Novobanco com lucro recorde de 640 milhões de euros até setembro
Nos primeiros nove meses do ano, a margem financeira quase duplicou para 831,2 milhões de euros, refletindo o aumento das taxas de juro.
O Novobanco registou lucros recorde de 638,5 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de quase 50% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo anunciou esta quinta-feira em comunicado enviado à CMVM.
A explicar este desempenho — que permitiu ao banco que até há pouco tempo era a maior dor de cabeça do sistema nacional registar lucros ao nível dos rivais BCP e Santander — está o aumento da margem financeira: a receita com juros praticamente duplicou para 831,2 milhões de euros entre janeiro e setembro, à boleia do aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) que está a encarecer o custo do crédito para as famílias e empresas.
O próprio Novobanco dá conta de que o aumento da margem financeira — cuja taxa foi de 2,66% — é “o reflexo da melhoria da taxa de juro média dos ativos e de um menor aumento do custo dos recursos financeiros”. Isto é, enquanto acompanhou a subida dos juros do BCE na taxa que cobra pelos empréstimos, está a ser mais lento na taxa que paga aos depositantes.
Já as comissões estabilizaram nos 217,1 milhões de euros neste período. O que, feitas as contas, fez com que o produto bancário tivesse crescido 68,6% para 1.050 milhões de euros.
O Novobanco fala em “evolução positiva da atividade comercial, num ambiente de subida das taxas de juro” e adianta que “este desempenho mais que compensou o efeito da inflação e do investimento na melhoria dos processos do banco, que conduziu a um aumento dos custos operativos de 8,1%”.
Depósitos caem e crédito estagna
A carteira de empréstimos também estagnou, atingindo os 25,7 mil milhões de euros no final de setembro. O crédito às empresas encolheu quase 2% para 14 mil milhões de euros, mas esta quebra foi compensado com o aumento de quase 3% do crédito às famílias para 12 mil milhões de euros, sendo de assinalar a subida expressiva do crédito ao consumo, que disparou mais de 7% para 1,5 mil milhões.
Quanto aos depósitos, o Novobanco sofreu dos “mesmos males” dos outros bancos: perdeu poupanças para os Certificados de Aforro e com o facto de muitas famílias terem recorrido a esse dinheiro para acelerar os reembolsos do empréstimo da casa para contrariar a subida das taxas de juro. No caso do banco da Lone Star, os recursos totais ascendiam a 34,5 mil milhões de euros, uma descida de 0,7% face ao mesmo período do ano passado, com os depósitos a caírem mais de 1% para 28,1 mil milhões.
Sobre os níveis de capitais, o rácio CET1 reforçou-se para 16,5%, bem longe da fasquia de 12% abaixo da qual o Fundo de Resolução tem de injetar dinheiro ao abrigo do mecanismo de capital contingente. Já o rácio de solvabilidade está quase nos 20%.
E numa altura em que se perspetiva a venda do banco por parte dos americanos da Lone Star, os capitais próprios — um indicador frequentemente usado em transações — engordaram para 4,2 mil milhões de euros.
Mais uma centena de trabalhadores
A reestruturação do banco levada a cabo nos últimos anos levou saída de mais de 3000 trabalhadores entre 2015 e 2022. Entretanto, 2023 ficou marcado por uma inversão da evolução do quadro de pessoal, que aumentou pela primeira vez. O Novobanco emprega agora 4.209 trabalhadores, mais 119 do que tinha no final do ano passado.
Enquanto isso, a rede comercial manteve os 292 balcões que tinha em dezembro passado — e que são praticamente metade do que tinha em 2015.
(Notícia atualizada às 7h59)
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