Mercado de habitação cai 22% no primeiro semestre
Até junho deste ano foram vendidas 68 mil casas que se traduzem num volume de negócios de 14 mil milhões. Números refletem uma queda de 22% nas transações e de 16% nas verbas envolvidas.
A subida acentuada dos preços das casas e o aumento das taxas de juro estão a provocar impacto no mercado da habitação. No primeiro semestre do ano, o número de casas vendidas caiu 22% face ao período homólogo e o volume de negócios a acompanhar a tendência, com uma queda de 16%.
Segundo os números apresentados pela consultora JLL na última versão do estudo Portugal Living Destination, até junho foram transacionadas 68 mil casas, que se traduzem um total de 14 mil milhões de euros de volume de negócios.
Números que ficam abaixo do semestre do ano anterior, sendo que em todo o ano de 2022 foram vendidas 168 mil casas com um volume de negócios de 32 mil milhões de euros.
Números que a JLL vê como “uma resposta natural ao aumento das taxas de juro e do custo de vida das famílias” mas que, ainda assim, considera que refletem “um mercado com um fluxo de procura bastante sólido”, sustentado pelos compradores nacionais, com 93% das casas vendidas, acompanhados por uma “presença dinâmica dos estrangeiros”.
Mas mesmo com a queda do número de vendas, o estudo aponta que os preços continuam numa “tendência de crescimento”, apesar de registar algum abrandamento. Em termos acumulados, nos últimos três anos, a JLL “apura um crescimento de 25% dos preços de venda das casas e de 23% nas rendas”.
De acordo com o relatório no primeiro semestre foram construídas 10.500 casas e o número de licenciamentos ficou em cerca de 16.500. E no último ano e meio foram concluídas 30.750 novas casas e o número de licenciamentos foi de 46.700. São números que ficam bem longe das cerca de 72.800 casas que, em média, eram construídas por ano, entre os anos 2000 e 2010, e que “são insuficientes para as necessidades atuais da procura que, no mesmo período, absorveu 236 mil casas”.
Sobre o mercado de arrendamento, os dados revelam que apenas 923 mil casas são arrendadas, sendo que 65% dos contratos em vigor foram assinados depois de 2012. O número reflete 15% do stock habitacional do país, que de acordo com o último Censos é de 5,97 milhões de casas.
Construídas 6.800 casas em Lisboa no último ano e meio
O estudo que traça um retrato detalhado sobre Lisboa, Porto e Algarve, refere ainda que na capital, no último ano e meio, foram construídas 6.800 novas casas. Menos de um quarto do total de 28.200 dos licenciamentos para construção de habitação que, no mesmo período, foram aprovados pelos serviços da autarquia.
Perante a subida generalizada dos preços de construção, dos preços das casas e a falta de espaço para obras, cada vez mais as famílias estão a procurar “localizações periféricas dos grandes centros urbanos ou cidades de segunda linha”, que se estão a posicionar “como alternativas para comprar ou arrendar uma casa”.
Entre os concelhos que fazem parte da área metropolitana de Lisboa, Mafra, Seixal, Loures e Amadora são reflexo dessa tendência tendo sido os que registaram o maior aumento da oferta nos últimos anos. “São concelhos com valores mais acessíveis e onde houve melhorias nos transportes que permitem deslocações rápidas para o trabalho”, sublinha Joana Fonseca, head of strategic consultancy and research da JLL.
No primeiro semestre do ano foram vendidas 19.500 casas na área metropolitana de Lisboa que totalizaram 5,7 mil milhões de euros. Estes números indicam uma quebra de 27% nas vendas e de 17% no volume de negócios.
Entre os estrangeiros que mais compram casas no centro de Lisboa estão os brasileiros, os ingleses, os franceses e os americanos. Sobre o preço das casas, em Lisboa, a JLL não detetou qualquer imóvel abaixo dos quatro mil euros por metro quadrado.
O mercado de arrendamento em Lisboa tem um peso de 29% do total do stock habitacional que é de 1,5 milhões de casas. E entre os 348 mil contratos de arrendamento em vigor, 63% foram assinados depois de 2012.
Porto com concentração de casas em dois concelhos
No Porto, em ano e meio foram construídos 3.500 fogos e foram licenciadas 33.300 obras, sendo que na área metropolitana “não tem havido tanta descentralização” da construção de casas que se concentram sobretudo na Invicta e em Gaia, apesar de uma “tendência de crescimento” em Matosinhos e Maia, aponta Joana Fonseca.
O parque habitacional da região é composto por 837 mil casas, das quais 27% (186 mil) estão no mercado de arrendamento.
Segundo os números da JLL, no primeiro semestre do ano foram vendidas 10.400 casas que envolveram dois mil milhões de euros, menos 22% no número de transações e um decréscimo de 16% no volume de negócios.
Entre os estrangeiros que mais investem em habitação no centro do Porto estão os americanos, os sul-africanos, os brasileiros e os ingleses.
Algarve com maior peso de estrangeiros
Por fim, é no Algarve onde os estrangeiros mais compram casa, com o número de transações de estrangeiros a atingirem um peso de 25%, que, por sua vez, “se reflete nos preços”, refere a JLL.
No último ano e meio foram construídas apenas 1.500 casas na região e licenciadas 8.500 obras para habitação, com os concelhos de Lagos, Portimão, Loulé e Vila Real de Santo António a sofrer o maior aumento no número de novas habitações.
Até junho deste ano foram vendidas seis mil casas na região – menos 27% face ao período homólogo – que traduzem 1,8 mil milhões de euros, menos 21% durante o mesmo período no ano passado.
Os investidores que mais procuram o Algarve são os ingleses, os chineses, os holandeses, irlandeses e franceses.
(nota: por lapso a notícia referia que os números de 2022 eram do semestre e são o total de transações e do volume de negócios de todo o ano)
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