Exclusivo Sede dá ganho extraordinário de 86 milhões à Caixa
Banco acabou de transferir sede para o Estado como parte do dividendo recorde, mas nesse processo apurou um ganho bruto de 86 milhões de euros com o imóvel.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um ganho de 86,3 milhões de euros com o edifício-sede em Lisboa que acabou de transferir para o Estado sob a forma de dividendo. Este ganho – que em termos líquidos de impostos ascendeu a 62,7 milhões – vai engordar ainda mais os lucros do banco público este ano e será “oportunamente” distribuído pelo acionista, segundo adiantou a instituição ao ECO.
Há cerca de um mês, o banco liderado por Paulo Macedo anunciou o maior dividendo da sua história para os cofres públicos, na ordem dos 712 milhões de euros, com a entrega de 351 milhões em numerário e ainda com a transferência do edifício-sede no valor de 361 milhões para o Estado.
Neste processo, a Caixa conseguiu gerar um ganho extraordinário de 86,3 milhões de euros que está associado à valorização do imóvel que tem sido o seu quartel-general há três décadas e do qual prevê sair nos próximos anos. Como?
“No momento da entrega do dividendo em espécie, a diferença positiva entre o valor de mercado atribuído ao imóvel no âmbito desta transação e o valor pelo qual este se encontrava registado no balanço da CGD foi reconhecida por contrapartida de resultados, num valor de 86,3 milhões de euros, ou 62,7 milhões de euros, deduzido de encargos com impostos”, segundo revelou o banco público no relatório e contas do primeiro semestre.
A Caixa registou lucros de 608 milhões de euros na primeira metade do ano, um aumento de 25% face ao mesmo período do ano passado, à boleia da escalada das taxas de juro.
De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2024, o Governo está a contar com um dividendo de 461 milhões de euros da Caixa – o que, tendo em conta a política de payout de 40%, permite antecipar que o banco venha a lucrar mais de mil milhões em 2023.
Ganho obtido entre fevereiro e setembro
Até recentemente, o edifício-sede pertencia ao fundo de pensões do banco. O fundo de pensões foi extinto em fevereiro passado com a transferência das responsabilidades com os reformados da CGD para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), enquanto o imóvel passou para a propriedade da Caixa, tendo sido contabilizada pelo valor a que estava até então valorizada no fundo.
A passagem do edifício para o banco precipitou o fim do contrato de arrendamento que vigoraria até 2030 e cujas condições financeiras tinham sido estabelecidas em 2010 para um período de 20 anos.
A Caixa explicou ao ECO que “a alteração das circunstâncias de disponibilidade do edifício, e também das taxas de juro de mercado, determinou a necessidade de se proceder à reavaliação do ativo, o que foi efetuado por três avaliadores independentes, dois dos quais tinham avaliado o ativo na sua anterior circunstância”.
Já no mês passado, quando procedeu à transferência do imóvel para o Estado como parte do dividendo recorde, teve de fazer o “desreconhecimento” do ativo com um ganho de 86,3 milhões de euros por conta de o edifício estar registado no seu balanço por um valor inferior nesse montante “ao determinado pelas novas avaliações independentes realizadas”.
Perante este ganho extraordinário, que foi na prática obtido entre fevereiro e setembro, a Caixa assegura que “os resultados gerados serão, oportunamente, distribuídos ao seu acionista”.
Caixa já paga renda ao Estado
O relatório e contas do primeiro semestre revela ainda que o banco assinou em julho um contrato de arrendamento com o Estado para continuar no edifício localizado na Avenida João XXI, no Campo Pequeno, isto enquanto procura uma nova casa até 2026.
“A Caixa paga uma renda de mercado”, apontou fonte oficial do banco. Segundo explicou, o valor da renda foi “determinado pelas avaliações independentes realizadas, que serviram para estabelecer o valor do edifício, quando foi entregue ao Estado como pagamento de dividendo em espécie”.
Segundo o Jornal Económico, a Caixa está a pensar em mudar-se para o edifício WellBe, localizado no Parque das Nações, em Lisboa.
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