Construção na Zona Euro tem maior queda em mais de três anos
Além de o setor enfrentar um forte abrandamento da procura, assiste-se também uma forte contração dos níveis de emprego na construção europeia.
O setor da construção na Zona Euro está a enfrentar enormes desafios, que ficaram evidenciados por uma acentuada deterioração da atividade no terceiro trimestre, segundo os dados do mais recente inquérito sobre o setor do Hamburg Commercial Bank (HCOB).
Não só as condições da procura permaneceram fracas, com o setor a registar no último trimestre a maior queda das vendas desde maio de 2020, como “a confiança relativamente ao próximo ano também se deteriorou, caindo para o valor mais baixo em 2023”, lê-se no comunicado do HCOB.
Outro sinal de alerta quanto à saúde atual da construção europeia é dado pela diminuição do ritmo de criação de emprego do setor no último trimestre. “A taxa de redução de postos de trabalho foi sólida e refletiu, em grande medida, cortes nos salários na Alemanha e em França, enquanto o número de trabalhadores continuou a aumentar modestamente em Itália”, destaca o relatório do HCOB.
Cyrus de la Rubia, economista-chefe do HCOB refere ainda que, “contrariamente ao setor dos serviços da Zona Euro, onde o comboio do emprego continua a avançar, as empresas do setor da construção reduzem os seus efetivos a um ritmo acelerado.”
E todas estas dinâmicas acontecem num período em que as pressões sobre os custos nos vários ramos do setor mantiveram-se praticamente inalterados, com o nível de despesa a registar um aumento moderado que ficou abaixo dos níveis registados há um ano.
Os dados do inquérito do HCOB revelam também uma contração em todos os subsetores da construção, mas com particular destaque para o ramo da habitação. “A queda no setor da habitação perdeu um pouco de velocidade relativamente ao mês passado, mas continua a liderar a queda, ultrapassando o setor imobiliário comercial e de infraestruturas”, refere Cyrus de la Rubia, economista-chefe do HCOB, destacando a Alemanha como o país com a maior contração no último trimestre, seguido pela França.
Apesar dos vários dados que mostram um setor em dificuldades, o índice HCOB Eurozone Construction PMI — um índice corrigido de sazonalidade que acompanha as alterações mensais na atividade total da indústria — subiu ligeiramente de 43,4 pontos em agosto para 43,6 no final do terceiro trimestre.
No entanto, o PMI manteve-se muito abaixo do limiar neutro de 50 pontos, o que indica um novo declínio acentuado da atividade global. “O setor da construção da Zona Euro continua em apuros. A parte da economia mais sensível às taxas de juro continua presa a uma tendência descendente que iniciou-se na primavera do ano passado”, revela Cyrus de la Rubia.
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