Bruxelas admite lançar investigação sobre subsídios chineses às turbinas eólicas
Depois de anunciar uma investigação às subvenções chinesas aos carros elétricos, Bruxelas não fecha a porta a alargar o processo aos fabricantes de turbinas eólicas.
A Comissão Europeia admite lançar uma investigação sobre subsídios chineses a fabricantes de turbinas eólicas face à pressão que estes têm colocado sobre a indústria “verde” europeia, nos últimos anos.
“Nunca digas nunca”, foi a resposta da comissária europeia para a Energia, Kadri Simson, quando confrontada com essa possibilidade. Isto, depois de Bruxelas ter anunciado que vai investigar os apoios estatais chineses aos carros elétricos.
“Estamos a preparar uma boa discussão com a China”, referiu, esta segunda-feira, a comissária europeia, numa conferência organizada pela EDP e pelo jornal Politico, sobre os desafios das energias renováveis na União Europeia. Esta semana, a comissária estará em Pequim para a 11.ª reunião do Diálogo Energético UE-China, e para um encontro com os representantes empresariais do setor dos dois países.
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“Temos que evitar uma guerra comercial [com a China] porque a Europa beneficia de um mercado aberto e competição justa. Uma competição justa é importante para a indústria toda, porque existe uma expectativa de que as nossas empresas podem ser exportadoras. Se existirem provas de que estão a ser adotadas medidas de dumping, vamos ter que olhar para isso. É injusto”, referiu Kadri Simson.
A necessidade de uma investigação aos subsídios estatais chineses para fomentar o fabrico de turbinas eólicas naquele país surge numa altura em que as produtoras europeias de aerogeradores têm lançado apelos à Comissão Europeia para mais apoios, argumentando que as importações chinesas baratas estão a empurrar a indústria para a beira do colapso.
Presente também no painel estava Giles Dickson, CEO da associação que promove o uso da energia eólica na Europa, WindEurope, que urgiu que o executivo comunitário tomasse medidas nesse sentido, denunciado que o setor “está a ter dificuldades em superar” a competição chinesa.
“A competição chinesa é injusta. Os produtores chineses de turbinas eólicas oferecem preços 50% mais baixos do que os produtores europeus, e só existem cinco“, apontou o responsável, referindo ainda, a título de exemplo, que algumas empresas chinesas estão a oferecer grandes descontos e a opção de adiar os pagamentos até três anos. “Os produtores europeus não têm capacidade financeira, nem legal, para fazer isso. Não estamos a competir em pé de igualdade. A competição é injusta e já alertámos a Comissão Europeia para isso“, sublinhou.
A possibilidade de a Comissão Europeia avançar com uma investigação sobre os subsídios às turbinas eólicas já tinha sido avançada por três fontes em Bruxelas ao Financial Times, esta semana. Em entrevista à televisão francesa BFM TV, Didier Reynders, o comissário responsável pela concorrência, afirmou que as importações chinesas baratas podem ameaçar as empresas europeias.
“No setor da energia eólica existem componentes que podem estar em concorrência com os componentes chineses. Se houver a possibilidade de uma ajuda excessiva por parte dos chineses podemos abrir uma investigação da mesma forma [que os veículos eléctricos]“, sublinhou.
Thierry Breton, o comissário europeu para o mercado interno, já tinha apelado, em setembro, a uma investigação antissubvenções às turbinas eólicas fabricadas na China, argumentando que os fabricantes daquele país “têm vindo a implementar uma estratégia agressiva para entrar nos mercados europeus”.
Recorde-se que, em setembro, durante o discurso de Estado da Nação, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou a decisão de abrir uma investigação em relação aos subsídios da China a fabricantes de carros elétricos, dando nota de que existe “um enorme potencial na Europa, mas os mercados globais estão inundados com carros elétricos baratos chineses que têm subsídios de Estado”, o que “está a distorcer o nosso mercado”.
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