Reduzir em 50% o desperdício alimentar para combater a crise climática mundial
É fundamental que a União Europeia, em geral, e Portugal, em particular, intensifiquem esforços que lhes permitam alcançar objetivos ambiciosos de redução do desperdício alimentar em, pelo menos, 50%.
À medida que o mundo sofre com o impacto devastador das alterações climáticas e do aumento dos preços dos alimentos, a solução que mais contribui, e que simultaneamente é a mais eficaz, não é, no entanto, (ainda) plenamente reconhecida ou adotada. Falamos da redução do desperdício alimentar.
Globalmente, 40% de todos os alimentos produzidos são desperdiçados, o que representa 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa causadas pelo ser humano. Isso ocorre num mundo onde 828 milhões de pessoas são afetadas pela fome todos os dias. Além disso, estima-se que o desperdício de alimentos custe à economia global mais de um trilião de dólares por ano.
No Dia Mundial da Alimentação de 2023 é fundamental que a União Europeia, em geral, e Portugal, em particular, intensifiquem esforços que lhes permitam alcançar objetivos ambiciosos de redução do desperdício alimentar em, pelo menos, 50%.
A Comissão Europeia propôs apresentar legislação que visa introduzir metas juridicamente vinculativas no que diz respeito a limitar o desperdício de comida, e que variam entre 10% e 30% até 2030, destinadas à indústria do setor alimentar, transformação, retalho, restauração e consumidores.
Mas isso não basta.
Encontramo-nos longe de atingir o objetivo das Nações Unidas, fixado no âmbito do Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável 12.3, e que está consideravelmente aquém daquilo que a União Europeia se comprometeu em 2015.
Embora os compromissos a longo prazo sejam relevantes, a crise que enfrentamos exige medidas imediatas e ambiciosas. Está agora nas mãos das entidades responsáveis, desde o Parlamento Europeu aos Estados-Membros da UE, como Portugal, intensificar e demonstrar compromissos tangíveis para com o desafio do desperdício alimentar. É importante que todos reconheçam a imperativa necessidade de sermos mais ambiciosos.
A crise do desperdício alimentar é demasiado urgente e grave para não se legislar eficazmente, com rapidez e ambição. Se agirmos rapidamente e com propósito, é possível alcançar uma verdadeira mudança positiva. Até porque o combate ao desperdício alimentar é apontado por muitos como a solução número um para resolver a crise climática.
Não se trata apenas de metas. Trata-se de educação, regulamentação, de encontrar novas formas de reduzir drasticamente o desperdício. Alcançar um impacto duradouro exige um esforço coletivo das pessoas, dos governos e das empresas.
É nesse espírito que a Too Good To Go quis ir mais além e construiu uma iniciativa global em torno da rotulagem de datas de validade, para ajudar a educar os consumidores de que um produto fora do prazo de validade ainda pode ser comestível. A iniciativa incentiva as pessoas a confiarem nos seus sentidos e a avaliarem os alimentos com base na sua aparência, cheiro e sabor – antes de os desperdiçarem.
A parceria da Too Good To Go com mais 500 marcas, incluindo Unilever, Danone, Carrefour, Nestlé e Bel Group, adicionou o rótulo personalizado Too Good To Go “Observar, Cheirar, Provar” em cerca de seis mil milhões de embalagens de produtos anualmente. Em escala, pequenas ações podem fazer uma grande diferença.
Precisaremos de políticas e estratégias de redução do desperdício alimentar por parte dos governos nacionais para alcançar o impacto necessário. Ao reduzir drasticamente o desperdício de alimentos, podemos dar um passo significativo no sentido de mitigar o desafio climático, enquanto proporcionamos benefícios económicos substanciais.
Em Portugal, apelamos às autoridades competentes para defenderem esta causa e a prosseguirem metas ambiciosas de redução ao nível do desperdício. Porque é possível cumprir até 2030 os já mencionados 50%. Mas, para tal, temos que agir agora.
Trabalhemos em conjunto e tomemos as medidas decisivas para resolver a crise do desperdício alimentar.
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