ser o que mais compensa.
Casal sem filhos
O Comercializador de Último Recurso, isto é, aquele que é responsável por assegurar a oferta do mercado regulado, apresenta a fatura mais baixa. Num ano, um casal sem filhos deverá pagar 177,21 euros, para um consumo de cerca de 1610 quilowatts-hora.
A segunda oferta mais barata é da Dourogás, que cobra 236,20 euros num ano, sob a condição de o contrato ter sido fechado online. Logo a seguir vem a oferta da Galp “Galp & Continente Gás Natural (DD)”, de 250,19 euros anuais, que pressupõe a atribuição de cupões para serem carregados como saldo no cartão da cadeia de hipermercados Continente, no valor de cerca de 30 euros.
Casal com dois filhos
Sem surpresas, a tarifa do mercado regulado volta a ser a mais vantajosa para este perfil de cliente, com um consumo em torno dos 3407 kWh. O gás deverá custar, por ano, 336,76 euros a uma família que inclua um casal e dois filhos e que tenha optado pelo mercado regulado.
A segunda tarifa mais barata salta automaticamente para os 476,34 euros – novamente, a “Gás Natural – Adesão On-line” da Dourogás. Um pouco acima, nos 496,33 euros, mantém-se a Galp & Continente Gás Natural (DD), que só está disponível para novos clientes.
Casal com filhos e aquecimento central
Na aproximação dos meses de inverno, a posse de um sistema de aquecimento central torna-se mais determinante no preço final da fatura do gás. A ERSE estima que, neste caso, um casal um filhos e com um consumo de cerca de 7467 kWh, pague 666,20 euros por ano no mercado regulado, a melhor oferta.
Se preferir o mercado liberalizado, as ofertas mais vantajosas que se seguem têm exatamente os mesmos protagonistas. Dourogás, que pede 985,58 euros no âmbito do tarifário “Gás Natural – Adesão On-line”, e a Galp, cuja conta chega aos 1032,57 euros se escolhido o tarifário Galp & Continente Gás Natural (DD).
Só na quarta posição é que há uma pequena alteração. Enquanto nos outros perfis de consumo, era a Endesa e a sua “Tarifa Simples” a ocupar esta posição, no perfil de consumo mais elevado, é a Yes Energy que leva a melhor, com o plano “#MYGAS”, de valor anual de 1121,71 euros, sem condições, exceto a de ser cobrado por débito direto.
Ou seja: contas feitas, a diferença entre a melhor oferta do mercado livre e o mercado regulado é de 319,38 euros para o perfil de maior consumo, 139,58 euros no perfil intermédio e 58,99 euros no perfil de menor consumo.
Comercializadores insatisfeitos
O mercado regulado foi aberto pelo Governo, há mais de um ano, a um grupo mais alargado de consumidores, em resposta à crise energética que se vivia em Portugal e na Europa, e que estava a fazer disparar os preços do gás.
Nessa altura, ficou definido que todos os clientes do mercado liberalizado com consumos anuais inferiores ou iguais a 10.000 metros cúbicos (o que inclui famílias e pequenos negócios) poderiam aderir às tarifas reguladas de gás natural. O Capital Verde construiu um guia para os interessados nesta mudança.
Se, já na altura, se ouviram críticas a esta medida por parte dos comercializadores, estas fora recentemente repetidas. O CEO da Galp, Filipe Silva, reiterou na semana passada as queixas que o seu antecessor, Andy Brown, fizera um ano antes. Para o gestor, “todos os consumidores tiveram direito a um preço altamente descontado”, o que é “altamente discriminatório” do ponto de vista concorrencial. “É uma questão que vamos ter de resolver com o Estado português. Não estamos contentes”, afirmou.
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