Centeno diz que Portugal não pode falhar qualificação da população
O aumento da escolaridade nas últimas décadas traduziu-se numa oferta de trabalho qualificado “mais dinâmica e dirigida a setores de atividade com melhores remunerações”, disse o governador.
O governador do Banco de Portugal disse esta sexta-feira que o país não pode falhar na transição para uma população qualificada no mercado de trabalho, que considerou a melhor arma para enfrentar oscilações económicas e projetar o crescimento.
Intervindo em Coimbra, na Escola Secundária Avelar Brotero, no final da sessão solene da Semana da Formação Financeira 2023, o ex-ministro das Finanças destacou que o aumento da escolaridade da população em Portugal nas últimas décadas traduziu-se numa oferta de trabalho qualificado “mais dinâmica e dirigida a setores de atividade com melhores remunerações”.
“Em vez de estarmos nos últimos lugares da lista da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) na percentagem de jovens que entram para o mercado de trabalho, com os níveis mais baixos de educação, ultrapassámos a média da área do euro e somos hoje um dos países que está no topo da lista”, sublinhou.
Salientando que “tudo isto” foi conseguido em 15/20 anos, Mário Centeno frisou que “faltam mais 20/25 anos para completarmos toda esta transição e não podemos falhar, porque estas mudanças são as melhores garantias para enfrentar uma oscilação cíclica e projetar um crescimento inclusivo no médio prazo”.
O governador do Banco de Portugal e presidente do Conselho Nacional de Supervisores alertou para o arrefecimento da economia europeia e portuguesa, que no terceiro trimestre registou “uma ligeira diminuição de 0,2%”, relativamente ao trimestre anterior. “O mercado de trabalho tem sido o pilar da recuperação económica pós-pandémica, mas está, no entanto, a dar os primeiros sinais de arrefecimento, a diferentes ritmos, mas muito consistentemente em todos os países europeus”, destacou.
O antigo governante salientou ainda que o abrandamento da procura externa e as condições de financiamento mais restritivas estão a afetar e a condicionar as decisões de consumo e de investimento, com, “obviamente, um impacto no crescimento”.
“Os números de outubro da inflação comprovam a convergência para o objetivo de médio prazo de 2%, o que são boas notícias para a condução da política monetária”, acrescentou o economista, referindo que, ao se atingir o patamar de previsibilidade das taxas de juro, “os consumidores ficam com mais clareza sobre as suas responsabilidades financeiras no futuro próximo”.
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